DIA 16 - Acordar para a Morte
Hoje faleceu
uma pessoa muito chegada a mim. Há algum tempo que não me confrontava com o
ponto da morte e nunca escrevi sobre isso. Aqui vai.
Eu perdoo-me
por só me ter aceite e permitido pensar na vida e no tempo de vida que tenho quando a morte acontece perto de mim.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido existir sob a ameaça da morte - em vez de existir
incondicionalmente ciente que o estado de existir existe por si só. O estado de
existir sob a ameaça da morte chama-se "sobreviver" e é um estado que
limita o corpo e limita o potencial de Vida que existe no corpo humano.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido ignorar deliberadamente a existência da morte
nesta realidade e colori-la com histórias do céu e de estrelinhas, que me
distanciam de procurar respostas para as perguntas que eu nunca (me)
questionei. Eu realizo que a morte mostra-nos o ponto de partida de ilusão e
consequência em que nos temos permitido existir, feitos de altos e baixos, de
vida e morte, SEM NUNCA REALMENTE VIVER.
Eu perdoo-me
por só me aperceber da essência da respiração quando penso no chamado
"último respirar". Apercebo-me que durante a maior parte do tempo não
vivemos, mas somos robots orgânicos que nem máquinas completa-mente separados
do corpo.
Eu
apercebo-me que até agora só conheço a morte, pois todos nós morremos e poucos
têm realmente vivido. Eu apercebo-me que me tenho esquecido da vida ao viver
com medo da morte. Eu perdoo-me por me ter aceite permitido acreditar que a
morte é um castigo externo, sem nunca realizar que cada um está no seu processo
individual de vida e que a morte é a confirmação do poder da mente permitido em
cada um de nós e que assim ditamos a auto-destruição do nosso próprio corpo.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que a morte é decidida por um deus
separado dos humanos, quando na realidade e em senso comum é óbvio que cada um
de nós cria a sua própria realidade e desgasta-se ao longo do tempo ao
participar na mente e com isso auto-destruir o corpo físico.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido sentir-me ansiosa e participar na ansiedade
quando uma notícia sobre a morte de alguém anunciada, como se fosse uma coisa
nova. Eu apercebo-me que esta reacção é de facto uma distração e uma protecção
da mente para se entreter com historias sem nunca me permitir ver o que se
passa nesta Vida/Morte. A morte não é uma coisa nova e eu sei disso - há
milhares de pessoas a morrer por dia e nenhuma delas me emociona, logo isso
demonstra que o apego a uma só pessoa não é real, mas simplesmente um hábito
familiar da mente.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido sentir-me uma vítima da morte da outra pessoa e
querer usar isso para ter a atenção das pessoas à minha volta.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido sentir revoltada com as pessoas que morrem porque
é como se tivessem falhado a "missão" de garantir que este mundo se
torne no melhor mundo possível, quando na verdade as pessoas existem e morrem
em medo, desilusão e esperança. Eu apercebo-me que esta revolta é irrelevante e
que eu sou uma continuação das gerações anteriores - somos todos UM, e é a
minha responsabilidade de me manter estável para garantir que faço o melhor que
posso com o tempo que tenho.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido culpar as gerações anteriores por nos terem
passado as ideias dos pecados e fomentarem o medo de deus - que na realidade é
o medo da minha própria criação e das minhas consequências. Agora apercebo-me
que haverá sempre consequências da minha acção e que depende de mim garantir
que as minhas acções suportam a vida em vez de criar
destruição/separação/morte.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido sentir pena da pessoa ter morrido, tendo como
ponto de partida a subestimação da pessoa como não sendo capaz de perceber o
seu processo. Apercebo-me que esta foi a personalidade e relação que eu criei
com as pessoas e que não é quem as pessoas = Vida realmente são. Realizo que estamos todos igualmente a
participar no processo de Vida na Terra e em toda a existência e que nós somos
todos mais cientes do que aquilo que nos permitimos ser quando estamos
pre-ocupados na mente.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido pre-ocupar com a minha mente em vez de me
permitir estar ciente de mim própria e desta realidade a cada momento.
