DIA 165: Desejo pela perfeição que não passa de uma imagem

domingo, janeiro 27, 2013 0 Comments A+ a-


Até agora tenho andado numa corrida constante comigo mesma e que só recentemente me apercebi que podia ser vencida - não por participar nela, mas por mudar a minha atitude para comigo mesma. Ou seja, até recentemente acreditava que as imagens da mente serviam um objectivo a seguir, como se fosse um guião que realmente me ditava aquilo que eu podia ou não fazer, aquilo que era certo e errado, o resultado das minhas ações e a noção de tempo que as coisas levavam. Foi através deste último elemento - o tempo - que me comecei a aperceber da luta que se passava em mim que a ninguém beneficia. Não é por acaso que as imagens da mente são frequentemente desfasadas da realidade, ou que sentimos a frustração de não conseguirmos realizar as coisas que foram idealizadas na mente. Mas este desejo de ser-se visionário e de se trazer para esta realidade aquilo que vai nas mentes humanas é perigoso e doentio - o tempo da mente NÃO é o tempo físico, a força da mente não é a força física, a velocidade da mente não corresponde àquilo que é sustentável aos corpos físicos. Ao seguirmos a velocidade da mente estamos a massacrar o nosso corpo - sinais de stress no meu corpo e uma sensação repentina quando o coração começa a bater demasiado depressa, ou quando atropelo as palavras por querer falar tão rápido como as palavras que voam na mente. Todos estes são indicadores de desfasamento com a realidade física e com o MEU corpo físico! Quantas vezes não estamos aqui e a nossa mente noutro lugar qualquer? E se não estamos atentos ao nosso corpo, como é que garantimos que tomamos conta de nós próprios? A resposta é simples e ao mesmo tempo desafiante - conseguir estar ciente da respiração a cada momento que passa.
As imagens de aparente perfeição da mente não são reais - Tomemos como exemplo a simples ação de cozinhar - penso em fazer o jantar em 20 minutos e, na minha mente, os tais 20 minutos dão perfeitaMENTE para fazer tudo. O que acontece é óbvio: passados 20 minutos, olho para o relógio e reajo comigo própria porque não fui rápida o suficiente. Começo a pensar que não sou suficientemente boa na cozinha, que cozinhar é uma perda de tempo e que alguém vai estar à minha espera porque eu tinha dito que só demorava 20 minutos. De um momento para o outro, a esperança de conseguir fazer tudo em 20 minutos passa a ser uma corrida contra o tempo e contra mim própria. Estou a contar os minutos enquanto corto com uma faca (err, não é boa ideia), reajo com aquele que me relembra que já passaram 20 minutos e começo a pensar que para a próxima encomendo uma pizza. Nãaaaaao! Aquilo que supostamente era uma imagem de perfeição - preparar os legumes e fazer uma sopa do princípio ao fim em apenas 20 minutos tornou-se num pesadelo de stress e de obrigação. A certa altura já não estava presente, já não me estava a divertir, já não me estava a dedicar. Comecei a sabotar a minha expressão a participar no arrependimento de ter começado sequer a cozinhar  e a culpar tudo à minha volta por me estar a atrasar, mas fui só eu quem permitiu criar tal limitação em mim própria.

E como estes há muitos exemplos de como seguir-se a ditadura da mente não beneficia ninguém. Os altos e baixos de esperança VS frustração e stress são auto-destrutivos. E tenho visto que até agora a minha vida tem sido composta de altos e baixos baseada nesta corrida atrás das imagens da mente que eu tenho acreditado ser o máximo que eu posso e devo fazer.

Quem eu sou fora da mente? Como é que eu agiria se estivesse ciente do tempo que eu realmente levo a fazer as coisas fisicamente? Quão rápida sou se estiver plenamente focada na minha ação física e não nas conversas da mente? Tenho dado a resposta a mim própria ao estar focada na minha respiração. Nisto, tenho-me apercebido que quanto mais física eu estou (ciente do mundo à minha volta, ciente da minha respiração, ciente das minhas ações), mais me dedico à minha ação e por isso mais gozo tenho ao fazê-la, como se a minha ação fosse uma continuação de mim própria em estabilidade.

Estas realizações e a aplicação da respiração no meu dia-a-dia têm sido essenciais no meu emprego que requer a gestão de vários projectos ao mesmo tempo e uma total dedicação na preparação de todos os detalhes para que seja tudo tomado em consideração. It is a work in progress / in process...

Reparo também que a minha comunicação está a ser mais clara porque já não ponho cá para fora os pensamentos soltos da mente - em vez disso, eu primeiro procuro compreender aquilo que se passa e, depois, sou capaz de comunicar e explicar com clareza.
O mesmo acontece com a velocidade da fala - lembro-me de ouvir o João dizer  que às vezes não percebe aquilo que eu digo porque eu engulo as frases ou porque faço com um comentário "vindo do nada". Quando isto agora se passa, em vez de reagir ofendida, eu comprometo-me a tomar esse alerta como um apoio para que eu me foque na minha respiração e que não tente seguir desalmadamente a mente - em vez disso, eu dou-me direção a cada respiração, dedico-me a dizer cada palavra com clareza, a realmente estar ciente das palavras que eu estou a dizer/viver e a falar um e igual à velocidade dos meus lábios e língua.

A mente serve então de indicador do meu estado pessoal para que eu veja os medos que ainda permito em mim, veja as noções e ideias que criei para mim própria e veja os padrões em que eu tenho participado - Ao realizar que a mente não é o melhor de mim e não me traz a estabilidade e perfeição na minha vida, eu comprometo-me a usar estes indicadores em auto-ajuda para finalmente ver onde é que posso/tenho de mudar para o meu próprio bem/para a minha criAção em estabilidade e real perfeição física.