DIA 104: Quando decidir pelos outros é fugir de si próprio

segunda-feira, setembro 10, 2012 0 Comments A+ a-




Um dos sintomas típicos da mente é o de desejar ajudar os outros para se sentir bem consigo próprio e com isso trazer mais ao ego do que ao mundo... Como é que se pode decidir por uma população inteira quando em honestidade própria não sabemos o que é o melhor para nós próprios? E como é que nos permitimos projectar nos outros aquilo que nem a nós próprio damos ou exigimos?

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar saber como é que os outros devem decidir e acreditar que é mais fácil decidir pelos outros do que para mim própria. Eu apercebo-me que esta é uma ideia que descarta a minha responsabilidade de lidar comigo e de viver as decisões tomadas por mim própria. Aliás, esta projeção mostra a polaridade que existe entre julgar os problemas dos outros como fáceis de resolver e os meus como complicados - ambos energias e resistências da mente para agir em senso comum e parar de participar na mente.

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido realizar que a única maneira de ajudar os outros é em tornar-me o meu próprio exemplo e viver esta decisão a cada momento, em autocorreção e vontade de parar os padrões de comportamento do passado que só trouxeram instabilidade.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar estar numa posição superior e portanto capaz de ajudar os outros quando em honestidade própria eu me apercebo que a única pessoa que eu posso garantir mudar sou eu,  em autoconhecimento e trabalhar cada ponto para me estabilizar naquilo que eu própria tenho aceite e permitido que ainda não é o melhor para mim e para os outros.

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver, perceber e realizar que cada um é responsável por transcender os seus pontos mentais e que aquilo que é da minha responsabilidade enquanto cidadã desta humanidade é garantir que este sistema económico mude para que todos os seres tenham a oportunidade de estabilizar a sua existência com as necessidade básicas garantidas  sem a preocupação do dinheiro para de facto se puderem dedicar à sua realização pessoal.

Quando e assim que eu me vejo a desejar mudar a vida de uma pessoa e a imaginar como seria fácil, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que estas imagens da mente não são reais e são uma distração, uma vez que estou a projar nos outros aquilo que eu não faço para mim própria e, portanto, esta é uma oportunidade de dar a resposta aos meus próprios problemas e dedicar-me a resolver aquilo que eu tenho julgado como complicado.

Quando e assim que eu me vejo sentir frustrada com as pessoas que não querem ajudar-se a si próprias e mudar, eu páro e respiro. Esta frustração é uma energia da mente que me separa de mim e dos outros - apercebo-me também que é também baseada no medo de acontecer o mesmo comigo e não querer mudar ou sequer estar ciente da resistência a mudar.
Eu dedico-me a escrever sobre os padrões da mente, a perdoar e assim dar-me a oportunidade de me ver em honestidade própria, explorar as camadas da mente e dedicar-me a mudar o meu guião/direção de vida sob os princípios de senso comum, igualdade, dignidade de vida, auto respeito e aperfeiçoamento.

Quando e assim que eu me vejo desejar ver pessoas a mudar a minha volta como se eu dependesse dessa aprendizagem visual, eu páro e respiro.
Eu comprometo-me a mudar a minha atitude e existência para aquilo que eu gostaria de ver à minha volta e que até agora tenho pensado existir nos outros e não em mim.

Quando e assim que eu me vejo a participar na energia do ego de me sentir bem comigo mesma por ajudar os outros, eu páro e respiro. A ajuda que posso dar aos outros é incondicional porque sou de facto eu, na minha mudança pessoal - qualquer ideia de superioridade ou sacrificio é o ego a liderar. Eu comprometo-me a praticar tomar decisões em senso comum, a dedicar-me ao auto-aperfeiçoamento para o melhor de mim e a recriar em auto estabilidade e igualdade as minhas relações com tudo o que existe.
Eu comprometo-me a investigar as vontades em ajudar os outros como forma de fugir à minha responsabilidade de investigar as minhas desonestidades próprias e parar de adiar a minha própria aplicação do perdão-próprio. Eu dedico-me a aplicar em mim as soluções de auto-responsabilidade, igualdade, autodeterminação, honestidade própria, confiança, perdão-próprio e autocorreção incondicionalmente do local, situação onde eu estou ou com quem eu estou.

Ilustração de Andrew Gable