DIA 244: Nada a esconder
Dei por mim
recentemente a preencher um formulário da junta de freguesia local (aqui em
Londres é o Council) e tive a memória de
um amigo meu a ter resistência em partilhar este tipo de informação. Ele tinha
as razões (justificações) dele. Perguntei-me então quais seriam as razões para
eu não ser transparente e verdadeira nos meus dados pessoais e porque razão
haveria eu querer esconder-me de mim própria, visto que se trata dos meus
direitos como residente ter uma voz nas decisões locais. Curiosamente,
apercebi-me que ao exigir transparência de mim própria então não há qualquer
reacção quando os outros (neste caso o Council)
exige transparência de mim. Naquele momento de reflexão, apercebi-me que uma
das razões pela qual não se quer desvendar os detalhes pessoais é o medo de se
ser perseguido por alguma conta que não tenha sido paga, por exemplo. Ou seja,
voltamos à questão do dinheiro que nos mantém separados uns dos outros, no
entanto, ao ver que eu própria estava a criar esta ansiedade em mim, tomei esta
oportunidade para reformular os meus pagamentos, garantir que estava tudo em
ordem e tomar responsabilidade pelas minhas obrigações como cidadã.
Depois de
ter resolvido este ponto/medo em mim, comecei então a ver que outros temas ou
assunto ainda são tabus em mim e sobre os quais eu evito ainda escrever e que eu
projecto no meu futuro. A minha mente mostra-me então o medo de ser notícia de
jornal e de estar numa posição de ataque pelos media,o que ultimamente é o medo de ser excluída e gozada. De onde é que vem este
medo? Este medo foi criado em mim muito provavelmente pela influência dos
próprios telejornais e da maneira como as pessoas se permitem tratar e remexer
nas vidas das pessoas para criar histórias em nome dos ratings de audiências. Também vejo a ideia de querer ser parte do grupo da escola para me sentir "protegida" dos "outros". Mas acima de tudo, este medo da mente
tocou no ponto de eu garantir que me conheço a 100% e que estou estável em mim
em relação a tudo aquilo que eu sou, sem nenhuma agenda de medo ou de vergonha
de mim própria, ou uma imagem que não seja a minha honestidade própria e o meu próprio exemplo. Assim, independentemente do
brainwashing que possa haver, eu mantenho-me estável incondicionalmente,
porque não há razão e não há tempo a perder com os medos, paranóias e
julgamentos da mente. Ao ser honesta comigo própria eu garanto que sou honesta
com os outros e naquilo que eu faço.
Quando se
entra no rodopio da mente, há duas hipóteses: ou se mantém a desonestidade
própria e "vive-se" na paranóia da mente até à morte (o que não é
recomendado) ou se começa o processo de honestidade-própria, responsabilidade
própria e de correção. Quando eu me refiro à correção, esta é essencialmente
pararmos os pensamentos que temos de nós próprios, as conversas mentais que
permitimos ter, os ressentimentos, os arrependimentos, as ideias e os medos que
condicionam e limitam a nossa ação. Conhecermo-nos a nós próprios sem nada a
esconder de nós mesmos é a única maneira de mudarmos aquilo que aceitamos ser e assim recriarmos o nosso presente e futuro, de modo a não repetirmos os padrões
manifestados no passado. O Perdão-Próprio é sem dúvida das melhores coisas que
podemos dar a nós mesmos, neste processo de auto-conhecimento e mudança para
uma melhor versão de nós mesmos e da nossa própria Vida.
Ilustração: Imagem original em http://www.eleitoralbrasil.com.br/index.php/txt/ler/209