DIA 212: Auto-culpabilização e dura comigo própria
No
seguimento destas minha andanças recentes, apercebo-me da solidariedade quando
se fala de coisas do peito ou de zonas intimas do corpo, como se fosse ainda um
tabu, mas vejo então que esta resistência para se falar nestes tópicos tem a
ver com o medo de se “apanhar” a doença. Eu própria estava a participar no medo
de falar sobre este assunto por medo de agravar a situação, como se só uma
notícia mais grave fosse merecedora de um blog!
Afinal,
isto não é daquelas coisas que só acontecem só "aos outros". Está aqui na minha
realidade e eu tenho as ferramentas para andar este processo, passo a passo.
Mesmo antes
de saber que este carocinho no peito se tratava de um quisto inflamado, comecei
a aperceber-me do padrão da auto-vitimização e da tendência para me sentir
culpada das coisas que acontecem na minha realidade. Mas participar no padrão da culpa não é produtivo e acabo por ser dura
comigo própria.
Vejo então que agarrar-me à culpa é uma forma
de evitar tomar responsabilidade e olhar para soluções práticas para aplicar correção imediata – por exemplo,
começar a acalmar no trabalho, ser prática, fazer uma coisa de cada vez, desacelerar
os pensamentos na minha mente, parar os medos, tomar decisões que sejam o
melhor para mim, cuidar do meu corpo, respirar e relaxar.
Uma armadilha
da mente até agora tem sido o de projectar a culpa nos outros, embora seja tal
e qual um espelho de mim própria. Lembrei-me da
expressão religiosa do “mea culpa” e vou tomar esta oportunidade para PARAR de participar na
facilidade aparente da culpa. Por exemplo, em relação ao meu quisto, a culpa
não é do meu emprego per se, porque
não é o trabalho que gera o meu stress – Sou eu que permito (ou não) criar a
ansiedade e acomodar-me ao estado de stress. Eu apercebo-me que sou responsável
por investigar os pensamentos de culpa dentro de mim e ajudar-me a mudar a
minha relação comigo própria, em AUTO-SOLIDARIEDADE e aplicar soluções na minha
realidade!
Eu
perdoo-me por me ter aceite e permitido habituar-me a culpar-me e a ser dura
comigo própria quando algum acidente acontece ou alguma coisa corre fora do
planeado, sem ver que ao culpar-me e ao ser dura comigo própria eu estou a criar
novos problemas na minha mente.
Eu
perdoo-me por me ter aceite e permitido sentir-me culpada pelas coisas que
acontecem à minha volta como se tivesse a perder o controlo, em vez de perceber
que posso tomar responsabilidade pela minha vida sem participar na reação de
culpa.
Eu
perdoo-me por me ter aceite e permitido projectar a culpa para algo fora de
mim, quando afinal o padrão de culpa não tem de existir em nada nem em ninguém.
Apercebo-me que este padrão de culpa é um auto-massacre baseado em
justificações sem realmente olhar para o problema e soluçõesn em plena responsabilidade,
claridade e direção-própria.
Apercebo-me
que ao simplesmente culpar-me pelas coisas, eu estou a evitar dedicar-me a uma
solução prática e duradoura, como se fosse mais fácil culpar-me para “não
pensar mais nisso”. No entanto, o padrão da culpa funciona. Em vez disso, eu
posso e devo perdoar-me pela acumulação de culpa e dedicar-me a aplicar uma
solução prática para o problema.
Quando e
assim que eu me vejo a participar no padrão da culpa, tanto contra mim mesma ou
a projectá-lo em algo ou alguém, eu páro e respiro.
Em vez de
alimentar a culpa, eu procuro investigar em mim porque é que o sistema da culpa
surge – e quais são as soluções reais que eu estou a suprimir em mim.
Quando e
assim que eu me vejo a agarrar-me ao sistema da culpa como se isso fosse
redimir-me das coisas que eu faço ou que eu não faço, eu páro e respiro. Em vez
de querer mudar o passado, eu dedico-me a mudar-me no presente, a recriar a
minha relação comigo própria em TOTAL COOPERAÇÂO. Eu apercebo-me que a culpa
não tem qualquer efeito a não ser criar ansiedade em mim e separação comigo
própria.
Ilustração: Andrew Gable