DIA 249: Se eu soubesse aquilo que eu sei hoje...
Apercebi-me
desta lenga-lenga na minha mente enquanto eu falava com uma amiga sobre o meu
processo e em como eu me permito ainda sentir frustrada quando descubro um
ponto em mim que eu desejaria saber mais cedo, com base na ideia de que as
coisas poderiam ter sido diferentes/melhores
caso eu estivesse ciente desse ponto em mim. Ao dizer isto, reparei
também como isto não passa de uma ideia e, em honestidade-própria, é uma
justificação para me manter exactamente no mesmo ponto de auto-vitimização,
arrependimento e esperança. Esta é a minha mente e estou a abrir-me para mim, a
cada dia, a cada respiração, a cada momento que eu decido viver este processo
em plena dedicação própria e aplicação.
Se eu
soubesse aquilo que eu sei hoje... o que é que seria realmente diferente? Vendo bem, tenho vários exemplos na minha actual dia-a-dia nos quais eu não aplico aquilo que eu sei: apesar
de saber e ter provas em mim de que escrever para mim própria e escrever o perdão
próprio sobre os pensamentos e emoções é de facto o melhor para mim, não o
tenho feito todos os dias; apesar de saber que é saudável fazer desporto
regularmente nem sempre planeio a minha semana de modo a dedicar tempo a essa
prática; apesar de saber que avanço no meu processo a fazer os cursos do
Desteni tenho tido enorme resistência em fazê-los; apesar de saber que eu estou
ciente de mim a cada respiração ainda há grande parte do meu tempo a ser
"vivida" em piloto automático... Ou seja, esta sabedoria é
irrelevante se não for aplicada. Por isso, é inútil eu sabotar-me a dar azo a
esta conversa da mente de "se eu soubesse antes"... Em vez disso,
quando eu vejo um ponto novo em mim, posso agradecer-me por ter chegado a este
ponto e dar-me esta oportunidade para mudar daqui para a frente com base nessa
realização.
Outra coisa
que vejo é o valor que dou à sabedoria da mente quando, na realidade, esta não
é aplicada e acaba por se transformar em culpa por estar ciente da minha
própria desonestidade! Para que é que eu preciso de me agarrar a esta ideia de
saber qualquer coisa se isso não for transformado em mudança de hábitos por
exemplo? Se eu sei que escrever é-me benéfico para acalmar a mente e dar-me
espaço/tempo para ver as coisas por mim própria, porque é que eu pura e
simplesmente não começo a escrever!
Penso
bastantes vezes que, se tivesse sabido das coisas do Desteni antes da
faculdade, teria utilizado o meu tempo livre de forma diferente e começado a
lidar com a minha mente em momentos de desespero, solidão, incerteza e medo,
típicos da fase da adolescência. Aquilo que eu vejo é que essa fase não tem
necessariamente de ser complicada, mas pouco se partilha, pouco se fala, pouco
se conhece sobre a mente e sobre as maneiras de nós nos conhecermos e
ajudarmo-nos a nós próprios.
Por isso:
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido criar e participar na conversa da mente sobre
desejar saber algo há mais tempo com base na esperança e ideia de que isso
teria mudado alguma coisa.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que é irrelevante imaginar como é que eu
teria feito as coisas de maneira diferente quando por experiência própria eu
vejo que mesmo agora ainda continuo a repetir padrões e a desprezar a minha
própria honestidade própria. Realizo então que independentemente de saber dos
pontos com os quais eu tenho de lidar, trata-se de me tornar na vontade própria
de mudar, de realmente puxar por mim para parar os pensamentos automáticos e de
sair dos hábitos da minha mente.
Eu perdoo-me
por me permitir e aceitar criar uma realidade paralela na minha mente baseada
na ideia de como eu as coisas podiam ter sido diferentes, em vez de ver que ao
alimentar esta imaginação eu estou a permitir continuar distraída de mim
própria e, portanto, a continuar "perdida" na mente, com esperanças do típico "e se"...
Apercebo-me
também que esta conversa da mente surge como uma distração em mim; por isso, em
vez de alimentar a imaginação de como é que teria sido, eu foco-me naquilo que
eu vou fazer e mudar daqui para a frente.
Em momentos
em que me apercebo de um ponto, eu comprometo-me então a ser honesta comigo
própria e a pôr em ação essa realização, sem perder tempo na mente com ideias
de como é que eu podia já ter feito tal mudança antes. O momento de mudar é o
momento em que me permito ver essa nova opção em mim, essa nova perspectiva e
essa solução para mim própria. Para quê adiar fazer e ser aquilo que é o melhor
para mim?
Quando e
assim que eu me vejo a participar na conversa da mente de "quem me dera
saber isto antes" eu páro e respiro. Eu investigo em mim aquilo que eu
desejaria que acontecesse antes e investigo o que é que eu posso realmente
fazer aqui e agora. Por experiência própria, passar muito tempo em planos da
mente é desgastante e é um pneu furado que não me leva a lado nenhum. Em vez
disso, eu posso começar por escrever o padrão que eu enfrento, ver os pontos
negativos e positivos aos quais eu ainda tenho uma ligação de arrependimento e
desejo, e ver o que é que eu posso fazer para lidar com este ponto de modo a
aplicar a realização numa mudança prática e de auto-apoio na minha actual
realidade. Eu finalmente vejo que o meu futuro depende em quem eu me torno a
cada momento e, para que o meu futuro seja vivido em honestidade-própria, eu
terei de ser honesta comigo-própria aqui e agora, sem adiar o meu processo, e
em garantir que crio/sou a minha fundação estável para me expandir como o
potencial de Vida que eu sou/somos.
No próximo
artigo irei escrever sobre a tendência de pensar que seria mais fácil estar numa posição, num tempo ou num lugar diferente daquele onde eu estou.