DIA 228: A paranóia da perfeição
Quantos de nós não imaginam e desejam aquilo que seria a vida perfeita,
o marido perfeito, a mulher perfeita, os filhos perfeitos, a casa perfeita, o
carro perfeito, a viagem perfeita, a carreira perfeita, etc.?
Quantas vezes damos por nós a passar mais tempo nesta nossa mente de
imagens perfeitas do que em perceber o que é que está a faltar em nós e na
nossa vida para atingirmos o nosso potencial de Vida? Ou será que ninguém pensa
sobre isto porque não nos é vendido pelos anúncios de televisão (de facto,
nunca se viu um anúncio a promover a auto-reflexão, a auto-correção ou o
auto-conhecimento para que cada um saiba resolver os seus próprios problemas -
porque isto provava que o consumismo não cura os problemas). No entanto, a
industria publicitária faz questão de nos vender imagens de perfeição que são
alcançáveis num click ou na sua próxima
compra de supermercado!
Pensando bem, é incrível que a mente humana ainda tente justificar as
imagens de perfeição como sendo reais, mesmo depois de se saber que os cenários
das casas são feitos de cartão, ou que a pele foi retocada no photoshop, ou que aquele casal da telenovela
não são um casal na vida real, ou que os diálogos foram escritos por uma equipa
e não pelo actor que aparentemente tudo sabe e tem uma confiança invejável!
Não é por acaso que se associa o Euromilhões ou a lotaria a toda esta
perfeição - porque de facto, a perfeição vendida pela publicidade, televisão e
filmes tem um preço. E daqui eu vejo três saídas:
- Passa-se a vida na paranóia de se desejar uma outra vida que está dependente da "sorte" de se acertar nos números e estrelas do euromilhoes. Ora, considerando que a probabilidade de ganhar o euromilhões é 1 em 116,531,800, talvez este seja o número de vezes que andamos a desperdiçar a nossa vida por não tomarmos decisões mais produtivas. Aliás, alguns matemáticos dizem que a probabilidade de ser atingido por um relâmpago é de “apenas” 1 em cada 700,000 – isto significa que é quase 170 vezes mais provável morrer-se antes de se ganhar o euromilhões!*
- Passa-se a vida na paranóia de se julgar e comparar a nossa própria vida por não ser igual à dos filmes e das revistas mas acabamos por nos render à ideia que depois da morte haverá o paraíso e que será nessa altura que todos os nossos desejos são oferecidos em troca dos sacrifícios na Terra, sendo que a nossa experiência na Terra traduz-se na polaridade mental de Céu/Terra, perfeição/imperfeição, prazer/sacrifício, sem se considerar que talvez sem estes pensamentos nós seriamos capazes de criar o paraíso na Terra...
- Toma-se a decisão de parar de alimentar as imagens da mente com base na realização que as imagens são desfazadas da realidade e não são o melhor para nós pela polaridade e instabilidade que promovem. Este é então o manifesto de que a perfeição da publicidade e dos filmes é uma amostra daquilo que poderia ser o melhor para todos mas que, ao promover o elistismo e a riqueza de uns à custa da pobreza de outros, não se aplica à realidade da igualdade e unidade que existe na Terra. A solução passa então por uma mudança por dentro (nas nossas mentes, naquilo que aceitamos e permitimos como sendo os nossos princípios de vida) e por fora, ao trabalharmos em conjunto por uma sociedade em que os humanos não sejam limitados pela falta de dinheiro, a começar por uma solução prática que garanta um ordenado básico garantido e incondicional para uma vida sã e equilibrada.
Obviamente que no sistema económico actual, com a ajuda do dinheiro
estamos todos mais perto daquilo que seria uma perfeição real para todos. Mas
considerando que o sistema económico é também uma manifestação da paranóia das
mentes dos seres humanos, vamos começar por resolver a nossa mente. A escrita é
uma ferramenta essencial para se sair da mente, o perdão-próprio é a ferramenta
para se ultrapassar os padrões mentais e a auto-correção é a aplicação de
soluções e compromissos nesta realidade física.
Eu perdoo-me por me ter aceite permitido acreditar que as imagens de um
casamento perfeito, de um marido perfeito, de uma casa perfeita, de uma família
perfeita, do grupo de amigos perfeito, etc. são reais.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que até agora tenho
estado a basear as minhas decisões do presente nas imagens de um futuro que só
existe na minha mente e que portanto não é real.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido alimentar a paranóia pela
perfeição das imagens que eu vejo à minha volta nos anúncios, nas revistas ou
nos filmes, e ajudo-me a parar quaisquer pensamentos de comparação ou inveja
que surgem na minha mente. Eu tomo essa oportunidade para investigar os desejos
que eu ainda continuo a alimentar dentro de mim
e começo a perdoar um a um, com determinação de modo a libertar estas
ideias que prendem a minha expressão aqui, no presente.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar e limitar-me pela
ideia de uma carreira ideal que só existe na minha mente e que eu acabo por
usar para julgar o meu emprego, que afinal é mais produtivo do que os
pensamentos da mente. Eu apercebo-me que a imagem de carreira perfeita é uma
forma de evitar ver o sistema como ele é, em que estamos dependentes de um
ordenado em troca da nossa actividade profissional, num sistema que promove a sobrevivência e o medo da perda e
que é tudo menos um sistema em prol do desenvolvimento humano para todos.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido realizar que ao desejar
a perfeição eu estou de facto a participar na outra polaridade que é o medo que
o pior aconteça e, assim, crio a minha própria instabilidade ao andar na corda
bamba das imagens de desejo e de medo da mente.
Quando e assim que eu me vejo a comparar a minha realidade com a imagem
de perfeição da minha mente, eu páro e respiro. Em vez de acreditar nestas
imagens como sendo "o meu futuro", eu investigo o que é que estas
imagens me mostram, o que é que eu não estou a dar a mim própria actualmente,
quais são as polaridades que eu estou a aceitar em mim, quais são os medos que
eu estou a criar para mim própria, ver como é que eu estou a criar pressão em
mim própria sobre uma perfeição que não passa de uma imagem associada à
felicidade material.
Eu comprometo-me a olhar para as imagens e pensamentos da minha mente
em senso comum, identificar os padrões de inveja, de medo, de insatisfação, de
desigualdade, de superioridade, de inferioridade e não me permito levar estas
imagens e pensamentos a peito nem como um falhanço pessoal . Como já vimos
anteriormente, estas imagens têm sido manipuladas para haver uma constante
insatisfação saciada pelo consumismo e pela energia de uma solução rápida que
não é real. Foco-me então em recriar soluções em que a perfeição é aquilo que é
o melhor para mim, neste preciso momento, passo a passo, da mesma maneira que
me permito ver soluções práticas para se aplicar para o melhor de todos, tal
como o Rendimento Básico Garantido.
Quando e assim que eu me vejo a participar na paranóia de pensar que
nada na minha realidade bate certo por ser diferente da imagem de perfeição que
me "foi vendida" pelos anúncios de televisão e filmes, eu páro e
respiro. Eu começo por realizar que cada respiração é aquilo que me permite
estar aqui e que não são as imagens da mente que ditam ou limitam a minha
existência. Eu realizo que as frases dos filmes são perfeitas devido a todo o
trabalho de produção que sustenta os diálogos e que portanto não faz sentido
projectar tal "perfeição" na minha vida. Apercebo-me que estar aqui,
ciente de mim própria a caminhar o processo de auto-correção é um processo de
auto-aperfeiçoamento que envolve dedicação, escrita, disciplina, auto-ajuda,
paciência, insistência e honestidade-própria.
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