DIA 197: Desde quando aceitei o papel de sacrificada? Para quê? Por quem?
Esta noite
tive um sonho estranho no qual eu estava disposta a sacrificar a minha vida e
que eu tinha aceite esse papel de sacrificada, como se isso fosse salvar o
resto das pessoas. No entanto, no momento em que supostamente iria suicidar-me
pensei "Espera lá, porque é que eu estou a fazer isto? Porque é que estas
pessoas aceitam que haja um sacrificado?" E decidi sair e fugir daquele
lugar. Apercebi-me que só no momento em que o plano ia para a frente é que vi a
gravidade da situação. Ou seja, tinha
aceite tomar uma decisão sem realmente considerar aquilo que eu estava a criar
para mim própria. Para além disso, ao escrever sobre o sonho esta manhã vi
também que eu pensava que eram os outros que aceitavam haver um sacrificado!
Ora, se primeiramente eu não aceitasse ser "a sacrificada" não
haveria sequer a aceitação dos outros - portanto, tudo começou no momento em
que eu ACEITEI que houvesse um sacrificado e em que eu ACEITEI ser "a"
sacrificada, que é baseada na ideia de pensar ser diferente dos outros - mais
corajosa e, simultaneamente, merecedora da morte para salvar os outros. WTF!
Ao trazer
este ponto para o meu dia-a-dia e para a minha realidade actual, vejo de facto
pontos em que eu considero ser capaz de aguentar mais do que os outros -
trabalhar mais horas, fazer mais projectos, acarretar mais responsabilidades.
Mas será isto uma decisão/direção minha, ou é baseado na ideia que eu me posso
dar ao luxo de sacrificar a minha vida? Porquê/quando é que eu aceitei
desconsiderar-me desta maneira? Desde quando aceito e permito este suicídio em
mim? Este sistema mental é tão bem feito que eu justifico o meu sacrifício com
a ideia de que faço-o pelos outros e porque não posso desapontar os outros,
quando afinal fui eu quem criou este estilo de vida para mim própria. Por isso
o perdão próprio é o perdão sobre aquilo que permitimos e aceitamos em nós
próprios, e estas aceitações e permissões estão às vezes tão enraizadas que já
não consideramos ser diferentes ou conhecermo-nos de maneira diferente.
E depois foi
a fúria, porque me sinto chateada comigo própria por não ter feito as coisas de
maneira diferente. E o desapontamento comigo própria por não ter considerado os
vários pontos e ter sido honesta comigo própria.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido pensar em mim como aquela que é capaz de fazer
aquilo que mais ninguém quer fazer, o que eu vejo ser baseado no ego de querer
a atenção dos outros e um momento de "fama".
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar/pensar que a minha vida é observada
pelos outros e que eu tenho de corresponder às expectativas, embora eu vejo que
tais ideias existem em mim porque eu as aceito.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido pensar que é errado não corresponder às
expectativas dos outros, quando afinal a expectativas "dos outros"
têm origem na minha própria mente. Por isso,
eu comprometo-me a parar a mente das expectativas e dedicar-me a
considerar os vários pontos envolvidos na minha direção e garantir que o faço
por mim em plena responsabilidade própria.
Quando e
assim que eu me vejo a participar nesta ideia de ser "a sacrificada"
porque sempre foi assim e porque saio a pessoas da minha família que também são
assim, eu páro e respiro.
Comprometo-me então a aprender com os outros a não
seguir a mesma mentalidade e a não participar na relação de sacrifício na
relação com as outras pessoas. Eu realizo que a minha vida é aquilo que eu
permito e aceito ser por dentro (pensamentos) e por fora (ações), comigo e com
os outros, e que portanto, a minha vida depende daquilo que eu aceito e
permitido para mim e para a minha realidade.
Eu
comprometo-me a focar-me no meu bem-estar primeiramente, ciente que sou
responsável por cuidar de mim a cada momento da minha Vida, passo a passo.
Dedico-me também a praticar tomar decisões em senso comum tendo a certeza que
não me prejudico de maneira nenhuma e que corrijo padrões de comportamento para
me ajudar a estar um e igual com a Vida Aqui, que eu (todos) somos.