DIA 177: Sobre o desejo de beber
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que beber é normal só porque a maioria
das pessoas que eu conheço bebe - apercebo-me que esta é uma influência do
ambiente/cultura em que eu nasci mas que fui eu quem me permitir ser
influenciada por isso.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido ter medo de fazer as coisas diferentes daquilo
que é supostamente a norma no ambiente à minha volta, em vez de decidir por mim
aquilo que é o melhor para mim e aquilo que não é o melhor para mim.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que ficar bezana me faz sentir mais do
que quem eu sou sem o efeito de álcool.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que a extroversão da minha mente sob o
efeito de álcool é real.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido anular a minha direção sob o efeito de álcool no
meu corpo em demasia, sem ver que quanto mais eu bebo mais eu amplifico a mente
e suprimo o meu Ser.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver e perceber os interesses que existem por
trás da publicidade para se consumir álcool, porque isso desempodera as
pessoas, separa-nos da nossa vontade própria e nos mantém entretidas nos altos
e baixos da mente.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que o
álcool cria sistemas nos seres humanos e que estes sistemas não
representam a Vida que realmente somos.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que eu era honesta
na minha conversa com os outros quando estava bezana, em vez de ver que não
estava a ser honesta comigo própria (com a Vida que eu Sou).
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido desejar tirar as preocupações de cima de mim com
a ajuda de álcool e acreditar que magicamente isso fosse resolver as minhas
preocupações.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido manipular as minhas memórias de modo a pensar que
tudo era tranquilo nos momentos de embriaguez, quando afinal estas memórias
escondem momentos de agonia, de confusão, de má disposição matinal e de
impotência motora.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar e até desejar que o álcool me trouxesse
"a luz" para os meus problemas, sem ver que com isto eu estava a
suprimir-me ainda mais e a não me permitir ver e ser a solução real e a longo
prazo para os meus problemas.
Eu
apercebo-me que a instabilidade que o excesso de álcool ou qualquer traço de
álcool me dá não é o melhor para mim. Visto que aquilo que eu quero é
empenhar-me em auto-ajudar-me a resolver os meus problemas da minha mente, o
efeito supressivo e superficial do álcool não me ajuda de todo no meu processo,
antes pelo contrário, o álcool alimenta os padrões da mente.
Quando e
assim que eu me vejo a lembrar os momentos de diversão e festa em que eu estava
sob o efeito de álcool, eu páro as imagens e respiro. Estou ciente que qualquer
ideia, imagem ou associação que surgem da mente são feitas de energia que
manipula a minha presença no momento presente. Por isso, comprometo-me a
respirar, a permitir-me estar estável no presente e a desvendar os padrões que
existem em mim e que a mente me está a mostrar.
Comprometo-me
então a escrever sobre os padrões de comportamento e pensamento que visualizo
na mente e dedico-me a fazer as pazes comigo própria através do perdão próprio
e a restabelecer a minha relação comigo própria.
Eu
comprometo-me a restabelecer a minha confiança na decisão de não adoptar
influências nem personalidades que não são o melhor para mim. Quando e assim que eu me vejo a pensar que eu ou os outros somos superiores sob o efeito de álcool, eu páro a mente e respiro. Apercebo-me que qualquer julgamento da mente não é real e que é uma distração para não ver a igualdade e unidade entre todos nós.
Ao mesmo tempo,
comprometo-me a viver a decisão definitiva de não usar o álcool com o intuito
de ficar bêbeda. Em vez disso, quando e assim que eu me vejo a pensar na
possibilidade de beber, eu páro, respiro e ajudo-me a ver o que está por trás
deste desejo e ajudo-me a ver como é que eu posso mudar o meu dia-a-dia para
não criar desejos separados de mim.
Por exemplo
no emprego, eu comprometo-me a ter calma comigo própria e a não criar pressão
no meu dia-a-dia. Para isso, ajudo-me a planear as várias tarefas
realisticamente e a ser honesta com o tempo que as coisas levam a fazer. Em vez
de querer parecer aos olhos dos outros mais organizada do que aquilo que eu
estou a ser, eu dedico-me a ver a pressão que EU estou a criar para mim
própria. Nisto, quando vejo que a mente está a ir demasiado depressa, eu
ajudo-me manter o plano e a ser consistente na minha organização e a comunicar
aos outros quando não irei conseguir cumprir o plano.
Eu
comprometo-me a investigar as supressões sexuais que se manifestaram da última
vez que bebi, em vez de levar a peito quaisquer desses desejos e imagens da
mente. Por exemplo na minha relação com os homens, eu dedico-me a investigar os
desejos de uma imagem de perfeição física ou os desejos de afecto.
Apercebo-me
que passei a ver o afecto/conforto como algo que me é dado por alguém (um
homem) em vez de me dar afecto e criar o meu conforto e confiança em mim incondicionalmente,
sozinha ou acompanhada. Por isso, eu comprometo-me a ver as situações eu não me
estou a dar afecto e, nos momentos em que surge o desejo de ter alguém a dar-me
esse afecto, eu páro esta separação e respiro. Dedico-me então a cooperar
comigo própria, a ter paciência comigo e
a dedicar tempo para as minhas coisas que requerem a minha atenção/afecto e
dedico-me a cuidar do meu corpo.
Apercebo-me que se trata de aplicar o princípio de auto-compaixão:
Dar-me a mim própria o relaxamento que desejo que os outros (ou o álcool) me dêem.