DIA 172: Quem corre por gosto não cansa... toca a praticar, praticar praticar!
Esta expressão surgiu depois de ter escrito o perdão
próprio sobre a Carreira profissional: pressão, limitação ou EXPANSÃO? e apercebi-me que fazer
as coisas com gosto é fazê-las com gosto próprio. Ou seja, dedicar-me
incondicionalmente, aplicar novas soluções para me aperfeiçoar e tornar-me mais
eficaz com o tempo que eu tenho. E, como também já foi referido anteriormente, tudo
isto requer prática e isso aplica-se em tudo: na escola, nas actividades
profissionais, nos tempos livres, no sexo, na comunicação com os outros, no desporto,
na música, etc.
É interessante que há esta crença (ou pelo menos eu costumava pensar
nisto) do talento de Deus em que não se precisava de fazer nada e, como por
magia, seríamos sábios, ou excelentes pianistas, ou uns génios da matemática.
Isto é um exemplo de como a mente funciona - salta de um pensamento para o
outro sem realmente considerar todos os passos essenciais para que se vá de um
objectivo à sua realização. Apesar da mente funcionar com hábitos,
aparentemente não gostamos da repetição - chamamos-lhe "monotonia" ou
"seca". No entanto, será monótono ganharmos sempre a lotaria? Será
monótono termos comida na mesa todos os dias? Será monótono estarmos estáveis
dentro de nós?
A resistência da mente manifesta-se na resistência a mudar-se de hábitos e, para se mudar de hábitos, é preciso praticar-se soluções até nos tornarmos essas soluções e seja algo natural na nossa expressão, na nossa comunicação, na nossa relação com os outros e na nossa relação com nós próprios. E tudo isto se pratica: A escrita pratica-se, a comunicação pratica-se, a descoberta de nós mesmos pratica-se, o perdão próprio pratica-se, a honestidade própria pratica-se, a segurança pratica-se, a auto confiança pratica-se...
Talvez seja por isso que eu sempre adorei estar com crianças e aprendo
com elas, porque normalmente as crianças não desistem daquilo que estão a fazer
- as crianças crescem a praticar as coisas novas e nós assistimos ao seu
desenvolvimento e progresso. Elas praticam a linguagem, praticam a expressão
corporal, praticam a escrita, praticam a curiosidade, praticam a memória,
praticam as brincadeiras, etc... A partir do momento em que nos definimos como
personalidades e julgamentos próprios começamos a perder a vontade e agilidade
de mudar - porquê? Porque paramos de praticar as coisas novas, focamo-nos na
mente de ideias, julgamentos e definições e deixa de haver tempo e espaço para
expandirmos quem somos fora destas ideias, julgamentos e definições. Para além
disso, passamos a acreditar que as pessoas à nossa volta esperam que nós nos
comportemos de determinada maneira e acreditamos que essa relação com o outro é
real.
E não será isto também uma monotonia? Não serão os adultos uma
"seca"; não será por isso que a política actualmente é vista como uma
"seca"? Onde é que existe liberdade de escolha quando afinal nem a
nós mesmos nos conseguimos libertar de ideias acumuladas ao longos dos anos que
afinal já não se aplicam a esta realidade?
Quando é que nós aceitámos e permitimos que a ideia de que as
"coisas são sempre assim" nos limitasse enquanto sociedade? Quando é
que nós nos permitimos e aceitámos ser sacrificados? - A religião? Garanto-vos que
Jesus não era nenhum sacrificado!
O medo inicial de romper estas ideias é forte -
vejamos, há o medo da perda de relações, o medo de largar a âncora dos
sacrifícios, o medo de se voltar à "estaca zero" que representa o
medo de se perder as personalidades, o orgulho, a riqueza, a imagem que se
criou de si próprio. E se eu vos disser que todas estas ideias, personalidades,
relações, sacrifícios, riqueza e imagem não são reais? E se afinal isto não
seja realmente Viver quem nós somos? Faremos
ideia daquilo que andamos a perder?