DIA 91: A dor não engana

sexta-feira, agosto 17, 2012 0 Comments A+ a-




No meu caso, eu estava a evitar assumir a dor no meu dente que tinha sido tratado recentemente em Londres. Esta manhã no escritório tive vontade de chorar pela incerteza que estava a sentir e especialmente porque me estava a basear nas experiências que tinha ouvido de outras pessoas. Curiosamente, a minha mente tinha guardado a memória viva de um caso que eu estudei em Direito sobre um jovem que tinha morrido por complicações após uma cirurgia dentária! É incrível como este caso estudado há mais de 5 anos ficou registado - ou seja, este medo já existia, embora adormecido. A situação de dor que eu comecei a ter há uns dias foi associada à memória e eu criei o meu próprio "diagnóstico" baseado em medo.

Vejamos: É no momento em que sinto dor que estou mais fisicamente presente - isto só demonstra a desconsideração que tenho tido em relação à estabilidade física. Depois da dor, segue-se o medo - o medo que a dor volte (trauma), o medo que piore e finalmente o medo da morte. Passamos a vida com medo da morte e por isso não vivemos; estou a aperceber-me que a dor pode/deve ser investigada porque a dor não engana, tal como o físico não engana. Por muito desonestos que nos tornemos nas nossas mentes, quando chego ao físico, temos de parar e ver o que temos andado a fazer.
Com o passar do tempo, a mente é fortalecida (acumulação de memórias, ideias e personalidades) e o corpo torna-se um escravo da vontade da mente, tanto pessoalmente como no sistema mundial em que se desprezam os cuidados básicos à maioria da população. A não ser que individualmente cada um comece a conhecer a sua mente para sermos a solução para o nosso corpo e assim garantirmos que o resultado da nossa ação seja o respeito pela Vida de cada ser-vivo.

Comecei então a investigar o medo. Comecei por ouvir uma entrevista chamada "Morto pelo meu próprio medo" (Killed by my own fear) e apercebi-me como é que o medo nos congela quando há semelhanças entre situações, e que por isso acabamos por recriar o passado pois deixámos de estar presentes, capazes de mudar a direção e corrigir a nossa ação no presente. Ou seja, mesmo antes de fazer o meu tratamento, já tinha aceite em mim o medo que um tratamento não corresse bem. Para juntar à história, esta era a primeira vez que fazia um tratamento num dentista em Londres...

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido associar a dor que sinto neste momento nos meus dentes com a memória do caso do jovem que morreu após uma cirurgia dentária.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido tirar conclusões/diagnóstico com base em experiências de outras pessoas e assim influenciar a minha direção/atitude neste momento.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido projectar na minha realidade o passado que tocou a outras pessoa e assim permitir-me viver no passado. Eu sou a solução para mim própria, ou seja, em vez de me basear/influencia por memórias, eu posso garantir  que a minha ação seja recriada em auto-correção.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido sabotar a minha vida ao reagir às memórias por ter medo de passar por tais eventos, em vez de garantir que eu mude a consequência dos eventos.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido procurar uma explicação para a dor com base nas experiências das outras pessoas e associar a minha exeriência actual à delas e assim limitar-me ao conhecimento e informação ao passado.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido participar no medo de ter mais dor, em vez de tomar direção e dar a garantia a mim própria que me vou ajudar a encontrar uma solução para a dor.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido usar a ideia que é a primeira vez a fazer um tratamento em Londres para usar a memória do caso do jovem e assim justificar o medo e a desconfiança  que eu tive em fazer um tratamento aqui, em vez de me focar no senso comum de verificar a máxima qualidade do serviço, que é aquilo que realmente importa.

Não me apercebi inicialmente que exista também o medo de enfrentar o próprio medo, no entanto, a dor colocou-me em tal fragilidade que a única solução foi olhar para a situação em senso comum e voltar ao dentista. Vi então que tinha vergonha de ser julgada como fraca por assumir a dor. Quando cheguei ao consultório, senti a energia do medo na região do estômago (solar plexus), baseada no medo do futuro e no medo de ser julgada como ingrata - pois na mente eu estava a culpar o doutor pela minha dor. Como já sabemos, a culpa, o julgamento, a especulação são tudo padrões da mente que têm de ser parados, antes que estes tomem conta de nós. Por isso:

