DIA 192: Arrancar os dentes do siso: perder o medo e encontrar estabilidade
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Curiosamente,
à medida que o tempo passa, comecei a pensar em coisas que podem correr mal e
até mesmo a duvidar do meu doutor. Por outro lado, tento cobrir o medo com a
ideia que daqui a uma semana a cirurgia será uma memória e que a dor já terá
passado. Ou seja, ando a saltar de emoções negativas (medo da dor) para emoções
positivas (desejo de conforto). Vejo também que o medo da dor é de facto o medo
da morte porque na minha mente há uma memória de um caso que eu estudei em
Direito sobre um paciente que tinha morrido devido a complicações após um
tratamento dentário e a mãe do jovem estava a insistir que se fizesse justiça.
Enquanto escrevo esta memória reparo que há uma resistência em mim, como se
fosse proibido escrever sobre os meus medos, o que mais uma vez é baseado no
medo de recriar o medo na minha realidade. Vejo agora que esconder os medos de
mim própria também não me vai ajudar a estar estável. Em vez disso, eu vou
começar por perdoar os medos que estão a vir à tona ao mesmo tempo que os meus
dentes to siso se preparam para vir também à tona.
Eu perdoo-me
por me estar a permitir e aceitar criar ansiedade dentro/em mim
desnecessariamente e que me estou realmente a comprometer a minha estabilidade.
Eu apercebo-me que a minha responsabilidade de cuidar de mim passa por garantir
que estou estável e que não me deixo assustar pelo medo da mente.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que a desconfiança em relação ao doutor
é real - aqui vejo que a desconfiança projectada no outro é de facto a
desconfiança que eu me estou a permitir ter em mim ao pensar que fiz mal a
escolha de remover os dentes do siso nesta altura e em Londres.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido justificar o medo com a ideia que devia fazer
este tratamento em Portugal o que afinal é um pretexto para continuar a
justificar o medo, em vez de abraçar a decisão e ajudar-me a estar estável com
o facto de fazer o tratamento em Londres.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido imaginar e abrir a possibilidade que se a
cirurgia não correr bem terei o apoio em Portugal, quando na realidade eu
estou-me a permitir acreditar que o medo que as coisas corram mal e a ideia de
salvação são reais. Nisto, eu apercebo-me que aquilo que é real é o físico e
portanto foco-me em recriar a minha estabilidade física aqui a cada momento, a
ajudar-me através da respiração a estar relaxada e a parar de me
auto-aterrorizar pela mente. Ao estar relaxada e estável em mim eu estou a
criar as condições para a recuperação, em vez de pensar que ao pensar nos
acidentes eu estou a preveni-los - vejo que aquilo que eu posso e devo fazer é
ser responsável pela minha estabilidade e a fazer aquilo que é o melhor para
mim.
Eu
apercebo-me que tirar os dentes do siso é aconselhável para prevenir futuras
complicações. Apercebo-me também que o doutor quer o melhor para mim e que, ao
mesmo tempo, ele faz isso por ele para ter um salário ao fim do mês.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido pensar que o doutor insiste em fazer esta
operação por causa do dinheiro que isso lhe traz, porque eu vejo que eu estou a
interpretar este pensamento como se estivesse a ser enganada. Em vez de
participar neste medo de ser enganada, eu realizo que eu estou a fazer isto por
mim para que eu não tenha problemas com estes dentes e que mais cedo ou mais
tarde iria necessitar de os tirar.
Quando e
assim que eu me vejo a fazer desta cirurgia mais do que aquilo que ela é
(porque começo a criar imaginações de tratamentos demorados), eu páro e
respiro. Eu apercebo-me que as coisas não têm de ser complicadas. Vejo também
que o medo que o pior aconteça é baseado na ideia de querer sobressair , neste
caso, ter medo de sobressair pelas piores razões. Assim, vejo que esta
polaridade não são reais porque ambas têm como ponto de partida a ideia de que
eu sou especial ou uma excepção , o que na verdade não é real. Em termos
físicos, eu estou igualmente aqui no corpo físico e tenho uma mente para
lidar/resolver/estabilizar em mim.
Quando e
assim que eu me vejo a criar imagens de acidentes em mim e a fazer associações
com base nas experiências que eu ouvi falar, eu páro de participar na mente e
respiro. Eu permito-me recriar no físico e assim fazer o melhor para mim. Eu
apercebo-me que a dor, seja ela qual for, não é um castigo ou punição - é uma
dor física que me chama atenção para um ponto que tem de ser resolvido (neste
caso com a ajuda de um médico) ou um ponto de preocupação que eu posso resolver
ao parar a preocupação em mim.
Quando e
assim que eu me vejo a antecipar a cirurgia a correr mal, eu páro e respiro. Eu
vejo que esta é uma ideia baseada no julgamento que\ os dentistas em Londres e
de determinada nacionalidade não são competentes. Quando e assim que eu me vejo
a acreditar numa ideia da mente que não é o melhor para mim e que é de facto
contra mim mesma (a minha existência estável aqui), eu páro a mente e respiro.
Eu foco-me a
ver e a fazer aquilo que eu realmente posso mudar na minha relação comigo
própria para recriar a minha auto-confiança na minha decisão e viver a decisão
sem medo.
Quando e
assim que eu me vejo a pensar que errei em tomar esta decisão e a sabotar a
minha vida com a associação da minha operação com o caso do jovem que morreu,
eu páro e respiro. Eu apercebo-me que esta relação com a morte de medo e de
incerteza não é real e que a minha responsabilidade agora é RECRIAR-ME COMO
VIDA.
Eu
comprometo-me a parar esta chantagem mental com a ameaça da morte. Eu dedico-me
a auto-ajudar-me a cada respiração e estar ciente da minha vida física que até
agora tem sido subestimada.
Apercebo-me
também que esta sensação de medo e a sabotagem da imagem de morte surge quando
faço coisas fora da minha rotina. Nisto, eu realizo que quem Eu sou como vida é
uma constante em tudo aquilo que eu faço e, portanto, eu aqui a respirar já sou
a minha rotina a cada momento! Vejo então que
a ideia de rotina ou de coisas novas não têm de ter qualquer impacto
positivo ou negativo em mim e que estas são baseadas naquilo que é o melhor
para mim. Finalmente, eu comprometo-me a parar
os assaltos de medo, as ideias de que "devia fazer outra
coisa" e a ameaça da morte em mim, pois são vícios da mente que eu vejo
não ser o melhor para mim e que é contra mim, por isso contra a Vida.
Eu
comprometo-me a ser paciente comigo durante o processo de recuperação.
Eu
comprometo-me a cooperar comigo própria, respiração em respiração, um e igual
comigo como vida.