DIA 92: Como se descobre um vício - Parte 1
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido sentir-me completa quando tenho/sinto
"aquela" coisa e assim acreditar que sem tal sensação/coisa eu sou
incompleta, em vez de realizar que tenho sido eu a criar este condicionalismo
em mim e manter-me entretida nesta polaridade.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido realizar que a ânsia da mente em ter
algo/fazer algo é um indicador de vício e que por isso tem de ser
auto-analisado como tal.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que o vício está baseado no medo de
perder uma coisa/uma sensação/alguém e na ideia que eu sou mais ou menos por
ter ou não ter determinada coisa/sensação/pessoa na minha vida.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que o medo de perda NÃO TEM DE EXISTIR
mesmo que a sociedade à minha volta legitime como sendo normal ser-se escravo
do medo. Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido justificar o meu vício em
relação a algo ou alguém só porque a sociedade à minha volta promove relações
de medo.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que alguns vícios são formas de me
esconder de mim própria e evitar enfrentar qualquer coisa em mim e que por isso
acabo por criar uma realidade alternativa na minha mente, quando na realidade é
impossível fugir de mim.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que os vícios mostram-me pontos que eu
tenho suprimido em mim e que, ao investigar o vício, estou de facto a permitir
conhecer-me e a poder dar a mim própria aquilo de que me tenho visto como
separada de.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que cada vício é uma personalidade que eu
criei em mim (como uma máscara) e que por isso tenho de auto-investigar a
origem do vício e perceber se eu estou a usar o vício para suprimir uma parte
de mim ou se é um ponto de satisfação que eu separei de mim própria.
Assim, eu
comprometo-me a identificar todos os vícios que eu tenho permitido alimentar em
mim própria, com base em ideias de conforto e na dependência criada na mente em
relação a eventos e pessoas; com base na sensação de completa VS incompleta;
com base em julgamentos de inferioridade e superioridade.
Quando e
assim que eu me vejo participar na ansiedade de ver o episódio X de uma série
de TV, eu páro e respiro. Neste momento, eu dou-me a oportunidade de perceber
qual é a sensação/sentimento que aparentemente a série me proporciona e
permito-me então aperceber-me se se trata de uma supressão e/ou de uma
satisfação das quais eu defini como sendo separada de mim.
Quando e
assim que eu me vejo "apanhada" no stress da mente de desejar fazer
algo que eu consido como "mais interessante/positivo", eu páro e
respiro. No caso da série X, eu apercebo-me que a atração é em relação à calma
que eu sinto enquanto vejo a série, como se por momentos tudo fizesse sentido
porque eu sei que vai tudo "acabar bem" na série e que os problemas
que eu vejo no ecrã não são os meus problemas. Assim sendo, eu comprometo-me a
investigar onde e quando no meu dia-a-dia eu sinto-me stressada e na incerteza
que as coisas não vão correr bem/o melhor para mim. Apercebo-me também que nesse momento eu sinto
que é um tempo que eu tenho para mim, como se todos os outros momentos durante
o meu dia fossem vividos para outrem! Eu apercebo-me que o aparente conforto
que eu sinto enquanto vejo a série não é real mas é um entretenimento da mente.
Eu dedico-me a estar estável enquanto vejo a série ou quando faço qualquer
outra coisa em que me divirto/aprendo, não permitindo sentir-me desorientada ou
incompleta sem isso.
Quando e
assim que eu me vejo a projectar a minha estabilidade em algo ou alguém, eu
páro e respiro. Eu apercebo-me que a minha estabilidade é criada por mim incondicionalmente e por isso eu começo por
devolver a minha estabilidade a cada respiração e a parar cada personalidade
que me separa de quem eu sou como vida em plenitude aqui.