DIA 75: O padrão da desistência - Parte 1
Acreditar
que se quer voltar ao passado é uma forma de desistência - é uma armadilha,
porque a própria imagem/memória do passado foi manipulada na mente e apenas nós
próprios temos acreditado naquilo que criámos para nós próprios. O passado é
aquilo que conhecemos e, ao mesmo, acreditamos ter medo daquilo que não
conhecemos. A partir de certa idade, a vida é uma repetição de memórias, ideias
e personalidades - porque desistimos de nós próprios.
Se reparares, este padrão é feito de imagens
de memórias de conforto, de situações de alegria, de momentos em que aparente
se era melhor pessoa ou que tudo era mais fácil... Quando estas imagens do
passado surgem é sinal que ainda desejamos voltar ao passado e permitimo-nos
vestir a personagem de desistência, como uma fuga de nós próprios e
justificamos porque é que não querermos continuar a andar/mudar.
Alguns exemplos das conversas
da mente são:
"Não
consigo"
"É
demasiado para mim; é demasiado difícil para mim"
"Não
consigo fazer isto sozinha"
"Alguém
que faça por mim"
"Não
vale a pena, das outras vezes também não deu"
"E se
eu falhar?"
"Eu não
quero fazer isto; eu não quero mudar"
"Tenho
vergonha se falhar"
"O que
é que as pessoas vão dizer de mim?"
"Não
sou capaz"
"Não
tenho paciência para isto"
"Não
sei como fazer"
"Se os
outros não fazem, porque é que eu tenho de fazer isto?"
"O que
é que vai mudar se eu fizer isto?"
"Eu não
sou assim tão importante, não tenho de fazer isto"
"Não estou suficientemente preparada para fazer isto"
"Sou
demasiado nova para fazer isto"
"Sou
demasiado velha para fazer isto"
"Porque
é que esperam que eu consiga"
"Se eu
fosse famosa era mais fácil"
"Sou
apenas uma rapariga normal, porquê eu?"
"Eu não
consigo fazer isto tão bem como ele/ela"
"Porquê
fazer isto se nada vai mudar?"
"Tenho
já tanta coisa para fazer!"
...
A pergunta a
fazer em honestidade própria é: porque é que nos deixamos limitar por frases
pre-concebidas na nossa mente sem primeiro sequer tentar?
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar nas "vozes" da minha mente
que me dizem que algo é mais complicado do que aquilo que realmente é. Eu
apercebo-me que a mente exagera a grandeza das coisas ou fá-las parecer um
bicho-de-sete-cabeças.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido definir-me pelas opiniões/experiências das
pessoas que tentaram fazer coisas antes de mim, em vez de realizar que esta é
uma justificação para manter o status quo
da limitada existência humana e acreditar que "não vale a pena" -
apercebo-me que até agora temos sido apenas cópias uns dos outros, a
auto-limitar e a sabotar a nossa acção exactamente com justificações, crenças e
medos.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que as opiniões/experiências dos outros
são somente a projecção das personalidades aceites pelos outros e não
necessariamente aquilo que tem/vai acontecer.
Eu
comprometo-me a parar os pensamentos desencorajadores da mente e dedico-me a
testar por mim própria aquilo que eu sou ou não capaz de fazer.
Eu
comprometo-me a puxar por mim nas situações em que sinto resistência a fazer
aquilo que me proponho fazer. Quando e assim que eu me vejo a adiar uma coisa
para mais tarde, eu páro, respiro e vejo em honestidade própria se o adiamento
faz sentido ou se é simplesmente uma maneira de evitar tomar direção no
momento. Nesse caso, eu páro as justificações e dedico-me inteiramente à minha
acção, sem abrir portas para outra situação que a dar o melhor de mim naquilo
que eu faço.
Quando e
assim que eu me vejo a comparar-me com os outros que não tomaram a decisão de
mudar, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que somos igualmente, embora
individualmente, responsáveis por mudar as limitações que, enquanto Humanidade,
temos aceite. Eu apercebo-me que Ser-se humano não é sinónimo de desistência,
imperfeição ou limitação - por isso eu não me permito acomodar a justificações
do passado enraizadas na mente humana. Eu dedico-me a parar as limitações
aceites na mente e a tornar-me o meu próprio exemplo de auto-responsabilidade e
aperfeiçoamento do Ser-humano.
Este processo é exactamente sobre abraçar quem nós somos enquanto Vida.
O perdão-próprio é a reconciliação com aquilo que nos temos limitado a ser e a fazer, para finalmente sermos capazes de mudar.