DIA 210: Cenários na nossa própria mente: Regresso ao Passado
Hoje ouvi
uma entrevista de uma pessoa que passava imenso tempo a reflectir na mente
sobre a sua vida, sobre o futuro, sobre a vida dos filhos, sobre os seus medos, quando afinal teria sido mais eficaz se, em vez de passar tempo a
divagar na mente, tivesse de facto criado e participado mais na sua própria
vida. Um exemplo interessante que esta pessoa dá tem a ver com os pensamentos e
preocupações que ela tinha em relação aos filhos, quando na realidade ela tinha
de aceitar "deixá-los ir" e que não podia viver por eles.
Ao trazer
este ponto para mim, vejo como também eu despendo tempo a pensar em várias
hipóteses e cálculos sobre o futuro, quando afinal às vezes basta escrever sobre as minha dúvidas para me esclarecer, ou fazer uma
pergunta ao outro para ter a certeza em vez de imaginar a resposta, ou
falar com outra pessoa para ouvir uma outra perspectiva fora da minha mente, ou
mover-me fisicamente e parar de perder tempo na mente.
Um exercício
interessante para se fazer, em vez de nos deixarmos embalar pelos
pensamentos, é começar a escrever sobre os pensamentos que surgem nas nossas
mentes - isto ajuda a estabilizar-nos e a sermos realistas porque vários pontos
são considerados (fora da mente que só vê
aquilo que quer)
Partilho
então o perdão-próprio no seguimento do
artigo de ontem e da realização de
hoje.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que as projecções e as imagens da mente
são realmente imagens do meu futuro ou de potenciais momentos do futuro, em vez
de perceber que a mente é baseada no passado e que é um espelho de memórias
tecidas.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido abdicar da minha responsabilidade de criar a
minha vida e de me mudar. Vejo que se seguir a mente irei estar sempre a
seguir os padrões do passado.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido criar-me com base nas imagens da mente sem
realmente investigar de onde é que estas imagens/desejos/aspirações surgiram,
em vez de tomar responsabilidade pelas minha decisões/ações com base na minha direção, tendo em conta a minha
realidade física e a realidade dos outros à minha volta.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar no "futuro" que me é
"mostrado" na minha mente e acreditar ser uma escrava da mente que
tenho de seguir e copiar estas imagens - imagens e memórias que por sua vez são baseadas naquilo que eu vi,
naquilo que eu copiei, naquilo que eu fiz e obedeci no passado.
Curiosamente, vejo pela primeira vez que provavelmente nunca imaginei como certos momentos do passado pudessem definir quem eu sou na idade adulta. Por isso, vejo então que a "culpa" não foi do evento per se, mas foi do valor que eu permiti dar a esse momento e ao qual me agarrei por não conhecer mais nada para além da minha mente. É agora momento de largar estes valores e dar valor à Vida que Eu sou e recomeçar a cada momento em auto-correção, a criar uma nova relação (acordo) comigo própria. Eu comprometo-me a fazer todas as minhas coisas estando ciente de mim e ciente das minha ações, e trabalhar com o que está aqui, sem me limitar com os julgamentos, memórias, cenários ou medos da mente.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido criar
julgamentos sobre mim própria com base nalgum comentário que me tenha sido dito
por outra pessoa.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido definir-me de acordo com os julgamentos da minha
mente/da mente dos outros e descartar a minha responsabilidade de lidar com os
meus próprios julgamentos, perceber as origens, perceber o que é que estes
julgamentos suprimem.
Eu apercebo-me que culpar a outra pessoa por qualquer
coisa que eu me permita sentir ou pensar é uma forma de evitar perceber a
origem do meu problema e evitar tomar responsabilidade por me ajudar a
ultrapassar as auto-definições/limitações da minha mente.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido criar cenários negativos para mim própria sem ver
que estes cenários geram energia de ansiedade, medo e stress e que eu apenas me
habituei a viver sob esta pressão continua, a evitar que algo de mau aconteça, porque aparentemente este estado de ansiedade e insegurança é a única coisa que eu conheço/permito.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido desejar (e até rezar) que coisas positivas/boas
aconteçam de forma a não pensar momentaneamente nos cenários negativos. Eu
apercebo-me que estes desejos da mente são também baseados em medo do negativo
e baseados no desejo de controlar o futuro para corresponder à minha imagem
positiva. Vejo que este padrão é outra fonte de stress e de pressão constantes.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido ter medo da minha própria mente e das imagens que
eu própria crio ou alimento na minha própria mente, que é uma forma de
masoquismo. Ao mesmo tempo, apercebo-me que qualquer reação que eu tenha sobre
cenários positivos ou cenários positivos é outra forma de sabotagem e de
definir a minha realidade nessa polaridade.