Eu
comprometo-me a fazer todos os possíveis para estar ciente da minha respiração
a cada momento. Ao estar ciente da minha respiração, eu estou ciente da minha
existência e sou capaz de me direcionar um e igual com a existência, ou seja,
permito-me estar Aqui como a Vida que sou e que tudo é.
Eu
comprometo-me a estar ciente desta realidade a cada momento da minha respiração
e dedico-me a fazer o melhor que posso com o tempo que tenho.
Eu
comprometo-me a estar um e igual com todos os outros seres humanos,
independentemente da idade que nos "separa" , e realizar que cada um
está no seu processo individual de se realizar como vida e que portanto a única
coisa que posso fazer é partilhar o meu processo para quem esteja disposto a
começar a parar a ilusão desta "Vida".
Quando e
assim que eu me vejo participar na emoção baseada no medo da perda do conforto
associado a reuniões de familia, eu páro e respiro. Apercebo-me que de facto
todos estes desejos e medo de perda são baseados em interesse próprio e no medo
de perder a minha noção de segurança. Realizo que o ponto da morte é uma realidade que eu
evitada ver, distraída em crenças e entretenimento.
Quando e
assim que eu me vejo questionar a morte, eu páro e respiro. Apercebo-me que
este desejo por conhecimento é uma distração e desejo de informação para não
ver que a resposta para a morte é a vida física Aqui e que nós todos temos
ignorado. Unidade e Igualdade = todos vida ou todos morte, sendo que não temos escolha do que Ser Vida, porque JÁ AQUI ESTAMOS!
Quando e
assim que eu me vejo estar a participar na mente e nos pensamentos da morte, eu
páro e respiro. Eu comprometo-me também a tocar no corpo ou num objecto desta
realidade para me permitir estar aqui nesta realidade física.
Quando e
assim que eu me vejo ignorar e adiar os pontos que eu tenho de investigar em
mim, eu páro e respiro. Assim, eu dedico-me a ser específica no meu perdão e
nos pontos que eu levanto. Eu dedico o máximo possivel do meu tempo ao processo
de perdão proprio, escrita e auto-correção.
Eu sou
responsável por parar o hábito de medo/sobrevivência que me foi impingido pelas
gerações passadas.
Quando e
assim que eu me vejo "existir" em memórias e na ideia que no passado
as coisas eram melhores, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que este é um jogo
de passar a batata quente sem nunca de facto tomar a iniciativa de criar a
mudança, em mim e à minha volta.
Quando e
assim que eu penso que devia estar triste e emocionada, eu páro e respiro.
Apercebo-me que todos os conceitos e rituais em torno da morte é uma distração
para não se ver que nós todos somos uma continuação de nós próprios e que não
há nada a perder. Realizo também que a maioria das emoções associadas à morte
estão relacionadas ao medo da perda da companhia e do dinheiro associado à
pessoa, o que não são pontos válidos porque são baseados em desonestidade
própria e sobrevivência.
Eu dedico-me
a promover a Vida em igualdade e Unidade (todos somos feitos de vida e estamos
aqui) e a parar de participar na morte que começa na mente e apodrece o corpo.
Eu dedico-me
a parar de alimentar os medos/desejos/esperanças passados pelas gerações
anteriores a mim de maneira a garantir
que mudo na prática neste realidade física, na Vida que é real.
Eu
comprometo-me a estar preparada para a minha morte, sem medos, emoções,
dependências nem a deixar coisas por fazer/dizer que têm de ser feitas/ditas.
Eu
comprometo-me a parar as resistência e a
largar os padrões e conhecimentos da
mente para me aventurar no processo de me tornar Vida, até que eu me realize
como Vida.