DIA 189: "Quem foi ao ar perdeu o lugar"?... Educados a ser rivais e a competir
Isto de
estar ciente das minha personalidades tem que se lhe diga! Tem sido cada vez
mais fácil ver as personalidades surgirem no meu dia-a-dia, como se
visualizasse o padrão e percebesse como ele funciona desde o momento em que me
torno a personalidade e as consequências na minha realidade. Estar ciente
destas personalidades é o primeiro passo para ver a origem, perceber as
consequências que ando a criar para mim própria e finalmente mudar para o
melhor de mim.
Hoje
enfrentei a personalidade da rivalidade numa situação que talvez vos seja
familiar: a famosa lenga-lenga do "quem foi ao ar perdeu o lugar".
Fomos tão "bem educados" que continuamos a viver essa ideia na vida
adulta. No meu exemplo, eu estava num lugar no ginásio durante a primeira parte
da aula de dança e, quando saí para beber água no intervalo, uma pessoa tinha
ocupado aquele lugar. No espaço de
segundos, perante aquela MUDANÇA eu senti a reação, depois a vergonha e a raiva: a reação de ver o meu lugar ocupado; vergonha ao pensar que as
outras pessoas que assistiram à cena estavam a pensar que eu fui
"ultrapassada" e portanto sou inferior; e raiva em relação à pessoa
que eu pensei ter tido a lata de usar o intervalo para avançar para a linha da
frente.
Ao escrever
esta situação, vejo que este cenário se repete todos os dias na fila para
entrar para o metro: há quase sempre uma fila e, quando o metro abre as portas,
há pessoas que tentam avançar e ultrapassar a pessoa da frente. Perante este
comportamento social eu manifesto uma sensação de inferioridade em relação à
pessoa que avançou sem respeito. Pergunto-me: - Porquê julgar como superiores
aqueles que não respeitam os outros? Por outro lado, porque é que eu me deixo
afectar quando assisto (ou sou vítima) deste tipo de comportamento? Porque é que não
me permito estar estável em mim, naquilo que eu faço, sem ir para o backchat da
mente de julgar a outra pessoa como superior ou como imbecil?
Em relação à
experiência desta manhã, eu apercebi-me o quão perturbante foi ficar permeável
aos pensamentos da mente porque a partir deste episódio estive menos focada,
distraída e mais descoordenada. Levei alguns momentos a estabilizar-me com a
respiração e a fazer paz com a muDANÇA, ver que havia MAIS lugares e realizar que
"ter perdido o lugar" era irrelevante para o meu propósito de DANÇAR,
me divertir e de seguir os passos. Escrevo aqui o perdão próprio e as
afirmações de auto-correção para prevenir esta reação dentro de mim e esta auto-sabotagem no futuro.
Perdão-Próprio:
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido sabotar a minha decisão de dançar com o episódio
inesperado de ter "perdido AQUELE lugar na sala".
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido ver que AQUELE lugar é um lugar num espaço
que é a sala e que serve apenas o propósito de ter pessoas, sem necessidade de
criar uma relação com AQUELE lugar.
Eu perdoo-me
por não me ter aceite e permitido estar incondicionalmente estável em vez de
absorver as ações dos outros e tomá-las como pessoais. Nisto, eu perdoo-me por
me ter aceite e permitido comparar a minha dança com a dança da pessoa que
ocupou o meu lugar, o que mostra a competição da mente para manter esta luta
dentro da mente contra a outra pessoa.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido levar a atitude da outra pessoa como uma ofensa e
como uma "guerra aberta" ao ter ocupado o meu lugar. Eu perdoo-me por
me ter aceite e permitido participar em guerras de competição dentro da minha
mente e assim estar a criar separação física que na realidade não existe - eu
vejo agora que estávamos ambas na mesma sala e que os lugares são criados onde
quer que haja um espaço livre.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido definir-me pelo lugar onde eu estou em vez de
viver a decisão de ser estável e ciente de mim em qualquer lugar e a qualquer
momento.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido participar na imaginação da mente de falar com a
rapariga para sair do meu lugar.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido reagir com um "grrrrr" e submissão à
vontade da outra pessoa, em vez de decidir dar-me direção-própria, observar um lugar livre e em senso comum criar a minha estabilidade, sem ficar "agarrada" à atitude da outra pessoa.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido pensar imediatamente que a outra pessoa foi ruim
e que fez de propósito para aproveitar o intervalo para ser gananciosa. Ao
trazer o ponto para mim própria, eu vejo que EU estava a ser gananciosa sobre aquele lugar e a
considerar a hipótese de "ter o lugar de volta" no próximo intervalo.
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido dançar no lugar novo contrariada e pensar que o
outro lugar era melhor porque via o espelho. Nisto eu apercebo-me que as
conversas da mente criam mais distração e "estragos" do que o facto
de não ver o espelho!
