DIA 134: Prever as coisas através da mente
Apercebo-me
deste padrão em estado de medo - aquele aperto no peito que surge enquanto
vemos um filme e gritamos cá dentro "cuidado!" como se a personagem
do filme não visse. E não vê. Porque esse medo está em mim, não no outro. É uma
previsão da mente que as coisas vão correr contra nós e contra aquilo que seria
bom para todos. A ideia que se tem de remar sempre contra a maré e contra mim
própria - curiosamente não me lembro deste padrão durante a minha infância. A
bola de neve da acumulação de ideias (a chamada religião do ser) e de
acumulação de previsões de um futuro contra mim só começou a manifestar-se com
o desenvolvimento da mente - quanto mais crescidos, mais porcaria se acumula,
mais noções de certo e errado e maior habilidade para mentir a nós próprios, de
tal maneira que cheguei ao ponto de não saber o que é a honestidade própria e o
que é a desonestidade própria. As crianças, por outro lado, têm muito mais
senso comum e não se permitem contagiar pela podridão de manias que assenta
sobre o mundo.
Prever as
coisas é uma mania e um mecanismo de proteção da mente - uma forma de ter
controlo sobre a minha auto-destruição (um status quo inaceitável), em vez de tomar a responsabilidade de
parar esta bola de cristal mental e permitir-me criar e viver quem eu sou em
honestidade própria.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que a previsão da mente é real.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido seguir as imagens da mente como se esta previsão
estivesse a acontecer, sem me aperceber que estou a permitir ser controlada por
emoções (da mente), por medos (da mente) e assim esquecer-me de mim e do meu
corpo aqui, como se abandonasse o físico que é real.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido estar estável quando olho para aquilo que as
pessoas fazem sem esperar que algo corra mal, ou seja, sem esperar que haja um
acidente ou algo que prove que o medo é real!
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido querer provar a mim própria que a mente é real,
sem ver que esta teimosia me traz instabilidade e portanto em honestidade
própria vejo que não me estou a fazer bem.
Eu perdoo-me por me ter aceite e
permitido participar na auto-destruição de mim própria e do meu corpo ao
permitir adoptar os hábitos da mente e viver para apreciar a mente!
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que a maioria das minhas ações são para
agradar a mente, como se honrásse um deus que só existe em mim e que através
desta imposição a mim própria acabei por criei a minha própria prisão e
limitação de ideias, crenças e expectativas.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que viver para agradar a mente não é
viver porque afinal estou a separar-me de mim e da minha estabilidade própria.
Quando e
assim que eu me vejo a permitir que a mente de ideias, previsões e expectativas
está a controlar-me, eu páro e respiro. Eu devolvo-me a responsabilidade de dar
diração a mim própria para decidir o que faço com base em senso comum e com
base nesta realidade. Eu comprometo-me a parar a esperança e expectativas da
mente porque me estou a distrair de mim e da minha capacidade de estar presente
completa-aqui.
Quando e
assim que eu me vejo a participar na previsão da mente daquilo que eu vou fazer
a seguir ou daquilo que eu penso que os outros vão fazer, eu páro e respiro. Eu
permito-me parar este controlo sobre mim e o controlo aparente sobre os outros,
porque na realidade é a mim que eu estou a criar esta armadilha da mente.
Quando e assim que eu me vejo culpar o outro pela minha sensação de estar
presa, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que cada um de nós só se está a
prender a si próprio. Logo, eu
comprometo-me a parar cada imagem, cada previsão, cada expectativa, cada
crença, cada imagem de futuro, cada imagem do passado, cada esperança e cada
ideia de perda.
Apercebo-me
que este padrão de previsão está "programado" para a morte e por isso
eu dedico-me a "tomar rédea" de quem eu sou, de decidir e viver por
mim, de me descobrir sem a mente e sem os padrões com os quais eu me habituei a
sobreviver. Quando descobri a técnica do perdão próprio não fazia ideia da
ajuda que estava a dar a mim própria. Isto é o começo do meu processo de
renascimento: em vez de esperar pela morte, vou recriar a vida em mim, aqui e
agora que é aquilo que realmente existe.
Ilustração: Sleep of reason brings monsters (2005) por Andrew Gable
mixed media on paper 16x20inThe Accumulation of Moments Squandered – An Artists Journey To Life: Day 147http://wp.me/p2mGTf-b4