DIA 193: Medo da mudança e medo da perda... dentes, acidentes, imaginação e dinheiro
Após a extração do dente, comecei a sentir remorsos e medo de perder todos os dentes,
medo de precisar do dente, medo de ficar sem dentes suficientes! Nisto, vejo um
padrão de medo da mudança baseado na ideia de perda e este estado mental é cego
porque não se consegue ver mais nada que não sejam os pensamentos de "não
devia ter feito isto". É interessante que estes pensamentos não existiam
antes tão claramente - foi como se ao ter o dente extraído (ou perder
fisicamente alguma coisa) tivesse descoberto este padrão em mim que obviamente
já existia, apenas não se tinha manifestado. Por isso, neste processo, cada vez
mais me apercebo que a minha realidade física é um reflexo do que se passa em
mim, ao estar ciente dos pensamentos que eu projecto à minha volta...
Se o medo da
perda existe em mim, vou tomar responsabilidade e investigar como me estou a
permitir limitar e, finalmente, aplicar-me em corrigir este hábito mental em
mim.
O medo da
perda (do dente) surgiu com base no medo de precisar do dente no futuro. No
entanto, neste preciso momento este dente estava a incomodar-me e iria
trazer-me problemas mais cedo ou mais tarde.
Outro medo
tem a ver com o medo de perder os dentes da frente - Quem é que não reage quando vê uma pessoa desdentada, por ter medo de
ficar também desdentada? Este medo é o medo da minha imagem sem dentes e como eu me
defini por ter os dentes no lugar, brancos e direitinhos. Há cerca de 5 anos
tive um acidente de mota e lembro-me que quando acordei após a operação, senti
uma placa de ferro na minha boca - fiquei super assustada e imaginei
imediatamente que os meus dentes tinham ficado todos encavalitados e partidos.
Esta era a minha segunda grande preocupação, depois de ter mexido as pernas
para ter a certeza que não estava paralisada. Afinal aquilo que eu sentia era simplesmente uma placa a apoiar os meus dentes a fixarem-se no lugar.
De volta ao
dente, este medo de perda não tem de existir - este dente não me iria ser
removido se fosse realmente essencial. Além disso, há a possibilidade que o
dente do siso venha substitui-lo. Curiosamente, comecei a sentir a boca mais
leve e com mais espaço.
Durante a
extração, eu estava agarrada ao dente e curiosamente este estava a dar luta!
Apercebi-me que era altura de aprender a largar e
de me "render". De certa maneira, o medo de deixar o dente ir tem
também a ver com o hábito de ter aquele dente na minha boca e não me imaginei
não tê-lo. Ou seja, o medo do futuro é muito em parte baseado na imagem do que
já se conhece (mesmo que não seja perfeito) VS uma coisa nova (que não se
conhece).
Reparo agora
que os medos são como as bonecas russas, abre-se um medo e surge um outro, como
se a minha mente tivesse um lugar para o medo que tem de estar sempre ocupado!
Desta vez, o medo que surgiu depois da extração do dente foi o medo de
complicações pós-cirurgia. Obviamente, que o estado de stress que eu permito
(ou não) em mim vai ter impacto na recuperação. Por isso decido recuperar sem o
medo. A recuperação é a parte da operação que eu posso controlar - ou seja,
depende de mim, da atenção que dou a mim própria, do descanso, da toma do
antibiótico e da estabilidade que crio em mim. Por isso escrevo sobre estas
preocupações da mente, para esvaziar o medo de dentro de mim e deixar o medo
ir, tal como deixei o dente ir e me dedico a tomar conta do meu corpo que está aqui.
Depois de
ter escrito o seguinte perdão-próprio e as afirmações de auto-correção,
apercebi-me que a minha desconfiança tem também a ver com o medo de ser levada
a gastar/investir cada vez mais dinheiro em tratamentos dentários. Lembro-me
que tinha pensado que este dente tinha de ser tratado mas que o doutor não
estava a dar prioridade a esta situação, visto que havia outros tratamentos
supostamente mais rentáveis a serem feitos noutros dentes. No final de contas,
acabou por ser este dente a ser tratado primeiro e, em vez de me permitir
relaxar, continuei a participar no medo
e desconfiança da mente.
Quanto à
questão do dinheiro, eu apercebo-me que o medo ou a resistência em
perder/investir dinheiro em tratamentos dentários é um facto inerente ao actual
sistema económico. Vejo também que, mais uma vez, estes medos e preocupações
seriam colmatados caso vivêssemos num sistema monetário que fosse igualitário e
que garantisse que os doutores seguissem a carreira da saúde por realmente
quererem o melhor para os seres-humanos e não pelo lucro. Da mesma maneira,
nenhum de nós iria ter medo de ter problemas dentários porque saberia que estes
seriam resolvidos incondicionalmente. Apercebo-me então que não é só a dor
física dos tratamentos mas também o peso na carteira que nos faz ter
resistência a ir ao dentista...
Independentemente
disto, é crucial resolver estes medos e preocupações da minha mente.
Eu perdoo-me
por me estar a permitir e aceitar alimentar os medos que surgem na minha mente
após a cirurgia, como se os medos fossem reais.
