DIA 109: Levar a peito sufoca-me
É
exactamente isso que acontece: acumular no peito aquilo que os outros me dizem
como se as palavras tivessem cola. Não todas as palavras, mas só aquelas que
ecoam com a minha experiência através da qual eu me permiti definir. Ou seja,
tomar algo pessoalmente ou o chamado "levar a peito" é feito
deliberada-mente por mim, como uma forma de suprimir os padrões por trás das
memórias/experiências, culpando os outros daquilo que me fizeram sentir, sem
eles saberem disso! Porque a única coisa comum entre todas estas experiências
foi a minha mente. Por isso o padrão se repete - porque eu permiti criar esta
realidade para mim própria e participei nesta personalidade de "levar a
peito", afastando-me cada vez mais de mim própria e passando a viver o
entretenimento da mente, separada de mim e dos outros. Ufff quanto da Vida nós
perdemos assim...
Eu
perdoo-me por me ter aceite e permitido tomar como pessoais as reações que as outras pessoas têm na minha presença ou que projectam em mim, em vez de realizar que tal como ao
contrário, qualquer reação que eu tenha tem sempre a ver do meu ponto de
partida/da minha instabilidade.
Eu
perdoo-me por me ter aceite e permitido participar na personalidade de levar o
que me dizem pessoalmente e, desta maneira, não tomar responsabilidade por mim naquele momento porque acredito ser
inferior. Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido definir-me como inferior
em relação a alguém reage, sempre a participar no papel de "irmã mais
nova" submissa e assim ignorar a minha capacidade de lidar com a reação dos outros em completa estabilidade e
auto-ajuda.
Eu perdoo-me por não
me ter aceite e permitido forcar-me na minha respiração e na minha presença
enquanto alguém reage comigo, e assim viver a minha estabilidade
incondicionalmente, a mudar de atitude no momento.
Eu perdoo-me por me
ter aceite e permitido justificar a razão do outro com base na tonalidade da
voz, em vez de ver que eu estou a justificar a desigualdade que eu permiti
existir ao não estar um e igual com o outro que reage. Ao ver a desigualdade
que eu própria estou a permitir existir, eu páro e respiro.
Eu recrio a minha
estabilidade a cada respiração. Eu comprometo-me a viver em igualdade em
relação ao outro, quem quer que seja, sou eu. Eu apercebo-me que a separação da
mente e as justificações da mente não suportam a Vida em unidade e igualdade
que é quem e como nós existimos - em coexistência. A minha presença é igual à
presença do outro. Qualquer pensamento que justifique a mínima desigualdade à
nossa presença aqui é desonesto com a Vida que somos.
Eu
perdoo-me por me ter aceite e permitido desejar ser a vítima somente para
acabar a discussão, sem ver que nesta discussão eu tenho a oportunidade de ver
os meus padrões de desonestidade própria e auto-corrigir-me. Ou seja, não tem a
ver com o outro, pois naquele momento estamos ambos vestidos de personalidades
tal e qual um jogo de xadrês. Não há qualquer sinal de vida durante uma reação.
Logo, quando e assim que eu me vejo a participar e apoiar a reação do outro por
também reagir, eu páro e respiro. Eu comprometo-me a parar a contra-reação
quando vejo que o outro está a reagir e assim tomo responsabilidade por mim,
pela minha participação, pela minha auto-ajuda e ao mesmo tempo ajudar o outro
a ver que não temos necessariamente de reagir. Apercebo-me que qualquer reação que nós tenhamos em relação a algo que é dito ou feito pelos outros tem
a ver connosco próprios e com algum ponto ou resistência que foi foi aberto e que cada um de nós tem a oportunidade de resolver em si mesmo.
Ou
seja, quando e assim que eu vejo que estou a acumular uma energia que eu sei
que é uma reação àquilo que me dizem
ou como me dizem, eu páro e
respiro. Só quando esta energia em
mim se desvanecer eu serei capaz de ver a situação em senso comum e dar direção a mim própria e parar
de levar como uma ofensa aquilo que me dizem.
Quando
e assim que eu me vejo a participar na emoção do medo quando recordo frases que eu tomei como pessoais, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que me habituei
de tal maneira a "viver" as memórias que a minha mente salta para o passado automaticamente. Logo
tenho de ser eu, de vontade e própria
a dar direção e decidir quem eu
sou a cada momento e, quando vejo que o passado "rompe", eu abrando a
mente e procuro ver o padrão, sem fugir de mim - como se parásse para ver o
ponto que tenho andado a evitar olhar, para realmente me conhecer, perceber o abuso
próprio e, em honestidade própria, finalmente tomar responsabilidade por
libertar o padrão/peso que eu adoptei como sendo eu.