DIA 208: A justificação do "Tenho Tempo"
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJlMzpTXkWUdqwP7lKI47GWbMyVrC3KLC4vYShdzSJt6sOXWX2PKGnzDItk5NTMxsNMhiaM19m-V1WsuIqbk4ydMh5DOorwxm-LS5b96wOK0qgalcUGOgb-BXXYJQaTKABTQR_T9cRanE/s400/Comical+Sense+Advice+Andrew+Gable.jpg)
Este padrão
enquadra-se na Religião do meu Ser, baseada naquilo que me foi ensinado ao
longo dos anos. Lembro-me claramente de ouvir dizer "Joana, vai com
calma", "tens tempo", "ainda és muito nova", ... E
agora já não é preciso ninguém dizer-me isto porque ficou registado e aparece
automaticamente na maneira como encaro certas coisas, especialmente coisas
novas, e a curiosidade fica suprimida, porque afinal, apesar de me interessar
por isto ou aquilo, irei ter tempo e "se calhar" (que é a mesma coisa
que dizer "Se Deus quiser") mais tarde irei estar numa posição mais
vantajosa para finalmente viver a decisão! Até lá, acumulo uma série de
"potenciais" de coisas que quero fazer, imagino o momento em que irei
fazer essa coisa nova e admiro aqueles que não hesitaram em começar.
Obviamente,
o processo de escrita requer prática e é preciso ir-se com calma, respiração em
respiração, e estar-se fisicamente aqui. Mas desde que me tornei ciente desta
tendência para adiar, fui mais eficaz em perceber se fazia ou não sentido
esperar, ou se afinal a oportunidade de fazer determinada coisa estava/sempre
esteve aqui. Finalmente comecei o meu novo blog http://diplomatjourneytolife.blogspot.com/ e
tem sido fascinante desenvolver cada artigo e ver novos tópicos com base em
informação da actualidade.
A expressão
do bad timing poderá ser então a
consequência de se ter esperado pelo "momento certo" sem realmente
fazer-se nada por se criar esse momento. E não será então esta esperança pelo
momento certo mais uma desonestidade que limita a nossa expansão?
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido absorver as expressões que me foram/são ditas
pelos outros como sendo a "minha verdade" sem me aperceber que eu
estou de facto a limitar o meu processo de auto-criação.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido reagir quando oiço alguém dizer-me que
"tenho tempo", em vez de perceber se estou ou não a participar nesse
padrão, perceber onde é que este padrão se manifesta na minha vida, e como é
que eu posso resolver/transcender/parar este padrão em mim.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido questionar-me sobre a minha hesitação em
fazer coisas novas e em mudar hábitos, e a partir daqui empenhar-me em dar
resposta a essa hesitação e praticar a minha confiança a fazer coisas novas e a
praticar a minha eficácia em fazer igualmente todas as coisas que me são
benéficas.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido imaginar-me a conseguir fazer todas as coisas ao
mesmo tempo ou a imaginar-me a ter conseguido fazer um bocadinho tudo sem
realmente planear as minhas actividades.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que algumas coisas têm de ser largadas
para começar novas e que tal mudança não implica necessariamente ruptura.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido desejar mudar os meus hábitos sem realmente e
deliberadamente parar hábitos antigos e começar novos!
Quando e
assim que eu me vejo a reagir quando oiço alguém dizer-me que sou "muito
nova para pensar nisso" ou que "tenho tempo" ou outra coisa
qualquer, eu páro a reação e respiro. Em honestidade própria eu permito-me
perguntar porque é que eu estou a levar tais comentário pessoalmente, e
permito-me ver em que aspectos é que eu estou de facto a participar nessas
ideias. Eu apercebo-me que não sou responsável
por aquilo que me é dito, mas que sou responsável por aquilo que eu faço
perante aquilo que me é dito.
Quando e
assim que eu me vejo a hesitar em começar coisas novas, eu páro e respiro.
Apercebo-me que uma das justificações é baseada em "já tenho muitas coisas
para fazer, não vou ter tempo agora", no entanto, em honestidade própria
eu analiso o que é que eu posso "largar" e substituir pela nova
actividade que, neste momento, me será mais benéfica. Se tal decisão implicar
outras pessoas, eu comprometo-me a comunicar com os outros a minha decisão,
ciente que tais escolhas têm de ser feitas por mim e que não posso ter
esperança que alguém decida por mim aquilo que é o melhor para mim.
Quando e
assim que eu me vejo a querer conciliar/coexistir em mim os hábitos antigos e
os hábitos novos, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que muitas vezes eu estou a
manter certos hábitos (especialmente na minha relação com os outros) para
agradar os outros, em vez de me disciplinar em ser honesta comigo própria na
presença dos outros, um e igual.
Comprometo-me
a estar ciente de cada vez que o pensamento/justificação do "tenho
tempo" se manifesta e páro esse dominó - em vez de participar na
resistência, eu faço exactamente o contrário daquilo que a minha mente dita e
dedico-me então a começar essa nova actividade. Para isso, eu adapto e ajusto o
meu tempo, e abdico de outras coisas, de modo a conseguir fazer essa actividade
que neste momento me será benéfica. Vejo então que uma mudança de
hábitos/padrões implica sempre uma mudança prática ao nível das prioridades em
honestidade própria, e uma mudança física em se realmente viver as decisões.
Ilustração: Comical Sense - 'Advice', By Andrew Gable