Dia 106: Vontade de desistir como se isso fosse mais fácil

quarta-feira, setembro 19, 2012 0 Comments A+ a-


Este perdão-próprio vem no seguimento do vlog que fiz hoje sobre uma experiência vivida no emprego esta tarde. Tratou-se do padrão da desistência, como se aquilo que eu tinha à minha frente para fazer fosse maior do que eu própria. Por uns breves instantes, tive a sensação de estar perdida e, com o medo de falhar, tive vontade de ser eu a desistir, antes que alguém fizesse isso por mim. Esta antecipação é típica da mente, num conflito que só eu vejo porque só existe dentro de mim. No momento em que me apercebi que estava deliberadamente a sabotar a minha existência em Londres e a minha dedicação no meu trabalho, eu parei e questionei-me sobre o que eu estava aqui a fazer e porquê... Apercebi-me que o desejo de me sentir confortável na nova tarefa que eu estava a desempenhar era baseado na ideia do que eu gostaria de estar a fazer. Ou seja, estava em completa separação, a desejar estar onde que não estava e a fazer algo que só existe na mente como uma imagem de aparente felicidade. De tudo isto, apercebi-me que o mais real era a minha respiração naquele momento e a minha presença física. Levantei-me, respirei, afastei os olhos do ecrã e nesse momento questionei-me sobre o que eu queria da minha ação em relação à tarefa que tinha em mãos. Foi simples a resposta: dar o melhor de mim aos outros e garantir que faço tudo aquilo que é possível para aperfeiçoar o meu trabalho.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido imaginar o pior cenário que podia acontecer naquele momento em que me sentia frustrada com o meu trabalho, em vez de parar de participar na mente para garantir que não criaria esse cenário na minha vida, deliberadamento a sabotar a minha realidade com base nas imagens da mente.


Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que a energia associada com a vontade de estar noutro lugar e a fazer algo diferente do que estou a fazer, quando na realidade esta "necessidade de escapar" é um hábito da mente de se distrair com a percepção que aquilo que está longe é mais fácil de resolver, em vez de me dar a oportunidade de transcender esta limitação que estava mesmo ali em mim.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que a sensação de conforto é real porque está associada a uma rotina do passado ou a ideia que antes estava mais estável, em vez de ver que este padrão não sou Eu como Vida e que é de facto uma RESISTÊNCIA a ser/estar aqui estável como Vida, como Direção-própria e como/para o Melhor para mim.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido  participar no desejo e imagem de desistir e assim de largar tudo num instante, tal e qual uma reação, em vez de parar e respirar e me alinhar com o meu corpo, com a minha ação e tomar responsabilidade pela minha decisão. Apercebo-me que esta vontade de largar tudo é um ultimato que faço a mim própria sem qualquer decisão e sem de facto tomar uma decisão consistente e me dedicar a viver essa decisão.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido culpar as pessoas à minha volta pela frustração que eu estava a criar para mim própria ao alimentar as ideias da mente que limitam a minha expressão e criatividade.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar na ideia que desistir como sendo um acto de ruptura, em vez de parar, ajudar-me a ver este ponto e assim simplesmente ajudar-me a re-nascer aqui.

Quando e assim que eu me vejo a imaginar a possibilidade de desistir da minha ação e projectar a minha frustração na forma de uma reação com os outros, eu páro e respiro. Eu comprometo-me a tomar responsabilidade por me corrigir a cada momento naquilo que eu faço durante o dia e a parar de me distrair com as aparentes vontades da mente que são baseadas em insatisfações passadas ou comparadas com o passado.

Quando e assim que eu me vejo a desejar estar noutro lugar e a fazer algo diferente daquilo e de onde que me encontro neste momento, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que a minha mente me está a mostrar a separação que eu permito e aceito em mim própria.

Eu comprometo-me a auto-estabilizar-me com a minha respiração e a tomar a minha direção em senso comum e criatividade para sair da mente e estar aqui a agir no físico, a dar o meu melhor e a ultrapassar medos ou ideias que eu acumulei e que acreditei serem eu. Eu apercebo-me que o acto de desistir é apenas uma farsa para não ver as origens dos padrões e finalmente me questionar como é que eu estou a participar neles.

Quando e assim que eu me vejo a comparar aquilo que eu faço agora com memórias de coisas que eu fiz e que na minha memória aparentemente eu estava mais satisfeita, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que as memórias são usadas como auto-manipulação, baseadas na polaridade melhor VS pior em comparação ao presente. Eu dedico-me a parar de acreditar nas imagens manipuladas na mente e começar a recriar-me a cada momento, sem participar nos vícios da mente até estar clara em mim.

Logo, eu comprometo-me a dar direção a mim própria quando me vejo a estar "perdida" e "absorvida" na mente e assim me aplicar na minha auto-correção, em garantir que estou ciente de mim e dos padrões que mais cedo ou mais tarde tenho de resolver em mim. Eu comprometo-me a parar de participar nas imagens da mente do passado e a sensação de falta - as chamadas saudades - pois com isso é a mim que me estou a perder porque estou a ignorar a minha presença aqui. 

Eu respiro, eu torno-me ciente da minha presença Aqui, neste momento e vivo a cada momento a decisão de me auto-aperfeiçoar de dentro para fora e que as minhas ações sejam o reflexo da minha estabilidade e auto-aperfeiçoamento.


Ilustração de Andrew Gable