DIA 152: Não permitir ser controlada... Pela mente dos outros?
Se eu não
posso confiar na minha própria mente, como é que ainda me permito confiar na
mente dos outros?
Até agora
ainda não tinha dado um nome a este fenómeno de influência mental, mas
tornou-se claro que se trata de permitir ser controlada pela conversa da mente
dos outros e que ecoa na minha.
Apercebo-me
que aquilo que me é dito pelos outros torna-se numa semente de pensamentos que
eu adopto como meus, sem ver que na realidade estou a permitir ser controlada
por toda esta conversa da mente tal e qual uma esponja que absorve aquilo que
ouve, vê e aceita. Estou neste momento a investigar a origem desta influencia
que eu tenho aceite como sendo normal, sem ver no entanto que estou a
permitir-me ser controlada pela instabilidade típica da mente humana. O facto
de ser a filha mais nova implicou ter como referência pessoas mais velhas e
acreditar/confiar que estas estavam sempre certas e, consequentemente, eu
estaria confiante ao segui-las. Recentemente vi este padrão manifestar-se na
minha vida, mas desta vez num cenário diferente e sem qualquer laço familiar,
embora se mantivesse a diferença da idade. De um momento para o outro, adoptei
a opinião do outro como sendo a minha.
Durante este
processo, não me apercebi como eu estava a participar no problema em vez de ser
a solução - como se me tivesse juntado à causa como mais uma vítima, a
queixar-me e a entregar-me à sensação de inferioridade. Passado alguns dias a reflectir e a escrever sobre este controlo mental, eu
apercebo-me que esta sensação de injustiça e a vontade de "largar
tudo" em tom de amuo tiveram como ponto de partida o estímulo de mudar o
sistema e, ao mesmo tempo, a sensação de vergonha por não o ter conseguido, tal
e qual expectativas da mente que não foram correspondidas na vida real.
Ou seja, no
final de contas a minha vontade de mudar as coisas não vinha de dentro para
fora, mas de fora para dentro, pela vontade de querer ser bem vista pelos
outros e ser reconhecida. A verdade é que é inútil querer ser reconhecida pelos
outros sem primeiro me conhecer a mim própria e Ser quem eu realmente quero
ser, livre de julgamentos, de ideias, de crenças, de expectativas e de
condições que eu impus para mim própria como se a mim me encostasse à parede.
Ilustração de Scott Cook