DIA 132: Porque ainda choro a ver filmes e a ver esta realidade...
A raiva do filme não era real, a emoção do filme não era real, a tristeza do filme não era real e mesmo assim eu deixei-me contagiar pela mistura emocional "infalível" - porque inconscientemente estava a projetar esses eventos e medos na minha vida - o potencial de uma família que quando pensava estar segura foi invadida pela morte e pela revolta. A relação de suposta perfeição que estava a ser projetada nas personagens desvaneceu-se. Porque é que esta história me está a afectar desta maneira? Porque é que eu chorei? Para mim, foi a revolta perante a estupidez humana e o desperdício do nosso potencial enquanto estamos vivos.
Eu própria
desejei crescer para mudar e acabei por criar o meu próprio labirinto de
ilusões, medos e desonestidades próprias. Chorava porque queria que a história
da série fosse diferente -queria que houvesse o dito final feliz para me
convencer que está tudo bem embora saiba que nem tudo está bem. Aliás, o mundo
é o reflexo do estado do ser humano por isso este mundo está a gritar e a
chamar pela nossa atenção. Perante tal envolvimento emocional perguntei-me: What the fuck? O que é que eu posso e tenho de mudar na minha vida
para fazer com a MINHA história seja diferente? Em vez de estar neste modo de
impotência e vontade de mudar o filme, porque não aplicar esta energia toda a
realmente conhecer-me e a ser assertiva com a minha decisão de mudar? Eu sei
que não posso mudar o guião do filme, mas posso e devo reescrever o Meu guião -
e criar-me a partir de um novo ponto de estabilidade.
De dentro para fora - o mundo somos nós.
A História
do mundo tem também de ser reescrita a partir de novos princípios - não deixar
que os padrões da TV e da mente humana invadam o potencial da vida em
Coexistência entre os humanos e os animais; não se permitir ficar cego de
ilusões e esquecer que nós somos a solução para nós próprios; não deixar que a
impotência perante uma série me faça pensar que há alguém a escrever o guião da
minha vida por mim; não se permitir tomar partidos que sejam contra a Vida em
igualdade. Porque não aproveitar esta oportunidade e canalizar a minha atenção para mudar esta
realidade que os meus olhos vêm: conflitos, ciúmes, crime, violações, morte,
pobreza, injustiça, comodismo, medo, passividade, aceitação, ódio, ilusões,
esperanças, arrependimentos, remorsos, hesitações, complicações, mentiras,
percepções e projeções. Ao parar estes padrões em mim eu estou a viver o
processo de mudar de dentro para fora e a não permitir que a realidade que eu
crio seja baseada em tal instabilidade.
Uma reação
semelhante ainda ocorre em mim quando vejo documentários sobre situações de
pura ganância e injustiça. Começo por questionar a origem da revolta em mim, a
origem da tristeza em mim, a origem das emoções em mim quando vejo estas cenas
nas séries e filmes; e perceber que é esta realidade que eu posso mudar - posso
mudar aquilo que eu tenho aceite até agora como normal - a violência (em mim
própria) não é aceitável, o conflito (em mim própria) não aceitável, o ódio (em
mim própria) não é aceitável, as reações (em mim própria) não são aceitáveis, a
(auto) destruição não é aceitável. A partir desta realização, eu apercebo-me
que é da minha responsabilidade não me permitir criar uma realidade baseada
nestes padrões que são contra a Vida em mim, contra os outros e contra o
potencial de um mundo melhor para todos.