DIA 250: Recriar auto-estabilidade: nesta (mu)dança estou sozinha
De regresso ao meu dia-a-dia citadino após um
mês a viver na quinta Desteni na África do Sul, estou a aperceber-me das minhas reações mais
rapidamente, ou seja, a instabilidade que os pensamentos causam em mim é
reparada no momento e já não ignoro nem aceito a instabilidade como o meu estado
"normal". A instabilidade em que eu me habituei a existir consiste
num estado de ansiedade constante, de preocupação e de stress que já se acumula
desde os tempos da escola e que tem de ser investigada. Aquilo que eu não me
tinha apercebido é: a consequência que este estado de ansiedade tem no meu
corpo, manifestado na alteração hormonal para corresponder ao estado de alerta
associado aos elevados níveis de stress; segundo, que sou capaz de existir
estável em mim; e, também, que eu sou responsável por criar a minha
estabilidade.
É fascinante ver em
mim própria as mudanças provenientes desta decisão de recriar a minha
estabilidade onde quer que eu vá e independentemente de quem eu esteja: o facto
de regressar ao meu dia-a-dia e continuar a dedicar-me ao meu Processo
incondicionalmente é o melhor souvenir que eu podia ter trazido da minha viagem
à Africa do Sul. As mudanças que eu estou a criar à minha volta vêm de dentro
para for a, isto é, aquilo que eu antes via com sendo um problema eu estou
agora a ver com outros olhos: procuro ver com os olhos voltados para uma
solução.
Em vez de reagir
dentro de mim quando alguma coisa na realidade externa não está a bater certo,
eu procuro desvendar o porquê de estar a julgar a realidade (por ex. Quais sao
as ideias ou desejos que eu tenho sobre como as coisas deviam ser) e pergunto-me
o que é que eu posso fazer para me estabilizar (por ex. Escrever sobre
determinados pontos) e mudar a situação para melhor, não baseado em desejo mas
simplesmente em senso comum sobre como eu posso mudar a minha participação para
me expressar livre dos julgamentos da mente. Foi precisamente isto que realizei
na minha passagem de ano: apercebi-me que o meu Processo é como uma dança que
eu danço comigo própria, primeiramente sozinha e, às vezes, acompanhada.
No primeiro dia do
ano comecei o dia a escrever: escrevi o perdão próprio sobre os julgamentos e
conversas na minha mente sobre a festa onde eu estava e foi como se um peso
saísse de cima de mim - o peso ilusório da mente e dos pensamentos que eu criei
e que sou igualmente responsável por parar e limpar em mim. Esta decisão de
começar a escrever teve uma pequena resistência inicial mas que se dessipou no
momento em que eu peguei no meu caderno e comecei o perdão prório.
Tal como uma (mu)dança,
o meu processo de estabilidade/limpar a mente implica vontade própria e o
movimento físico para criar soluções e testá-las com novos passos,
aperfeiçar-me com novas maneiras de fazer as coisas e estando sempre ciente de
quem eu sou a cada momento.
Quanto ao ponto de
estar sozinha, isto vem da realização que sou responsável por tudo o que me
acontece. Em honestidade própria eu vejo que não há nada nem ninguém a culpar
sobre o que quer que eu pense, sinta ou faça, da mesma maneira que não há nada
nem ninguém que me possa dar auto-estabilidade. Obviamente que há coisas
práticas que podem vir da entreajuda e da cooperação entre nós (it takes two to
tango) no entanto, cada um de nós está sempre sozinho em cada passo que decide dar, em
cada pensamento que aceita ter e em cada correção que permite aplicar.