DIA 196: O stress da indecisão
Durante o
fim-de-semana observei-me através de outra pessoa - o que eu quero dizer é que vi uma
atitude noutra pessoa que eu própria já experienciei e foi frustrante observar
esta personalidade da indecisão! Para quem "sofre" desta dificuldade
em tomar decisões espontâneas, talvez seja interessante ver um episódio do TheVoice UK na qual a cantora demorou quase meia-hora (o que na TV é mesmo muito
tempo) para decidir o o seu mentor musical. O mais interessante foi ver que
nessa altura do programa ela já sabia que tinha passado à fase seguinte, e
aquilo que seria aparentemente o mais fácil, ela tornou numa coisa complicada.
- Onde é que eu já vi isto!
Pessoalmente,
ao ver o episódio da indecisão, apercebi-me das consequências da participação
na mente - compromete-se o nosso tempo, o tempo dos outros, alimentam-se os
diálogos na mente sobre "é isto", "não, afinal já não é",
"e se eu for por aqui", "se calhar faço melhor escolher o
outro", "porque é que não posso ter tudo", "não sou boa a
escolher", "da última vez escolhi mal", etc etc etc...
Aquilo que
eu vejo e que também me tenho apercebido a lidar com o ponto da tomada de
decisão é que a indecisão não tem as ver com as escolhas disponíveis, mas que
tem a ver com a confusão que se passa dentro das nossas mentes. Ou seja, a
indecisão é um reflexo de uma série de padrões com que a mente anda ocupada e
que não conseguimos ver o senso comum daquilo que é o melhor para nós próprios, porque nos permitimos estar submersos na insegurança e no medo de "falhar".
No caso da cantora, ela
estava a fazer aquilo que queria, tinha conseguido (en)cantar o júri e mesmo
assim criou uma situação de insegurança na sua tomada de decisão final. Aquilo
que aparentemente seria uma felicidade tornou-se num tormento... Onde é que eu
também já vi (e ainda vejo) esta cena? Coisas do meu dia-a-dia que são simples
mas que se tornam complicadas - por exemplo, às compras - a indecisão entre
gastar dinheiro naqueles sapatos ou não... Ou em comprar o Fair trade, apesar
de ser mais caro? Ou a indecisão sobre aquilo que eu vou comer quando há
multiplos pratos na ementa... Coisas pequeninas que na minha mente se tornam gigantes,
como se a preocupação tivesse uma lugar que tivesse de ser continuamente
ocupado dentro de mim. Depois há as "grandes decisões" que têm a ver
com a carreira por exemplo - "que curso é que vou seguir?" E depois
da escolha ter sido tomada "- será que fiz a escolha certa?",
"Será que vou gostar? "...
Curiosamente, nesse mesmo dia saiu uma entrevista na Eqafe exactamente sobre o tópico de Evitar tomar decisões e que me trouxe uma nova perspectiva sobre o cenário que eu crio/nós criamos para nós próprios em relação às decisões.
Um dos conselhos dados na entrevista é: Não tomar decisões apenas com a mente. Isto porque a mente não considera a
realidade física, as várias coisas envolvidas, o ambiente, o momento, o
contexto, e por isso não considera
aquilo que é realmente o melhor para nós. A mente apenas as personalidades, o
interesse-próprio, os medos, as experiências passadas, os traumas, os
desejos... Há então este conflito
interno, como se houvesse esta voz divina dentro de nós a dizer "leva
isto"... "era melhor ter levado o outro", quando afinal não
temos necessariamente de criar tal instabilidade dentro de nós. Este diálogo
interno pode tornar-se obsessivo e, nos momentos em que é demais, o melhor a
fazer é escrever num papel as várias possibilidades que vemos, as razões, os
medos associados, e perceber quais as condições que estamos a impor a nós
próprios. Pela minha experiência, em momentos de decisão eu acabo por imaginar
as várias saídas para cada possibilidade e tomo uma decisão com base numa imaginação
que não é real (imaginação baseada na mente de medos, desejos e ideias), em vez de procurar perceber o que é que
realmente "está em jogo" e procurar a melhor escolha. Quando a decisão se torna
num bicho-de-sete-cabeças é sinal de alarme pois estamos a ver a situação
apenas pela mente (imagens baseadas em medos, experiências passadas,
informação, desejos, interesse-próprio) em vez de considerarmos a situação
realista à nossa frente, em senso comum e honestidade própria.
Uma coisa que é importante ter em conta é a
nossa responsabilidade por cada decisão que tomamos e de facto abraçarmos as
consequências das nossas
decisões. Frequentemente a palavra
Consequência é associada a coisas negativas, quando afinal a consequência é um acontecimento que segue ou é resultado de outro. Quando toca a decisões, qualquer decisão que
tomamos é um movimento, é uma direção que estamos a dar a nós próprios e somos
nós que estamos em controlo das nossas próprias vidas. Apercebo-me também que
não existem decisões erradas ou certas, mas que é um processo de dedicação e de
nos comprometermos a viver o nosso potencial/a melhor versão de nós próprios. Em responsabilidade própria somos
capazes de nos dar direção/decisão a cada momento para nos aperfeiçoarmos e
aperfeiçoarmos a nossa tomada de decisão e as nossas decisões, para garantirmos
que construímos a nossa auto-confiança com a certeza que fazemos aquilo que é o
melhor para nós, tendo em conta a realidade/os outros/as várias possibilidades.
Leiam também o Perdão-Próprio e as afirmações de auto-correção sobre a Tomada de Decisão em:
http://joanajesus-renascendo.blogspot.com/2013/02/dia-175-medo-de-tomar-decisoes.html