DIA 102: A resistência a ser auto-disciplinada
Em relação à
disciplina própria (ou autodisciplina), apercebo-me a uma das consequências que
durante anos eu tenho recriado para mim própria são a falta de pontualidade e a
indecisão, porque não me permiti educar a ser assertiva comigo própria, naquilo que eu
decido para mim e viver a decisão de mudar as aceitações e permissões para
criar uma realidade que seja melhor do que aquela que tem sido até agora.
Apercebo-me
que a resistência a ser autodisciplinada é uma resistência da mente. Durante
anos acreditei que ir ao sabor do vento era algo fascinante e imprevisível -
agora apercebo-me que a imprevisibilidade vai dar sempre aos mesmos padrões e
que o fascínio é ilusório. Aquilo que neste momento me fascina é conhecer as
ilusões da mente e mudar, isto é, começar a dar direção a mim própria e a sair
dos padrões a que até agora eu me tenho definido/limitado.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitir realizar que a autodisciplina começa a cada
respiração, sendo que eu sou responsável por respirar consistentemente para que
o meu corpo esteja estável e funcione na sua plenitude.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ser disciplinada comigo própria quando estou
em Portugal, com base na ideia de como devia ser para corresponder às memórias
de como eu agi durante anos, em que ignorei escrever todos os dias e acreditei
não saber aquilo que era o melhor para mim nas ações que tomava. Apercebo-me
que uma das coisas que me distraem de mim própria é o apego emocional às
coisas, às pessoas e aos sitios, que até agora justificavam a falta de senso
comum na tomada de decisões - apercebo-me também que o apego emocional é com
base no medo da perda, como se certas situações me trouxessem um conforto que
eu temo perder.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido viver a decisão de ser pontual ou de fazer
aquilo que eu havia planeado para mim em determinadas situações. Apercebo-me
que me distraio com as horas quando estou em casa em Portugal, com se ignorasse
o passar do tempo. Ao ignorar o tempo, eu estou a ignorar-me a mim, a minha
respiração e quem eu sou a cada momento, assim como ignoro os outros e quem
eles são a cada momento.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido enganar-me a mim própria a manipular a minha
direção e querer esticar o tempo ao limite, sempre com base no medo de perder
"esta oportunidade" de estar aqui, quando na realidade quem eu sou
não está dependente do local.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido recriar a minha ação com base nos princípios
da honestidade própria e da autodisciplina que eu sei por experiência própria
são o melhor para mim, que é ser o exemplo para mim própria e dar-me direção a
cada respiração, ciente daquilo que eu faço e de quem eu sou a cada momento. O
conforto da mente é como uma nuvem de conforto que não é real, porque só existe
na minha memória! Eu apercebo-me que as
própria definições de quem eu sou ou de como eu me devo comportar só existem se
eu continuar a participar nelas.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que as pessoas mais velhas ou os meus
pais ou até mesmo amigos de longa data sabem melhor aquilo que é o melhor para
mim do que eu própria. Apercebo-me também que o medo de ser directa para com as
pessoas mais velhas ou os meus pais é com base na ideia que eles sabem melhor o
que eu deva fazer do que eu própria, em vez de eu própria me questionar sobre a
origem da minha indecisão e trabalhar este ponto primeiro, antes de assumir que
"não sei decidir por mim".
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que a autodisciplina é algo contra mim
própria, quando na realidade, eu sou responsável por respirar a cada momento
incondicionalmente - ou seja, a audisciplina já existe de dentro para fora
(respiração-ação). A mente, pelo contrário, é desorganizada e confusa e, caso
não me dar direção a viver a cada respiração, as emoções da mente alteram os
batimentos cardíacos e a consequência sou eu a recriar instabilidade de dentro
para fora.
A
autodisciplina como vida é a responsabilidade pela vida.
Quando e
assim que eu me vejo a ser influenciada por apegos emocionais e memórias de
como as coisas têm sido, eu páro e respiro. Neste momento, eu dou-me a
oportunidade de recriar a minha realidade com base naquilo que está aqui e que
à luz do senso comum as decisões se tornam mais óbvias, em que o senso comum é
fazer aquilo que é comum a todos nós e em que eu vivo a decisão de ser honesta
comigo própria como Vida e sem os condicionalismos na mente.
Quando e
assim que eu me vejo a "esticar o tempo" e justificar a falta de
noção das horas com o apego emocional, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que
não estou a considerar os outros à minha volta e que esta é uma forma de
manipular o tempo dos outros. Apercebo-me que a falta de autodisciplina é
depois manifestada na falta de claridade na minha comunicação dos planos, visto
que deixo portas abertas à alteração dos planos. Logo, quando e assim que eu me
vejo ao considerar a mudança de planos e das horas, eu comprometo-me a informar
os outros que estão comigo, de modo a parar de manipular a vida dos outros com
a minha falta de responsabilidade. Eu apercebo-me que a mente só tem
"poder" quando é silenciosa pois, ao comunicar a alteração dos planos
vai ser claro para mim que esta mudança é baseada em apego emocional, memórias
e medos da mente. Assim, eu apercebo-me que no momento em que eu me torno
ciente dos padrões da mente eu tenho a oportunidade de parar a minha
participação como mente e de me permitir agir aqui como Vida e a viver a
decisão de ser o meu próprio exemplo de honestidade própria.
Quando e
assim que eu me vejo a justificar a falta de disciplina em relação ao
cumprimento dos planos e das horas com o medo de perder a oportunidade, eu páro
e respiro. Eu apercebo-me que esta justificação é de facto baseada no medo da
morte, minha e dos outros, que é como um ultimato da mente a mim própria que
justifica a repetição dos padrões do passado. Apercebo-me que esta é uma
resistência a mudar de atitude nas minhas permissões e aceitações. Quando e
assim que eu me vejo perante uma situação em que me sinto obrigada a participar
nas memórias e em fazer aquilo que tenho feito até agora, eu páro e respiro. Eu
dedico-me a parar o apego emocional e a ver as coisas como elas são, sem medo
de agir de modo diferente das memórias. Eu apercebo-me que o conforto das
memórias é a ilusão da repetição, em vez de me questionar sobre a validade e
honestidade de tal padrão.
A disciplina
comigo própria em caminhar este processo e corrigir cada padrão de
desonestidade própria reflectir-se-á na consistência da minha ação e na minha
estabilidade em tudo o que eu digo e faço. Ao trabalhar na minha autodisciplina
em viver cada momento em autocorreção, eu estou a recriar a minha autoconfiança
e a garantir que me torno no meu próprio exemplo de Vida.