DIA 110: Como é que Deus sabe mais do que eu sobre A MINHA PRÓPRIA VIDA?!
Em
honestidade própria apercebo-me que reagi enquanto escrevia o título deste
blog. A reação vem de uma espécie de revolta em mim mesma por me ter permitido
limitar durante tantos anos (desde sempre?) com base em toda a fantasia, apatia
e cegueira próprias de quem olhou demasiado para o céu à procura de respostas e
o que viu foi uma luz fortíssima que é nada mais nada menos do que o Sol, uma
estrela que não deve ser observada fixamente a olho nu. Isto para dizer que a
apatia social que se verifica em mim e nos outros não apareceu ontem e não vai
sair de um dia para o outro - esta forma de controlo foi tão bem planeada que a
humanidade já anda nisto há centenas de anos. Revoluções, peregrinações,
renascimentos e perseguições - havendo sempre algo superior a nós que nos
observa como se um jogo de pinipons se tratásse, enquanto abraça uns e se
esquece dos outros. A própria história de Jesus, aquele-amigo-que-nos-ama andou
pelas bocas do mundo até ser manipulada
de tal maneira surreal que nos faz acreditar que Jesus, esse tal amigo
que de facto vivia pela igualdade, seja superior a todos os outros e, de um dia
para o outro, passámos a ser seus servos! Haja paciência para tanta doença
mental.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar na existência de uma lei INVISÍVEL a
que se deu o nome de Deus, sem ver e perceber que em nome desta, eu e o resto
da humanidade nos temos esquecido de nós próprios e da nossa responsabilidade
em recriar a nossa existência aqui, no mundo físico, e fazer com que este mundo
seja um lugar de verdadeira co-existência.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar nas conclusões transmitidas pelos
adultos sobre a vida de Jesus e sobre a nossa relação de servidão e escravidão,
sem ver que toda a sua história foi manipulada em nome do controlo, pois
contradiz as palavras de Igualdade e de "amar o próximo como a sim
mesmo".
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ter a coragem de questionar o poder
inquestionável de Deus, da Igreja, do Governo e do dinheiro no mundo. Vejo
então que todo este controlo e, por outro lado, a passividade são as duas faces
da mente, em que uma existe porque a outra existe. Logo, cabe a mim e a cada um
de nós deixar de ser escravo de tais forças invísiveis (controlo e medo) e
tomar responsabilidade por si e por recriar relações em igualdade. Eu
apercebo-me que a aceitação destas relações inconscientes tem servido de
justificação para as minhas desonestidades próprias de "deixar andar"
e "ter esperança", sem ver que é da minha responsabilidade parar de
existir na mente e em todas as relações de polaridade inferior/superior.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver e perceber que o medo de mudar e o medo
de expor os problemas é baseado no medo de ser punida pela mente dos outros
(Deus; moralidade; julgamentos), o que na realidade é uma forma de projectar a
culpa nos outros/Deus e manter as coisas como elas estão. Eu apercebo-me que
este medo de mudar só existe porque eu o tenho permitido e alimentado em mim e
porque tenho permitido a personalidade de "deixar as coisas como elas
estão porque há coisas piores", em vez de tomar a Responsabilidade de
viver a mudança PARA O MELHOR DE TUDO E TODOS, a começar por mim e pela minha
participação daqui para a frente.
Quando e
assim que eu me vejo a culpar o passado e, com isso a religião, por todos os
problemas que existem no mundo, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que direta ou
indiretamente , os problemas do mundo são responsabilidade de cada um de nós
que partilha a experiência na Terra. É a minha responsabilidade parar cada
padrão/personalidade/julgamento/desonestidade própria/desigualdade que há em
mim para me recriar como o meu exemplo, tal como Jesus que vivia as suas
palavras.
Quando e
assim que eu me vejo a acreditar na sensação de arrependimento por ter
acreditado em Deus e numa força superior a mim, eu páro e respiro. Apercebo-me
que, tal como a relação com Deus, também esta relação de arrependimento é
baseada na mente que me dá a ilusão de impotência, quando na realidade eu estou
aqui e posso recomeçar a confiar em mim própria e a garantir que eu me torno na
solução para mim própria.
Apercebo-me que a crença em Deus funciona como um alçapão onde se
acumularam todos os padrões, medos, confusões, questões que eu deliberadamente
quis ignorar em mim própria, com esperança que alguém os resolvesse por mim.
Neste processo, eu devolvo-me a confiança de abrir o alçapão sozinha, sem medo,
sem julgamentos e simplesmente investigar cada ponto em mim, perceber a origem
dos pensamento e realizar que sou capaz de limpar o alçapão/a mente para
finalmente estar disponível para ser/ver a Vida que está aqui.
Eu
comprometo-me a parar de acreditar num ser superior aos seres nem em um
super-jesus para me dedicar a ver soluções práticas para aquilo que está
fisicamente manifestado no mundo - ou seja, a viver as palavras de Jesus de
"amar o próximo como a mim mesmo", ciente que primeiro tenho de
recriar a relação que tenho comigo própria e, para isso, cuidar de mim e
perdoar cada ressentimento, arrependimento, culpa, imagens, ideias e
personalidades. Eu comprometo-me a parar de querer parecer as personalidades,
para finalmente Ser honesta comigo própria, um e igual com o meu corpo, a
expressar-me como Vida.
Quando e
assim que eu me vejo a justificar a desigualdade, a pobreza ou a injustiça com
base na ideia de pecado de uns e bonança dos outros, eu páro e respiro. Eu páro
de justificar a cegueira do interesse-próprio e, tendo em conta que existimos todos ao mesmo tempo
na Terra, esta igualdade é um facto e por isso todos têm de ser considerados.
Quando e
assim que eu me vejo a participar na ideia que há um ser a observar os seres na
Terra, eu páro e respiro. Vejo agora que esta é um projeção da distância que eu
permiti ter em relação a mim própria, como se estivesse longe de mim própria,
quando na realidade eu sou a única que me posso mudar e dar direção de dentro
para fora. Ao respirar eu apercebo-me estou em mim, no meu corpo físico, em
honestidade própria e é da minha responsabilidade garantir que aplico a minha
auto-correção, para assim recriar o meu exemplo de Vida, onde quer que eu vá e
com quem quer que eu esteja.
Eu dedico-me
a restabelecer a minha confiança para sair da passividade da mente/crença e me
permitir estar estável incondicionalmente, sem me agarrar a memórias ou a
crenças de conforto baseadas em esperança que alguém resolva os meus pontos da
mente/memórias/julgamentos/medos por mim.
Apercebo-me
que este processo vai demorar tanto ou mais o tempo que eu levei a
distanciar-me de mim, com orações e palavras ocas que não tiveram qualquer
efeito prático. Por isso dedico-me a resolver cada ponto que surge em mim, a
escrever, a cuidar do meu corpo, a mudar fisicamente a minha relação comigo e
com os outros, a criar o paraíso na Terra, a ser a solução da unidade e
igualdade, passo a passo, a cada respiração, a cada perdão-próprio.
Ilustração de Andrew Gable
Ilustração de Andrew Gable