DIA 105: A mania que somos uns sacrificados e vítimas
Estas são
duas permissões e aceitações provenientes das "lições" da História
que até agora tem sido educada com base em medo: o medo de se mudar para pior
visto que "antes é que era bom". Mas será que houve alguma época
realmente boa, ou estaremos a falar da ideia de "bom para alguns" tal
e qual o cenário social actual?
Como é que a
auto-definição de ser-se um sacrificado e vítima limita a nossa expressão
pessoal e consequentemente participação na sociedade?
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver e perceber que a crença de se ser uma
sacrificada ou vítima (normalmente de algo ou de alguém) é uma limitação com
base na ideia como eu tenho de agir, sem ver e perceber que é a mim que me
estou a limitar nas minhas decisões. Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido
acreditar ser "normal" sentir-me como uma sacrificada, sem com isso
ver que é a mim, enquanto expressão de vida, que estou a sacrificar. O
sacrifício pelos outros não existe - tem sempre a ver com aquilo que eu permito
para mim própria.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que sou responsável pelas ideias que eu criei sobre mim própria e que sou igualmente responsável por PARAR de culpar os outros/a sociedade ou de desejar que os outros/a sociedade mudem para eu mudar. Eu realizo que as minhas permissões e aceitações da mente não são dependentes dos outros/da sociedade.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido justificar a lei-do-menor-esforço e a falta de
responsabilidade própria com o sacrifício e vitimização, quando em honestidade
própria me apercebo que o sacrifício deixaria de existir se eu der o meu melhor
naquilo que eu faço e tomar responsabilidade própria por me criar a cada
momento em honestidade própria - Eu
apercebo-me que a ideia de sacrifício surge como algo contra a minha vontade,
sem primeiro investigar porque é que eu tomo certas ações e por quem as faço.
Em relação à vitimização, eu apercebo-me que é uma projecção da
responsabilidade que não tomei por mim e portanto projecto nos outros, em vez
de realizar que sou a única responsável pelas minhas permissões e aceitações
das ideias que criei de mim e dos outros.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar na lavagem cerebral tanto religiosa
como política, como dos meus antepassado sobre os sacrifícios de se um
ser-humano, quando na realidade, o ser-humano tem o potencial de viver BEM e
estável se houver um sistema económico e político que o proporcione e se eu me
permitir desenvolver para o melhor de mim, parando as ideias que me limitam e
que têm limitado os meus antepassados/humanidade até então.
Quando e
assim que eu me vejo a participar na personalidade de vítima e de queixas, eu
páro e respiro. Eu apercebo-me que esta personalidade é um indicador de
impotência que eu permiti e aceitei creditar ser real, quando na verdade a
impotência de mudar surge do hábito de se pensar que não se pode mudar porque
há um sacrifício a defender.
Quando e
assim que eu me vejo pensar que se os outros/a sociedade mudem eu também vou
mudar, eu páro e respiro. Eu realizo que esta é uma justificação que adia a
minha decisão de mudar as aceitações e permissões sobre aquilo que eu tenho
sido até agora. Eu comprometo-me a parar a personalidade do "deixa
andar" como se por milagre eu e as coisas à minha volta mudassem. Eu sou
responsável a cada momento pela minha participação no mundo, e eu tenho vindo a
aperceber que existir como sacrifício e vítima é uma forma fácil de não
questionar esta realidade, este sistema económico e as relações entre as
pessoas. Assim, eu comprometo-me a questionar as situações em que eu acredito
estar a sacrificar-me ou a ser uma vítima, para tomar conhecimento do que se
passa à minha volta e em senso comum realizar que se não me definir como uma
sacrificada ou vítima poderei dar direção à situação, ciente que cada um de nós
é igualmente responsável por mudar as coisas para melhor.
Eu
comprometo-me a estar ciente das minhas permissões e aceitações e a rever as
minhas permissões e aceitações, questionando-me se estas são de facto o melhor
para mim e para os outros.
Ilustração de Andrew Gable
Ilustração de Andrew Gable