DIA 110: Como é que Deus sabe mais do que eu sobre A MINHA PRÓPRIA VIDA?!

quarta-feira, setembro 26, 2012 0 Comments A+ a-




Em honestidade própria apercebo-me que reagi enquanto escrevia o título deste blog. A reação vem de uma espécie de revolta em mim mesma por me ter permitido limitar durante tantos anos (desde sempre?) com base em toda a fantasia, apatia e cegueira próprias de quem olhou demasiado para o céu à procura de respostas e o que viu foi uma luz fortíssima que é nada mais nada menos do que o Sol, uma estrela que não deve ser observada fixamente a olho nu. Isto para dizer que a apatia social que se verifica em mim e nos outros não apareceu ontem e não vai sair de um dia para o outro - esta forma de controlo foi tão bem planeada que a humanidade já anda nisto há centenas de anos. Revoluções, peregrinações, renascimentos e perseguições - havendo sempre algo superior a nós que nos observa como se um jogo de pinipons se tratásse, enquanto abraça uns e se esquece dos outros. A própria história de Jesus, aquele-amigo-que-nos-ama andou pelas bocas do mundo até ser manipulada  de tal maneira surreal que nos faz acreditar que Jesus, esse tal amigo que de facto vivia pela igualdade, seja superior a todos os outros e, de um dia para o outro, passámos a ser seus servos! Haja paciência para tanta doença mental.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar na existência de uma lei INVISÍVEL a que se deu o nome de Deus, sem ver e perceber que em nome desta, eu e o resto da humanidade nos temos esquecido de nós próprios e da nossa responsabilidade em recriar a nossa existência aqui, no mundo físico, e fazer com que este mundo seja um lugar de verdadeira co-existência.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar nas conclusões transmitidas pelos adultos sobre a vida de Jesus e sobre a nossa relação de servidão e escravidão, sem ver que toda a sua história foi manipulada em nome do controlo, pois contradiz as palavras de Igualdade e de "amar o próximo como a sim mesmo".

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ter a coragem de questionar o poder inquestionável de Deus, da Igreja, do Governo e do dinheiro no mundo. Vejo então que todo este controlo e, por outro lado, a passividade são as duas faces da mente, em que uma existe porque a outra existe. Logo, cabe a mim e a cada um de nós deixar de ser escravo de tais forças invísiveis (controlo e medo) e tomar responsabilidade por si e por recriar relações em igualdade. Eu apercebo-me que a aceitação destas relações inconscientes tem servido de justificação para as minhas desonestidades próprias de "deixar andar" e "ter esperança", sem ver que é da minha responsabilidade parar de existir na mente e em todas as relações de polaridade inferior/superior.

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver e perceber que o medo de mudar e o medo de expor os problemas é baseado no medo de ser punida pela mente dos outros (Deus; moralidade; julgamentos), o que na realidade é uma forma de projectar a culpa nos outros/Deus e manter as coisas como elas estão. Eu apercebo-me que este medo de mudar só existe porque eu o tenho permitido e alimentado em mim e porque tenho permitido a personalidade de "deixar as coisas como elas estão porque há coisas piores", em vez de tomar a Responsabilidade de viver a mudança PARA O MELHOR DE TUDO E TODOS, a começar por mim e pela minha participação daqui para a frente.

Quando e assim que eu me vejo a culpar o passado e, com isso a religião, por todos os problemas que existem no mundo, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que direta ou indiretamente , os problemas do mundo são responsabilidade de cada um de nós que partilha a experiência na Terra. É a minha responsabilidade parar cada padrão/personalidade/julgamento/desonestidade própria/desigualdade que há em mim para me recriar como o meu exemplo, tal como Jesus que vivia as suas palavras.

Quando e assim que eu me vejo a acreditar na sensação de arrependimento por ter acreditado em Deus e numa força superior a mim, eu páro e respiro. Apercebo-me que, tal como a relação com Deus, também esta relação de arrependimento é baseada na mente que me dá a ilusão de impotência, quando na realidade eu estou aqui e posso recomeçar a confiar em mim própria e a garantir que eu me torno na solução para mim própria.

Apercebo-me que a crença em Deus funciona como um alçapão onde se acumularam todos os padrões, medos, confusões, questões que eu deliberadamente quis ignorar em mim própria, com esperança que alguém os resolvesse por mim. Neste processo, eu devolvo-me a confiança de abrir o alçapão sozinha, sem medo, sem julgamentos e simplesmente investigar cada ponto em mim, perceber a origem dos pensamento e realizar que sou capaz de limpar o alçapão/a mente para finalmente estar disponível para ser/ver a Vida que está aqui.

Eu comprometo-me a parar de acreditar num ser superior aos seres nem em um super-jesus para me dedicar a ver soluções práticas para aquilo que está fisicamente manifestado no mundo - ou seja, a viver as palavras de Jesus de "amar o próximo como a mim mesmo", ciente que primeiro tenho de recriar a relação que tenho comigo própria e, para isso, cuidar de mim e perdoar cada ressentimento, arrependimento, culpa, imagens, ideias e personalidades. Eu comprometo-me a parar de querer parecer as personalidades, para finalmente Ser honesta comigo própria, um e igual com o meu corpo, a expressar-me como Vida.

Quando e assim que eu me vejo a justificar a desigualdade, a pobreza ou a injustiça com base na ideia de pecado de uns e bonança dos outros, eu páro e respiro. Eu páro de justificar a cegueira do interesse-próprio e, tendo  em conta que existimos todos ao mesmo tempo na Terra, esta igualdade é um facto e por isso todos têm de ser considerados.

Quando e assim que eu me vejo a participar na ideia que há um ser a observar os seres na Terra, eu páro e respiro. Vejo agora que esta é um projeção da distância que eu permiti ter em relação a mim própria, como se estivesse longe de mim própria, quando na realidade eu sou a única que me posso mudar e dar direção de dentro para fora. Ao respirar eu apercebo-me estou em mim, no meu corpo físico, em honestidade própria e é da minha responsabilidade garantir que aplico a minha auto-correção, para assim recriar o meu exemplo de Vida, onde quer que eu vá e com quem quer que eu esteja.

Eu dedico-me a restabelecer a minha confiança para sair da passividade da mente/crença e me permitir estar estável incondicionalmente, sem me agarrar a memórias ou a crenças de conforto baseadas em esperança que alguém resolva os meus pontos da mente/memórias/julgamentos/medos por mim.

Apercebo-me que este processo vai demorar tanto ou mais o tempo que eu levei a distanciar-me de mim, com orações e palavras ocas que não tiveram qualquer efeito prático. Por isso dedico-me a resolver cada ponto que surge em mim, a escrever, a cuidar do meu corpo, a mudar fisicamente a minha relação comigo e com os outros, a criar o paraíso na Terra, a ser a solução da unidade e igualdade, passo a passo, a cada respiração, a cada perdão-próprio.


Ilustração de Andrew Gable