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido projectar o meu próprio julgamento de vergonha de ter dor nas pessoas à minha volta e por isso ter vergonha  em dizer que tenho dor.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido julgar a dor como sendo um fracasso em vez de estar um e igual com o corpo e de perceber que este é um indicador que eu tenho de dar atenção.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido culpar o doutor pela dor que eu estava a sentir, como se precisasse de me defender de alguma acusação. Eu apercebo-me que eu sou responsável por determinar se há dor ou não e que tenho de ser eu a tomar a direção na situação - Neste caso, parar a ideia de culpa e ver a situação em senso comum: se há dor em mim, tenho de ser curada e a culpa neste caso é irrelevante.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ter resistência em voltar ao consultório com medo que pensem que eu sou desconfiada - com base neste pensamento, vejo que há de facto o padrão de desconfiança em mim.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido participar no sentimento de culpa e de desconfiança no doutor só porque é um doutor novo  para mim e porque é a primeira vez que estou a ter um tratamentos em Londres.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido confiar incondicionalmente no dentista em Londres e parar de comparar com as minhas experiências em Portugal.Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido desejar que alguém/a mãe resolva a situação por mim, em vez de eu tomar responsabilidade e fazer aquilo que é o melhor para mim.

Apercebo-me que é aparentemente mais fácil ajudar os outros do que se ajudar a si próprio!
Foi claro importantíssimo eu ter sido vista pelo dentista novamente e já estou a antibiótico para ajudar o corpo a recuperar...! Ou seja, ao parar os medos/resistência da mente, fui capaz de tomar direção e discernimento para fazer aquilo que era o melhor para mim naquele momento. Os meus colegas no escritório apoiaram-me plenamente, tive folga à tarde e fui super bem recebida pela doutor.
  
Logo, quando e assim que eu me vejo a projectar as experiências dos outros/do passado na minha vida presente, eu páro e respiro. Eu foco-me em estar aqui e a garantir que não sou emocionalmente influenciada para assim ver a situação em senso comum e na prática para o melhor de mim e dos outros à minha volta. Eu apercebo-me que seria desonesto abordar este assunto com base em culpa ou desconfiança, sendo que iria criar separação entre mim e os outros.

Quando e assim que eu me vejo a associar memórias do passado a certas semelhanças do presente, eu páro e respiro. Eu dedico-me a parar de usar as ideias, memórias, conhecimentos e informação como forma de instabilidade, punição, sabotagem e influência. Eu apercebo-me que as experiências dos outros e os medos servem de entretenimento/comodismo da mente para não se ver/trabalhar na solução para nós próprios/para o mundo.
Eu comprometo-me a garantir que o presente/futuro é uma melhor versão do passado da Humanidade.
Eu comprometo-me a ajudar a mim própria como me dedico a ajudar os outros.

Quando e assim que eu me vejo a participar no medo da morte, eu páro e respiro. Ao respirar, eu estou aqui, viva. Logo, ao respirar, não há espaço/tempo para ter medo da morte. No lugar de me preocupar com a morte, eu ocupo-me com a Vida que está aqui - eu direcciono-me a recriar-me como a solução para mim própria e ao mesmo tempo usar o meu tempo aqui para participar em soluções para o mundo.

Quando e assim que eu me vejo a ter medo de enfrentar uma situação no presente tal como falar com o outro ou fazer uma queixa, eu páro as ideias/imagens de vítima da mente e eu respiro. Eu realizo que a mente torna as coisas mais complicadas do que elas realmente são. Logo, eu devolvo-me a estabilidade e coragem e enfrento a situação em senso comum e honestidade-própria, ciente que qualquer reação que exista da outra parte é uma projecção e não é real.

Quando e assim que eu me vejo a desejar que alguém resolva o problema por mim, eu páro e respiro. Eu dou a mim própria a oportunidade de me auto-recriar e me auto-conhecer. Eu dou a mim própria esta oportunidade na Terra para estabelecer uma relação de intimidade, confiança e unidade com o meu corpo. Eu dedico-me a resolver os meus pontos da mente e a auto-corrigir-me na minha ação (corpo).

Quando e assim que eu me vejo a ignorar a dor com esperança que a dor desapareça, eu páro e respiro. Em auto-responsabilidade, eu torno-me ciente do abuso que é ignorar a dor quando esta se torna insustentável. Tomo portanto direção e ajo em senso comum para recriar a minha estabilidade física (decidir voltar ao dentista).
Caso surjam medos/dúvidas da mente, perdoo-me por permitir tais distrações em mim e aplico a correção (por exemplo: parar a vergonha, a culpa e começar confiar no outro).

Eu dedico-me a focar nos resultados que sejam sempre o melhor para todos, sem permitir que os padrões da mente de interesse-próprio se coloquem à frente dos princípios da igualdade e do bem estar para todos. Assim, eu comprometo-me a estar ciente do meu corpo físico e a comunicar o que se passa comigo aos outros em estabilidade, sem projecções nem culpas.

Eu tomo este exemplo para mais uma vez realizar a importância de se ter acesso a bons cuidados de saúde e da necessidade em se estudar/implementar um sistema mundial económico e social para a Vida como é o caso do Sistema deIgualdade Monetária, para garantir que todas as pessoas do mundo têm o melhor cuidado de saúde que todos nós merecemos.