DIA 130: Parar de poluir o mundo com a mente - ver o mundo com a ajuda de um cão...
Após um
longo dia de trabalho, dei por mim em total descontração e calor humano - num
centro comercial onde normalmente só há vultos, luzes e preços, hoje havia
vivacidade - ou pelo menos era isso que os meus olhos viam: uma organização
estava a promover o trabalho dos cães-guias e estes amigos caninos estavam
presentes - realmente presentes, aqui, a respirar, focados na sua missão! Eu
estava radiante e nesse momento aquele centro comercial pareceu-me um sítio com
vida... Porque é que às vezes vejo vida e outras só morte? Porque é que eu não
me permito ver a vida como aquilo que é/como quem nós realmente somos? Porque é
que não nos permitimos existir num espaço, aqui, onde eu estou e os outros
estão e todos coexistimos? Porque é que até agora não me permiti ver que o
cansaço do final do dia é uma lavagem cerebral, de impotência e de queixa,
acreditando que a vida é "sempre isto"?
O
"sempre isto" é de facto uma oportunidade de começarmos a Viver,
respiração em respiração. O "sempre isto" deixa de ser a rotina da
mente, e passamos a SER a estabilidade da respiração.
Desta vez
até voltei atrás para fazer mais festinhas os meus "amigos caninos" -
ou seja, não me permiti criar stresses com as horas por já ser tarde - não
haviam ideias sobre o tempo ser tarde! Era o tempo que era, e eu estava ali,
tal como vou estar noutro lugar, a outra hora, mas sou sempre Eu, aqui, com os
outros.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido estar estável na presença de todos os seres,
quer sejam seres humanos ou animais, numa estabilidade física que não implica
os julgamentos, medos, polaridade e instabilidade da mente.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido viver a igualdade na prática em relação à
minha relação com os outros seres-vivos e, assim, viver relações estáveis, de
dentro para fora, para que as nossas relações sejam de apoio mútuo e o melhor
para a nossa coexistência.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver/realizar que qualquer reação ou irritação
que tenham em relação a outros seres-humanos é apenas o reflexo de
reações/irritações que tenho comigo própria. Ou seja, apercebo-me que a
realidade é estar/existir estável como Vida e que qualquer excitação/irritação
projectada nos outros é um sinal de que eu não estou estável comigo própria e
que não estou a ser honesta comigo própria.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido estar aberta a mudar a minha presença quando
eu vejo que não estou a ser honesta comigo própria/com os outros - reações,
irritações, sem paciência, culpabilização, julgamentos são indicadores da
interferência da mente.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido julgar a minha expressão de hoje como sendo
excessiva, o que é baseado na comparação com as vezes em que eu estou
stressada, monótona e irritada com(igo) tudo e com tudos. Vejo que nenhum
destes julgamentos é real, pois só a minha presença é real - por isso, se eu
vejo que a minha presença está a ser desonesta porque estou a culpar os outros
pelos problemas que eu criei em mim própria, eu páro e respiro; se eu vejo que
a minha presença está a ser sabotada por energia "positiva" como
motivações, desejos e imagens, eu páro e respiro.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido estar estável no final do dia, sem projectar
o cansaço nem qualquer insatisfação - eu páro esta "bola de neve",
respiro, e permito-me recomeçar o dia neste momento, como nova, a agir de
maneira diferente daquela que eu acho que tenho razão para estar sem
paciência/aborrecida. De facto, é no final do dia que eu sinto o cansaço físico
e que tenho de me ajudar a estabilizar e a fazer as coisas de modo a apoiar-me
e não o contrário.
Eu
comprometo-me a estar ciente da minha presença física ao fim da tarde e
perceber qual é o ponto de partida das minhas reações/projeções ou das minhas
excitações de modo a trabalhar a minha estabilidade e garantir que toda a minha
presença é em expressão própria em honestidade comigo e com os outros.
Quando e
assim que eu me vejo a pensar que tudo é monótono e que as pessoas são uma
seca/infelizes/apressadas, eu páro o julgamento (próprio), respiro e corrijo a
minha presença e assim páro de projectar
os julgamentos da mente naquilo que eu vejo e parar de ser uma
"seca/infeliz/apressada".
Eu
comprometo-me a parar de poluir o mundo com as merdas da mente e começar a
existir como a solução para mim própria - por exemplo ao simplesmente ver onde
estou a punir-me com julgamento e parar este abuso próprio; ver onde é que eu
estou a criar um padrão do qual não estou satisfeita e assim dedicar-me a mudar
a minha atitude; ou a criar soluções para planear o meu tempo de modo a não
existir em pressa e distraída de mim/da realidade à minha volta.
Eu
comprometo-me a parar o julgamento do centro comercial que é estar a condenar a
minha presença e a criar uma realidade de "castigo", obrigação e
contradições - em senso comum eu vejo que, se eu estou aqui, então eu existo
aqui e a vida é aqui em mim. Cabe a mim própria parar de participar na criação
do castigo. Quando e assim que eu me vejo a sufocar em julgamentos em vez de me
permitir estar completa na minha presença, eu páro e respiro. Eu liberto-me da
mente a cada respiração e permito-me tomar direção para não andar em círculos
(da mente) e começar a ser eficaz e fazer as coisas na perfeição/em plenitude.
Quando e
assim que eu me vejo a participar na polaridade de excitação para compensar os
dias em que eu estive desanimada, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que isto é
simplesmente manter a frição de energia da mente, em vez de realizar que
nenhuma destas experiências são honestas comigo propria, em estabilidade e
direção propria.
Eu
comprometo-me a viver a decisão de começar a viver a cada respiração, presente,
igual aos outros seres-vivos. Eu permito-me parar de julgar os momentos como
"negativos" ou "positivos", porque ambos são lentes da
mente. Sem a mente eu expresso-me incondicionalmente.
Quando à
monotonia de passar todos os dias pelo centro comercial ou pela estação de
metro, a única coisa que neste momento eu sugiro é que cada um de nós comece a
considerar outras maneiras de gerir o mundo económico, para deixarmos de ser
escravos e passarmos a ser criadores de um mundo melhor para todos. Eu sugiro o
Equal Money.
Referências:
Foto: Joanalivemedia