DIA 209: A Religião do Ser: copiar e obedecer
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A Religião
do ser é também aquilo que eu permiti definir-me por ter levado a peito
qualquer comentário vindo do outro. Curiosamente, a outra pessoa provavelmente
nem se apercebia do impacto que eu estava a permitir que essas palavras
tivessem em mim, mas foi também a minha decisão tomá-lo como pessoal.
Quem é que
nos ensina esta religião? Será que os pais e os educadores fazem ideia de como
é que a mente funciona e como é que nós, desde que nascemos absorvemos a
informação à nossa volta?
Se no
princípio obedecemos e copiamos a mente dos adultos, quando chegamos à idade
adulta passamos a obedecer as nossas próprias mentes.
Esta
religião é fascinante: baseia-se naquilo que eu penso de mim e como eu acredito
ser, ao mesmo tempo que eu própria me limito com base nesses julgamentos e pensamentos. Mas como "fui
sempre assim", nem sequer vejo que me estou a limitar na minha própria
mente.
Vi um vídeo
no Youtube recentemente em que uma bébé copiava as expressões dos pais e é
brutal ver como ela observava/ouvia os pais e fazia igual, enquanto que
assimilava as relações que os pais tinham com a realidade e como julgavam certa
coisa como sendo nojenta, e outra como sendo divertida. É assustador e
revelador perceber que este processo de desenvolvimento aconteceu com a maioria
de nós e que pouco provavelmente nos lembramos ou entendemos de onde vem o
nosso julgamento em relação a determinadas coisas, pessoas e palavras.
Tenho-me
apercebido então como esta Religião é um abuso-próprio: o facto de não me
questionar sobre os pensamentos e os medos que eu permito e aceito passarem-me
pela cabeça é sinal de que aceitei tal limitação e sinal de como defeni as palavras de acordo com estas permissões e aceitações. Vejo também como esta
religião se manifesta no meu apega a certas coisas, a sensações, a desejos, a sonhos, a memórias, a
julgamentos, a auto-definições. Até mesmo as imagens da mente (a imaginação)
não tem qualquer culpa da maneira como eu interpreto essas imagens - tanto
aquilo que a mente me mostra como os julgamentos que eu absorvo vindo das
outras pessoas são auto-projeções da minha religião.
Amanhã partilho o
perdão-próprio sobre estes pontos para começar a largar estes sistemas da
mente.
Ilustração: Andrew Gable http://www.andrewgable.com/artwork/new-artwork/