DIA 231: Quando as gerações se copiam: os pecados de pais para filhos
Investiga
este ponto em ti: quando te zangas com alguém ou reages com alguma coisa,
pergunta-te onde é que já viste o mesmo tipo de comportamento noutra pessoa.
Irás provavelmente até descobrir que tu já passaste por uma experiência
semelhante embora nessa altura fosses tu a vítima da reação de outrem.
Hoje dei
atenção a esta mímica do comportamento, especialmente quando copiamos os pais e
as pessoas que nos são próximas, enquanto eu reagia com o Joao. Nesse momento,
apercebi-me que tinha como justificação esta ideia de que "tinha" de
reagir com ela, como se aquilo que ele estivesse a fazer tivesse de ser chamado
a atenção. Não foi preciso muito tempo nem muita escrita para ver que eu estava
a copiar o comportamento que a minha mãe tinha tido comigo no passado e que
agora estava a ser eu a vestir "esse papel".
Escrevi
sobre a minha reação e foi curioso chegar à conclusão que eu estava a fazer uma
tempestade num copo de água, que estava a criar problemas onde eles não
existiam e, ainda mais fascinante, estava a reagir contra uma coisa que eu
própria faço. Ao escrever o perdão próprio sobre os pensamentos na minha mente
que acumularam até à exaustão (reação), apercebi-me então de outra coisa: muito
provavelmente, a reação da minha mãe na altura tinha sido copiada de uma reação
da minha avó, que por sua vez tinha copiado o comportamento de alguém, etc. e
este padrão tinha passado ao longo dos anos de mente em mente.
Como este
Processo nos permite realizar, estas reações não são quem nós realmente
somos e tratam-se de padrões da mente
sobre os quais não tomámos responsabilidade por perceber a origem e
auto-corrigir. A consequência é óbvia: acabamos por fazer ao outro aquilo que
inicialmente não gostámos que tivesse sido feito a nós próprios.
Solução
Por muito
óbvio e simples que pareça, nunca é demais recordar a máxima de compaixão:
"Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti". Isto
significa que apesar de ter passado por uma situação em que tinha sido alvo da
reação de alguém, eu não tinha necessariamente de reagir com o outro quando a
situação semelhante surgiu. Aliás, está
nas minhas mãos "fazer história" na minha própria vida ao não seguir
o programa automático da mente e não passar o testemunho da reação. Como? O meu
primeiro passo foi escrever sobre a minha experiência para ver em honestidade
própria a reação que eu tinha projectado na minha realidade e na realidade do
outro; depois escrevi sobre a memória que eu tinha sobre este tipo de reação;
escrevi o perdão-próprio por me ter aceite e permitido projectar o meu passado
no presente e por me ter aceite e permitido reagir com o outro sem ver que toda
aquela instabilidade existia apenas na minha mente de julgamentos, de
"certos" e "errados", de regras adoptadas que provam não
ser o melhor para todos; e finalmente escrevi o meu compromisso de correção
para me estabilizar e me ajudar a acalmar a mente no momento, parar de
justificar as reações e a parar o padrão de passar os pecados dos pais para os
filhos.
Em momentos
de reação, a mente humana parece ser mais forte do que qualquer princípio e vai
requerer uma forte dedicação de cada um de nós para aprendermos a lidar com as
nossas próprias mentes, lidar com os julgamentos, lidar com as influências,
auto-corrigirmo-nos e finalmente mudarmos o nosso destino (que é o destino da
humanidade). Realmente não temos escolha, se queremos que a nossa História
deixe de ser a repetição de padrões e passemos à fase da verdadeira existência
como UmaUnidade.