DIA 111: O Medo da mudança
Sem nos
apercebermos, ao resistirmos à mudança, estamos a criar e a alimentar o nosso
próprio beco sem saída, porque nos limitamos áquilo que já conhecemos.
Metaforicamente, usamos sempre os mesmos ingredientes da mesma maneira e por
isso a sopa é sempre a mesma. No entanto, em senso comum todos entendemos que
com os mesmos ingredientes é possível fazer pratos melhores, mais saborosos e
combinações mais nutritivas.
Há uma
espécie de ideia que "vamos sempre acabar por fazer o mesmo", porque
estamos sempre a seguir a nossa mente, os mesmos padrões de pensamento, os
mesmos medos e portanto as experiências repetem-se.
Como a entrevista Fear of Change explica, a nossa mente é composta por caixas que se enchem com
conversas e experiências que temos. Não sabemos o que vamos encontrar fora
dessas caixas; o que existe fora dos nossos pensamentos, porque estão
aparentemente fora do nosso alcance. Não vos acontece ver uma pessoa com uma
certa expressão e pensar: "Isto comigo era impossível, eu não sou nada
assim" e, desta forma colocamos etiquetas na nossa própria definição que é deliberadamente aceite como uma auto-limitação.
As nossas
mentes não conseguem ver para além dos nossos próprios pensamentos. Logo, o
medo da mudança surge no medo de andar fora das nossas caixas/ das nossas
experiências / do nosso passado. A partir de certa altura, as nossas vidas
serão repetições de padrões porque andamos sempre em direção ao beco sem saída, quando podemos de facto desbloquear a saída por nós próprios.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido reagir quando há uma mudança de planos. Eu
apercebo-me que esta reação é um mecanismo de defesa da mente face ao desafio
de recriar o meu presente diferente do passado. Eu dedico-me a confiar em mim a
cada momento para garantir que o meu presente é vivido como uma oportunidade de
auto-correção e auto-aperfeiçoamento a cada novo momento.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido saltar para comparações quando vejo alguém a agir
ou a falar de modo diferente e com isto começar a julgar-me como inferior ou
superior em relação à outra pessoa. Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido
projectar nos outros a minha resistência à mudança e acreditar que sou
diferente e que, apesar deles conseguirem mudar eu não consigo. Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido focar-me nos outros e direcionar-me para os
pensamentos de "será que eles gostam de mim?" O que é que eles pensam
de mim" sem ver que estou simplesmente a manter-me na zona aparentemente
de conforto porque, ao julgar-me, mantenho-me presa à ideia que tenho de mim
própria e que manter-me presa nos julgamentos próprios é uma
resistência à mudança (puro entretenimento)!
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido aprender com os outros e aproveitar para mim
certas características que vejo nos outros e que eu posso aplicar em mim para
praticar a minha auto-confiança.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido definir-me de acordo com os outros e com a
relação que criei com os outros.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver e realizar que, ao fazer o meu
"papel", eu não estou a mudar e, consequentemente, a outra pessoa não
muda, porque ambos nos habituámos a existir nesta relação e a interpretar os
"nossos" papéis.
Apercebo-me
que ambos teremos muito mais a ganhar se ambos nos ajudarmos a sairmos dos
nossos papéis/personalidades, para de facto expandirmos o nosso ser e a nossa
expressão connosco próprios e com os outros.
Eu
comprometo-me a conhecer-me e a estar ciente das diferentes personalidades para
me ajudar a sair "das caixas". Quando e assim que eu me vejo a ter
resistência para dizer algo ou fazer algo que eu julgo não ter " a ver
comigo" eu páro o julgamento e respiro. Em honestidade própria eu
investigo a origem da resistência - eu apercebo-me que a resistência é baseada no
medo da resposta dos outros, o que é um ponto de partida desonesto porque eu estou de facto a separar-me de mim, dos outros e a alimentar os
"papéis" que acreditei ser eu e que acreditei serem os outros. Ou
seja, ao parar de participar nos papéis, eu estou de facto a sair das caixas e
assim libertar-me dos rótulos que apenas bloqueiam a minha visão!
Quando e
assim que eu me vejo a participar na energia de conforto que por vezes sinto
quando estou a falar com alguém ou quando estou num lugar que me é familiar, eu
páro e respiro. Apercebo-me que esta energia é a mente em modo automático e que
este conforto é o conforto da caixa. Nesse momento, eu tomo a oportunidade para
expandir a minha presença e expandir quem eu tenho sido até agora naquela
experiência/naquele lugar/naquela conversa.
Ao mudar as
minhas aceitações e permissões, eu estou a mudar aquilo que aceite e aquilo que
permito em mim e nos outros; ou seja, a minha ação muda e alinha-se com os
princípios de senso comum e de ser/fazer aquilo que é o melhor para mim e para
os outros.
Apercebo-me
que o medo de mudar é uma limitação própria e uma limitação dos outros. Porque
se eu nao mudo, a outra pessoa não muda, porque se habituoou a existir em
relação a mim e eu habituei-me a existir em relação a ela. Ao parar as
definições eu estou aberta à mudança. Ao mudar, eu páro de me limitar.
Quando e
assim que eu me vejo numa nova situação que exige que eu esteja preparada para
a mudança, eu páro e respiro. Eu páro de ver a mudança separada de mim e tomo
esta oportunidade para me conhecer fora dos padrões a que eu estava habituada.
Eu abraço a mudança como sendo eu, porque sou Eu - eu estou a ser ou a fazer
algo novo; eu estou a parar a reação; e desta vez eu estou ciente da minha
respiração. Eu direciono-me em completa estabilidade e confiança própria, um e
igual à mudança, em vez de ser a mudança exterior a determinar quem eu sou.
Eu
comprometo-me a usar a mudança para o melhor do meu Ser para expandir quem eu
Sou, o ambiente à minha volta, as minhas relações, o meu emprego, a sociedade,
a humanidade.
Perdão-próprio baseado na entrevista da loja EQAFE "Fear of Change" http://eqafe.com/i/jferreira-life-review-fear-of-change