DIA 143: O medo de não ser pontual
Esta sempre
foi uma luta. Perguntava-me e ainda me pergunto: como é que eles conseguem?
Como é que as minhas amigas conseguem chegar a horas? E ainda por cima antes da
hora!
Esta luta
interna durou até há bem pouco tempo. Abri este ponto durante o fim de semana
entre conversas, escrita, choro e entendimento... E o ponto esteve sempre aqui,
mesmo à minha frente, em cada passo, em cada pensamento, em cada plano do dia
seguinte, em cada memória e stress de ser sempre a última a chegar à sala de
aula.
Até agora
parava na culpa dos pais - "chego atrasada porque não m levam a
tempo". Ao viver sozinha, continuei a chegar tarde: A tendência de me
imaginar a não acordar a horas - a imagem de acordar, olhar para o relógio e
ser a hora de estar a chegar ao trabalho! Que pesadelo de cada dia... Mas já
não havia des-culpa. Culpar o passado não ajuda no presente. Vivo o padrão em
carne e osso e o stress é real. A insegurança de não chegar a horas, de
imaginar imprevistos como se o mundo inteiro estivesse contra a minha
capacidade de chegar a horas. Imagino até o cúmulo de chegar antes da hora e,
por alguma contra-tempo, acabo por ficar pelo caminho! E assim aceitei a ideia
de "não sou pontual; a pontualidade não é para mim." Cheguei ao ponto
de deixar de usar relógio, por pensar que nem o tempo me controlava, como se
pensar ser livre me fizesse menos escrava. O pior cego é aquele que não quer
ver... Escrava da memória de chegar tarde aos sítios, da imagem do stress de
fazer tudo a correr, do medo de reviver essa frustração, da vergonha de não
cumprir a minha palavra, da resistência em não conseguir fazer aquilo
que eu planeei!
A dimensão
do medo:
O medo de
reviver a imagem de olhar para o relógio e estar a sair à hora que eu combinei
estar no sítio combinado.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido criar na minha mente a ideia de que vou acordar
em cima da hora na manhã seguinte e participar na ansiedade como se aceitásse
que vou criar uma realidade contra mim própria.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido tomar a decisão de mudar a imagem que eu
criei de mim própria em relação às horas e, assim, recriar esta relação parar
ser uma relação de cooperação.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido castigar-me com a ideia que vou chegar tarde
porque me deitei tarde, e assim permitir que a minha manhã seja definida pela
minha noite, em vez de me dar direção a cada momento da minha respiração/que
estou aqui.
Quando e
assim que eu me vejo a pensar que se me deitar mais tarde do que a hora que sou
suposta ir para a cama é sinal que tenho uma desculpa para me atrasar de manhã, eu páro e respiro. Apercebo-me que estou a criar justificações para uma situação que não existe mas que estou deliberadamente e aceitar criá-la para mim. Vejo que estou deliberadamente a criar o contrário daquilo que realmente quero fazer, porque não estou a fazer aquilo que é o melhor para mim.
Quando e
assim que eu me vejo a participar no stress da imagem de mim a fazer tudo à
pressa de manhã, eu páro e respiro. Em vez disso, eu permito-me planear a manhã
da melhor maneira e com soluções práticas, por exemplo, escolher a roupa do dia
anterior, arrumar o quarto de modo a ter o caminho desempedido de manhã, ter as
coisas à mão para o dia seguinte, por exemplo.
Quando e
assim que eu me vejo a imaginar que o meu telemóvel tenha uma falha e não toque
o alarme, eu páro e respiro. Em vez de arquitectar justificações para me
atrasar, eu posso simplesmente ter um segundo despertador e comprometo-me a
viver a decisão de acordar com qualquer um dos dois despertadores. Quando e
assim que eu me vejo a pensar que vou esperar pelo segundo toque, eu páro e
respiro. Eu apercebo-me que é aqui que reside a "porta aberta da
mente" em que afinal tenho permitido a hipótese de não acordar com o
primeiro despertador!
Eu
comprometo-me a tomar a decisão de acordar à hora
x e de realmente me levantar à hora x,
sem me permitir arranjar desculpas para não o fazer, como por exemplo a ideia
que me deitei mais tarde do que era suposto. Eu apercebo-me que sou responsável
por parar o padrão da justificação da mente, e simplesmente fazer as coisas em
senso comum - eu comprometo-me a acordar com tempo suficiente para tomar conta
de mim de manhã, passo a passo, a cada respiração.
A
continuar...