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido calar a mente e o
conflito da mente para me permitir viver a decisão de SIMPLESMENTE estar ali,
sem relações com o lugar ou com as pessoas, mas SIMPLESMENTE presente, em mim,
física, a dançar!
Eu perdoo-me
por me ter aceite e permitido acreditar que se a outra pessoa tivesse
comunicado comigo com um "desculpa" ou ao perguntar se eu queria
aquele lugar de volta, então eu não ficaria chateada. Eu apercebo-me que o
ponto de não ficar chateada é independente da atitude da outra pessoa. Nisto eu
apercebo-me que QUEM EU SOU não é dependente de quem OS OUTROS SÃO.
Afirmações para auto-correção:
Eu
comprometo-me a parar a sabotagem da mente quando vejo que estou a ser
perturbada por um evento que não estava "agendado". Em vez de reagir,
eu ajudo-me a procurar uma solução perante a nova situação e a garantir que me
ajudo a estabilizar, em vez de agravar a situação dentro de mim!
Quando e
assim que eu me vejo a lutar na mente contra uma pessoa que tenha ocupado o meu
lugar, eu páro a mente e respiro. Eu apercebo-me que a luta da mente é uma luta
comigo própria e que não é isto que eu quero para mim.
Quando e
assim que eu me vejo a julgar-me como fraca porque eu não reajo com a outra
pessoa, eu páro e respiro. Eu comprometo-me a ver as coisas e agir em senso
comum - se vir que é relevante falar com a outra pessoa eu falo, se não eu
permito-me viver a decisão de não falar e de parar qualquer conversa na mente.
Quando e
assim que eu me vejo a julgar a outra pessoa como "má",
"ruim", "estúpida", "gananciosa", superior"
(curiosamente associamos a ganância à ideia de superioridade), eu páro e
respiro. Eu apercebo-me que na minha Vida sou eu quem decido quem eu quero ser
a cada momento. Nisto, eu comprometo-me a não ser influenciada pela maneira
como as pessoas à minha volta são - porque eu só somente responsável por quem
eu sou e, portanto, não me permitirei fazer aos outros aquilo que não quero que
seja feito a mim.
Eu
comprometo-me a ser SEMPRE o exemplo para mim própria e portanto não me
permitir estar instável ou reagir mesmo quando esteja perante uma situação de
competição. Aliás, eu apercebo-me que só existe uma situação de competição se
eu permitir viver em competição. Realizo que a competição começa em mim e que
existe primeiro em mim e que, ao permitir existir competição em mim, vou acabar
por projectá-la na minha realidade/nos outros.
Comprometo-me
a estar ciente dos pensamentos de competição na minha mente e a parar esta
PERSONALIDADE competitiva e de rivalidade que eu crio e participo na minha
mente sem qualquer benefício para mim nem para a realidade à minha volta.
Comprometo-me a parar de ver as outras pessoas como minha rivais como
se esta vida fosse um jogo de soma nula - eu apercebo-me que há lugar para
todos se todos criarmos lugar para todos. Eu apercebo-me que ao criar a minha
estabilidade e ao adaptar-me a dançar no meu
novo lugar, eu fui o exemplo para mim própria. Comprometo-me então a ver sempre
o senso comum da situação e em viver uma solução prática para mim e que seja
também o melhor para nós todos em cada momento.
Quando e
assim que eu me vejo a ser inflexível comigo própria (que é uma forma de amuo!)
ao estar a julgar o novo lugar como prior que o anterior, eu páro este
julgamento da mente e respiro... E continuo a dançar no/com o meu corpo físico.
Quando e assim que eu me vejo a culpar a outra pessoa pela minha instabilidade, eu páro e respiro.
Eu apercebo-me que culpar a outra pessoa é a "easy way" e que desejar que a outra pessoa resolva o assunto é uma ilusão da mente. Vejo que a única maneira de garantir que resolvo a minha instabilidade é ao tomar responsabilidade por mim e criar soluções para mim nesta realidade física
Quando e
assim que eu me vejo a desejar que a outra pessoa seja simpática comigo para eu
ser simpática com ela, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que esta ideia de ser
simpática é a ideia de agradar a outra pessoa, em vez de perceber que eu sou
simpática com a outra pessoa no sentido de respeitar a outra pessoa e de
comunicar sem reações.
Eu apercebo-me que a instabilidade da mente é uma mentira
porque QUEM EU SOU ESTÁVEL COMO VIDA é incondicional e portanto a minha
estabilidade como Vida não está dependente do "desculpa" da outra
pessoa, ou de um sorriso. Eu comprometo-me a não me permitir estar à mercê nem
da minha mente nem da mente/atitude dos outros.
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