Eu perdoo-me
por não me estar a permitir e aceitar olhar para a situação médica em senso
comum e assim não permitir que o medo contamine tudo e todos.
Eu perdoo-me
por me estar a permitir e aceitar desconfiar do meu médico e pensar que ele
quer tirar os meus dentes para depois fazer mais dinheiro comigo caso eu
precise de mais tratamentos para substituir o dente.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido participar na desconfiança da mente em vez de
estar aberta à explicação do doutor e sobre a situação física e real dos meus
dentes.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que tenho de ser desconfiada para ser
respeitada (e não ser enganada).
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que se eu permitir tirar um dente estou
de facto a andar em direção à perda total dos meus dentes, o que eu vejo ser a
mente a levar-me para a outra polaridade!
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido imaginar-me sem dentes ou com os dentes encavalitados e por me ter permitido deixar assustar por esta imagem da mente.
Eu perdoo-me
por me estar a permitir agarrar-me à ideia que não devia ter aceite este
tratamento com base na ideia que o meu médico em Portugal saberia melhor o que
fazer, com base em experiências do passado que não se aplicam necessariamente
ao caso actual.
Eu perdoo-me
por não me estar a permitir focar-me na recuperação e na minha estabilidade que
é aquilo que eu realmente posso controlar neste momento.
Quando e
assim que eu me vejo a participar na desconfiança da mente em relação à
extração do meu dente, eu páro e respiro.
Ao respirar,
eu permito-me descomplicar a situação
física e apercebo-me que são os meus pensamentos que estão a complicar. Nisto
eu apercebo-me que estou agarrada à ideia que podia ter havido outro tipo de
tratamento alternativo em vez de ouvir os conselhos do doutor e ver aquilo que
está realmente aqui. Eu apercebo-me que a minha dúvida é baseada em informação
relativamente a outros casos, por isso, eu permito-me focar-me no MEU caso,
abraçar esta situação como tendo sido o melhor para mim e aperceber que não
precisava de chegar ao ponto de ter dor absoluta para me "convencer"
que este dente deveria ser tratado/extraído urgentemente.
Eu dedico-me
a focar-me apenas na minha recuperação e, quando e assim que eu vejo um
pensamento da mente a justificar o arrependimento, eu páro, respiro e escrevo
sobre isso para me permitir ver a complicação da minha mente e ajudar-me a ver as soluções para mim própria.
Quando e assim que eu me vejo a imaginar a perder os meus dentes da frente ou a ficar assustada com a ideia de vir a perder todos os meus dentes quando envelhecer, eu páro o medo e respiro. Eu apercebo-me que esta aterrorização da mente não é real e que é apenas uma forma de manipular quem eu Sou e a minha criação. Eu dedico-me a respirar e a confiar em mim no meu processo de remover os meus medos, não os meus dentes ou outra parte do meu corpo físico!
Quando e
assim que eu me vejo a desejar voltar atrás e sugerir outro tipo de tratamento,
eu páro e respiro. Eu apercebo-me que estou a criar stress desnecessariamente
para mim própria e que tenho mesmo de confiar naquilo que o especialista
sugere.
Eu dedico-me
a andar passo a passo, respiração em respiração, em estabilidade própria, em vez de saltar para o
passado ou para um futuro e pensar naquilo que eu devia ter feito ou naquilo
que eu devo fazer. Apercebo-me que a solução para os meus problemas exteriores passa por eu criar soluções de dentro para fora e por isso dedico-me a resolver os padrões da minha mente que me impedem de ver soluções práticas para mim (e para o mundo).
Quando e
assim que eu me vejo a desconfiar que a mudança não me vai ser benéfica, eu
páro e respiro. Eu apercebo-me que sou eu quem me estou a puxar para trás, em
vez de abraçar a mudança e me permitir relaxar com a certeza que aquele dente
não me vai incomodar mais!
Comprometo-me
também a não generalizar esta situação e pensar que ao ter permitido a extração
de um dente então vou abrir um precedente e terei de extrair mais dentes - eu apercebo-me que a
extração de dentes só é feita quando é realmente o melhor para a pessoa e que
não é o fim do mundo. Isto é senso comum.
Quando e assim que eu me vejo a projectar a
minha desconfiança noutras pessoas e a acreditar que estou a ser enganada por
outra pessoa, eu páro e respiro. Realizo que este é um indicador da mente que
me mostra aquilo que eu tenho de urgentemente resolver em mim e por isso eu
comprometo-me a parar a desconfiança em mim. Apercebo-me que a desconfiança da
minha mente é auto-destrutiva e que sou responsável por parar este padrão em
mim. Eu comprometo-me a abraçar aquilo que me é dado pelos outros, estando
ciente que a minha estabilidade não está dependente disso e, ao mesmo tempo,
dou-me a oportunidade de confiar em mim por me permitir confiar nos outros.
Ilustrações:
Andrew Gable - The Decision – An Artists Journey To Life: Day 172 | An Artists Journey To Life http://bit.ly/SVmmxo
Andrew Gable - Where Do Your Thoughts Come From. Find Out how your mind really works - http:// lite.desteniiprocess.com/
Marlen Vargas Del Razo - Money as Life?