DIA 16 - Acordar para a Morte

quinta-feira, maio 03, 2012 0 Comments A+ a-


Hoje faleceu uma pessoa muito chegada a mim. Há algum tempo que não me confrontava com o ponto da morte e nunca escrevi sobre isso. Aqui vai.

Eu perdoo-me por só me ter aceite e permitido pensar na vida e no tempo de vida que tenho quando a morte acontece perto de mim.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido existir sob a ameaça da morte - em vez de existir incondicionalmente ciente que o estado de existir existe por si só. O estado de existir sob a ameaça da morte chama-se "sobreviver" e é um estado que limita o corpo e limita o potencial de Vida que existe no corpo humano.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ignorar deliberadamente a existência da morte nesta realidade e colori-la com histórias do céu e de estrelinhas, que me distanciam de procurar respostas para as perguntas que eu nunca (me) questionei. Eu realizo que a morte mostra-nos o ponto de partida de ilusão e consequência em que nos temos permitido existir, feitos de altos e baixos, de vida e morte, SEM NUNCA REALMENTE VIVER.

Eu perdoo-me por só me aperceber da essência da respiração quando penso no chamado "último respirar". Apercebo-me que durante a maior parte do tempo não vivemos, mas somos robots orgânicos que nem máquinas completa-mente separados do corpo.

Eu apercebo-me que até agora só conheço a morte, pois todos nós morremos e poucos têm realmente vivido. Eu apercebo-me que me tenho esquecido da vida ao viver com medo da morte. Eu perdoo-me por me ter aceite permitido acreditar que a morte é um castigo externo, sem nunca realizar que cada um está no seu processo individual de vida e que a morte é a confirmação do poder da mente permitido em cada um de nós e que assim ditamos a auto-destruição do nosso próprio corpo.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que a morte é decidida por um deus separado dos humanos, quando na realidade e em senso comum é óbvio que cada um de nós cria a sua própria realidade e desgasta-se ao longo do tempo ao participar na mente e com isso auto-destruir o corpo físico.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido sentir-me ansiosa e participar na ansiedade quando uma notícia sobre a morte de alguém anunciada, como se fosse uma coisa nova. Eu apercebo-me que esta reacção é de facto uma distração e uma protecção da mente para se entreter com historias sem nunca me permitir ver o que se passa nesta Vida/Morte. A morte não é uma coisa nova e eu sei disso - há milhares de pessoas a morrer por dia e nenhuma delas me emociona, logo isso demonstra que o apego a uma só pessoa não é real, mas simplesmente um hábito familiar da mente.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido sentir-me uma vítima da morte da outra pessoa e querer usar isso para ter a atenção das pessoas à minha volta.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido sentir revoltada com as pessoas que morrem porque é como se tivessem falhado a "missão" de garantir que este mundo se torne no melhor mundo possível, quando na verdade as pessoas existem e morrem em medo, desilusão e esperança. Eu apercebo-me que esta revolta é irrelevante e que eu sou uma continuação das gerações anteriores - somos todos UM, e é a minha responsabilidade de me manter estável para garantir que faço o melhor que posso com o tempo que tenho.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido culpar as gerações anteriores por nos terem passado as ideias dos pecados e fomentarem o medo de deus - que na realidade é o medo da minha própria criação e das minhas consequências. Agora apercebo-me que haverá sempre consequências da minha acção e que depende de mim garantir que as minhas acções suportam a vida em vez de criar destruição/separação/morte.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido sentir pena da pessoa ter morrido, tendo como ponto de partida a subestimação da pessoa como não sendo capaz de perceber o seu processo. Apercebo-me que esta foi a personalidade e relação que eu criei com as pessoas e que não é quem as pessoas = Vida realmente são.  Realizo que estamos todos igualmente a participar no processo de Vida na Terra e em toda a existência e que nós somos todos mais cientes do que aquilo que nos permitimos ser quando estamos pre-ocupados na mente.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pre-ocupar com a minha mente em vez de me permitir estar ciente de mim própria e desta realidade a cada momento.

Eu comprometo-me a fazer todos os possíveis para estar ciente da minha respiração a cada momento. Ao estar ciente da minha respiração, eu estou ciente da minha existência e sou capaz de me direcionar um e igual com a existência, ou seja, permito-me estar Aqui como a Vida que sou e que tudo é.

Eu comprometo-me a estar ciente desta realidade a cada momento da minha respiração e dedico-me a fazer o melhor que posso com o tempo que tenho.

Eu comprometo-me a estar um e igual com todos os outros seres humanos, independentemente da idade que nos "separa" , e realizar que cada um está no seu processo individual de se realizar como vida e que portanto a única coisa que posso fazer é partilhar o meu processo para quem esteja disposto a começar a parar a ilusão desta "Vida".

Quando e assim que eu me vejo participar na emoção baseada no medo da perda do conforto associado a reuniões de familia, eu páro e respiro. Apercebo-me que de facto todos estes desejos e medo de perda são baseados em interesse próprio e no medo de perder a minha noção de segurança. Realizo que  o ponto da morte é uma realidade que eu evitada ver, distraída em crenças e entretenimento.

Quando e assim que eu me vejo questionar a morte, eu páro e respiro. Apercebo-me que este desejo por conhecimento é uma distração e desejo de informação para não ver que a resposta para a morte é a vida física Aqui e que nós todos temos ignorado. Unidade e Igualdade = todos vida ou todos morte, sendo que não temos escolha do que Ser Vida, porque JÁ AQUI ESTAMOS!

Quando e assim que eu me vejo estar a participar na mente e nos pensamentos da morte, eu páro e respiro. Eu comprometo-me também a tocar no corpo ou num objecto desta realidade para me permitir estar aqui nesta realidade física.

Quando e assim que eu me vejo ignorar e adiar os pontos que eu tenho de investigar em mim, eu páro e respiro. Assim, eu dedico-me a ser específica no meu perdão e nos pontos que eu levanto. Eu dedico o máximo possivel do meu tempo ao processo de perdão proprio, escrita e auto-correção.

Eu sou responsável por parar o hábito de medo/sobrevivência que me foi impingido pelas gerações passadas.

Quando e assim que eu me vejo "existir" em memórias e na ideia que no passado as coisas eram melhores, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que este é um jogo de passar a batata quente sem nunca de facto tomar a iniciativa de criar a mudança, em mim e à minha volta.

Quando e assim que eu penso que devia estar triste e emocionada, eu páro e respiro. Apercebo-me que todos os conceitos e rituais em torno da morte é uma distração para não se ver que nós todos somos uma continuação de nós próprios e que não há nada a perder. Realizo também que a maioria das emoções associadas à morte estão relacionadas ao medo da perda da companhia e do dinheiro associado à pessoa, o que não são pontos válidos porque são baseados em desonestidade própria e sobrevivência.

Eu dedico-me a promover a Vida em igualdade e Unidade (todos somos feitos de vida e estamos aqui) e a parar de participar na morte que começa na mente e apodrece o corpo.
Eu dedico-me a parar de alimentar os medos/desejos/esperanças passados pelas gerações anteriores a mim de maneira a  garantir que mudo na prática neste realidade física, na Vida que é real.
Eu comprometo-me a estar preparada para a minha morte, sem medos, emoções, dependências nem a deixar coisas por fazer/dizer que têm de ser feitas/ditas.
Eu comprometo-me a parar as resistência  e a largar os padrões  e conhecimentos da mente para me aventurar no processo de me tornar Vida, até que eu me realize como Vida.