Em vez
disso, eu posso ver as imagens da minha mente e decidir por mim e em senso
comum aquilo que é o melhor para mim nesta realidade física, sem me sentir obrigada a seguir a mente.
Quando e
assim que eu me vejo perante um cenário negativo/de dor na mente, eu páro e
respiro. Eu estou agora ciente que estas imagens são uma desilusão, possessão e
distração. Eu ajudo-me a permanecer na minha realidade física e posso
investigar qual é o padrão de medo por trás destas imagens. Ao investigar os
sistemas da minha mente, eu dedico-me a expandir sobre isso na escrita e no
perdão-próprio e a libertar-me destas prisões de pensamentos que eu tenho
construído dentro de mim.
Quando e
assim que eu me vejo a participar num cenário da mente (quer positivo quer
negativo) como se fosse um filme a passar dentro de mim, eu páro e respiro. Eu
ajudo-me a realizar que estes cenários não são reais e que só existem na minha
mente porque eu os permito. Comprometo-me então a deixar estas imagens e, ao
parar estas imagens/cenários, eu começo a recriar a minha realidade aqui, com
base na vida física e nas ações que são viáveis. Apercebo-me também que os
cenários da mente são uma mentira porque só algumas imagens estão disponíveis
(normalmente quando há uma carga emocional) e que a mente está limitada pelo
meu passado.
Quando e
assim que eu me vejo a culpar alguma pessoa pela carga emocional que eu
coloquei num evento, eu páro a culpa e respiro. Eu realizo que a carga
emocional que eu permiti foi da minha responsabilidade e pela qual me tenho
limitado todo este tempo.
Quando e
assim que eu me vejo a guardar esta emoção/memória como forma de proteção para
não me permitir cair na mesma "armadilha", eu páro e respiro. Vejo
também que me habituei a ter estes medos/reações e que é uma forma de conforto
porque "acabei por saber lidar com isto", em vez de realmente parar a
relação de medo dentro de mim própria. Eu realizo que esta luta interior é uma
forma de separação comigo própria porque é baseada no desejo mudar o passado.
Quando e assim que eu me vejo a sentir-me culpada por aquilo que me foi dito
como se eu merecesse sofrer, eu páro e respiro. Eu comprometo-me a restabelecer
uma relação de confiança e de honra comigo própria sem ser baseada em ser
superior, mas simplesmente em estar um e igual à Vida que eu/todos somos.
Eu
apercebo-me que cada memória/emoção/apego às coisas tem a ver com um ponto que
não quero largar, por me ter definido pela minha mente. Eu apoio-me a ver que
este processo trata-se de remover estes sistemas de personalidade baseados em
julgamentos, autodefinições, ideias cujas consequências são contra quem eu Sou
como Vida e como a minha vida estável aqui.
Eu
apercebo-me que me estou a perder como vida de cada vez que participo na mente
e de cada vez que deixo a mente decidir por mim, em vez de me dar a
oportunidade de mudar/aperfeiçoar quem eu sou a cada respiração. Dedico-me
então a praticar tomar decisões com base na realidade física, ao considerar
todos os pontos e em garantir que faço aquilo que é o melhor para mim, e que
pratico essa ação em estabilidade própria, sem esperança nem medo do futuro.
Aquilo que é necessário aqui sou eu, ciente de mim, de quem eu sou nas minha
ações e nas minhas relações com os outros/relações comigo própria. Ao estar
ciente de mim própria, vejo que sou capaz de ser humilde para reconhecer os
pontos a aprender/corrigir e estar confiante de mim a cada momento, em plena responsabilidade
pela criação da minha realidade.
Ilustração: Capa da Entrevista da
Eqafe