DIA 245: A personalidade dupla começa em casa
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Aquilo que
eu vejo cada vez mais é que o "segredo" pode ser irrelevante - aliás,
muitas das vezes só é segredo para a própria pessoa porque é a única que se
habituou a ser guardiã de uma reputação que só existe na sua própria
auto-definição, - no entanto, a resistência para nos conhecermos a nós mesmos é
preocupante e é ainda mais preocupante que não haja uma cultura de
honestidade-própria em cada um de nós.
Esta dupla
personalidade que se começa a manifestar é então baseada em medo: o medo de não
corresponder a uma imagem que os pais parecem desejar ver nos filhos, como se
houvesse um holograma projetado no pequeno ser-humano! Enquanto que esse
holograma esconde realmente quem o novo-ser é, a criança vai usá-lo como um
escudo de proteção para continuar a viver nessa aparência de relação perfeita
na presença dos pais, embora por dentro haja uma série de perguntas sem
resposta nem entendimento. A partir de certa idade, é dito aos filhos que eles
já têm idade para serem responsáveis... Como é que a idade determina um
elemento que devia ter sido construído passo a passo? A responsabilidade
própria é baseada na capacidade de se conhecer a si próprio, de compreender os
seus próprios problemas e ser capaz de encontrar uma solução (mesmo que isso
implique pedir a ajuda do outro). Para isso, a base da honestidade própria é
essencial, de modo a não rotular as experiências como "boas" ou
"más", mas perceber como é que a estabilidade tem de ser criada
dentro de si mesmo, sem julgamentos de valor sobre a sua própria vida e aberto
à possibilidade de mudar o comportamento em humildade. Esta é a honestidade
própria que os pais devem viver como exemplo para que a geração seguinte não
passe pela mesma confusão interior que provavelmente os pais passaram no tempo
deles.
Como é que
seria uma cultura de honestidade-própria entre pais e filhos? Primeiramente, a
partir da responsabilidade dos pais em se auto-conhecerem, perceberem de onde é
que as suas reações, paranóias e medos vêm antes de projectarem essa
"bagagem" no novo ser. Isto é possível através de uma escrita diária
para se compreender a mente e re-educar-se a si próprio. O perdão-próprio é
extremamente eficaz para abrir várias camadas da nossa mente em honestidade
própria e, finalmente, segue-se o
compromisso em mudar-se aquilo que não se vê ser benéfico para si nem para os
outros. Ao limparem o seu próprio baú mental, não irá haver julgamento sobre o
comportamento dos filhos, porque o julgamento é substituído pela compreensão e,
finalmente, pela ajuda a superar qualquer ponto que a criança esteja a
manifestar. Para que a comunicação seja eficaz entre pais e filhos, terá de
haver uma disciplina em realmente viver-se como exemplo: quantas vezes os pais
evitam explicar os problemas aos filhos com base na desculpa de que eles não
irão compreender? Provavelmente eles não precisam de saber os detalhes mas no
entanto as crianças não são tótós e, mais cedo ou mais tarde, irão
questionar-se, por isso é mil vezes melhor que uma relação de comunicação
incondicional seja estabelecida com os filhos de modo a que os padrões sejam
clarificados e a criança esteja esclarecida em tudo aquilo que vê e ouve.