DIA 30 - "Viver" as imagens que vejo

sábado, maio 19, 2012 0 Comments A+ a-


Apercebo-me que tenho jeito em pintar as coisas melhor do que aquilo que realmente são. De onde é que esta pressão de "fazer parecer" vem? Porquê limitar-me em querer parecer em vez de REALMENTE SER E VIVER ISSO? Apercebo-me que as minhas relações são baseadas em querer manter um castelo feito de areia e também que vejo que não vale a pena - quanto mais eu alimento estas ideias de perfeição mais distante estou daquilo que é real. No lugar de acumular raiva dentro de mim, eu perdoo-me. Perdoo-me pelas ideias de perfeição criadas e alimentadas por mim. Eu sou a única responsável pelas ideias criadas por mim em mim.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido distanciar-me daquilo que realmente se passa com as pessoas à minha volta, na minha tentativa e esforço em querer mostrar que está tudo bem, quando na realidade sou eu que não quero ver o que se passa porque essa não foi a imagem que eu idealizei para mim.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido querer passar a ideia que não há problemas em minha casa quando na realidade eu apercebo-me que os problemas deste mundo começam todos nas nossas próprias casas.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido refugiar-me em entretenimento de modo a não ter de me focar nos problemas que eu vejo tão perto de mim  e em mim.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ter raiva em mim quando eu vejo que as pessoas não estão a contribuir para a minha ideia de um mundo ideal. Eu realizo que este é um processo e que a mudança vai levar o mesmo tempo que se levou a criar o problema.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido comparar a minha situação com a situação das outras pessoas, com o objectivo de me zangar com os outros ou zangar comigo própria, e portanto alimentar a aparente separação entre a minha vida e as dos outros. Eu comprometo-me a parar a atitude de julgamento/auto-julgamento pois só assim eu consigo ver as situações em senso comum e só em senso comum sou capaz de ser honesta comigo própria e projectar honestidade própria nas minhas relações com as outras pessoas.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ver os outros com base em comparar o que eles fazem com aquilo que eu faço, e a partir daqui julgá-los mais ou menos de que eu. Eu perdoo-me por nunca me ter aceite e permitido ver-me um e igual com as pessoas à minha volta, sendo que somos todos seres em processo de nos realizarmos enquanto vida, que por enquanto traduz-se em todos estarmos igualmente a sobreviver nesta terra.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acumular expectativas e esperanças sobre os meus parceiros, quando na verdade todas as esperanças e expectativas são projecções minhas sobre um futuro que eu idealizei para mim mas que não é real. Eu comprometo-me a existir aqui e a re-desenhar as minhas relações sem expectativas nem esperanças, de modo a que eu me conheça e me permita conhecer os outros - só assim sou capaz de ver os meus padrões e os padrões dos outros de modo a que cada um de nós se auto-ajude.

Quando e assim que eu me vejo a distrair com conversas da mente sobre o que os outros fazem, eu páro e respiro. Eu realizo que este processo é sobre a minha Vida e que é nos meus padrões que eu tenho de me focar para finalmente VER quem eu me tornei e a mim própria dar direcção para transcender os padrões e limitações. Eu sou a única capaz de me mudar. Eu sou a minha garantia que sou capaz de mudar para a melhor versão de mim própria igual à Vida que existe.

Quando e assim que eu me vejo a comparar o que eu faço àquilo que o João faz e a comparar o que o João não faz àquilo que eu faço, eu páro e respiro. Eu páro a competição que há dentro de mim e que é projectada no Joao. Eu realizo que este processo não é uma corrida e que a mudança vai levar o tempo que levámos a tornarmo-nos quem somos. Eu realizo que as ideias que eu penso que os outros têm de mim são um reflexo da conversa que existe na minha mente - os outros está cada um entretido também com a sua própria conversa na mente. Ao parar de participar na conversa da minha mente vou ser capaz de me ver quem eu sou enquanto respiração, e ver o outro como ele é, sem julgamentos nem ideias que nos separam de estar aqui no físico. Assim comprometo-me a mudar no físico para criar acções e decisões que sejam o melhor para todos.

Quando e assim que eu me vejo definir as pessoas por aquilo que fazem/que não fazem, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que é assim que eu funciono - ou seja, que eu me tenho definido por aquilo que eu faço sem decidir primeiro quem eu Sou. Logo, quando e assim que eu me vejo definir por aquilo que eu faço, eu páro e respiro. Eu comprometo-me a estar focada no meu processo de honestidade própria em tudo o que eu faço, sem com isso me definir ou limitar, mas simplesmente SER em tudo o que eu faço.

Quando e assim que eu me vejo apressar a conversa e a distrair-me com planos do futuro em momentos em que a conversa está mais pesada, eu páro e respiro. Eu realizo que eu automaticamente procuro evitar ver a complexidade das coisas, por pensar que é demasiado para mim. Assim, eui comprometo-me a de facto ser específica nas conversas e nos pontos que eu estou a tratar de modo a não haver quaisquer pontos escondidos de mim própria.  Quando e assim que eu me vejo a querer cobrir a conversa com frases de motivação, eu páro e respiro. Eu realizo que não estou a ajudar as outras pessoas a olharem parar a situação com a dedicação que a Vida requer, logo, a motivação e aparente facilidade em resolver o problema é uma ilusão que não vale a pena alimentar. Ao ser honesta comigo própria eu estou ciente da dedicação que será necessária para me auto-corrigir. Eu comprometo-me a ver as coisas como elas estão aqui manifestadas, sem querer impingir as minhas ideias de perfeição tias como a relação perfeita com um homem; a relação perfeita com os pais; a casa perfeita, o trabalho perfeito, o estilo de vida perfeito. Todas estas ideias e imaginação foram pre-feitas, logo não são de confiar porque não estão aqui a ser criadas no momento.

Quando e assim que eu me vejo a exagerar a descrição das minhas relações e experiências de modo a passar uma ideia que eu quero que os outros tenham de mim. Em vez disso, eu dedico-me a tornar-me/dar-me a estabilidade e a avançar no meu processo. Assim serei capaz de criar estabilidade à minha volta e aperfeiçoar-me.

Logo, eu dedico-me a criar a perfeição, sendo o melhor de mim e o melhor para todos, no momento e nesta realidade, olhando para as necessidades reais do momento e a melhor maneira de eu intervir; sem estar limitadas pelas imagens de perfeição que só existem na mente e que não têm resultado até agora. Eu confio em mim no momento para criar o melhor de mim e a participar um e igual com os outros, sem exageros, sem auto-julgamentos, sem julgamentos dos outros, sem imagens, sem ideias que eu penso que os outros têm, nem comparações, nem querer parecer nem mais nem menos do que a minha criação. Eu realizo que o parecer tem a ver com algo que parece ser, mas que não o é. Por isso eu dedico-me a Ser a mudança que quero Criar e Ver em mim/à minha volta.

Não vale a pena enganar-me a mim própria. A real-idade é aqui e agora. Eu igual a Vida sou aqui e agora. O João igual a Vida é aqui e agora. Tudo o resto são ideias do passado e futuro.