DIA 105: A mania que somos uns sacrificados e vítimas

terça-feira, setembro 11, 2012 0 Comments A+ a-


Estas são duas permissões e aceitações provenientes das "lições" da História que até agora tem sido educada com base em medo: o medo de se mudar para pior visto que "antes é que era bom". Mas será que houve alguma época realmente boa, ou estaremos a falar da ideia de "bom para alguns" tal e qual o cenário social actual?
Como é que a auto-definição de ser-se um sacrificado e vítima limita a nossa expressão pessoal e consequentemente participação na sociedade?

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver e perceber que a crença de se ser uma sacrificada ou vítima (normalmente de algo ou de alguém) é uma limitação com base na ideia como eu tenho de agir, sem ver e perceber que é a mim que me estou a limitar nas minhas decisões. Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar ser "normal" sentir-me como uma sacrificada, sem com isso ver que é a mim, enquanto expressão de vida, que estou a sacrificar. O sacrifício pelos outros não existe - tem sempre a ver com aquilo que eu permito para mim própria.

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que sou responsável pelas ideias que eu criei sobre mim própria e que sou igualmente responsável por PARAR de culpar os outros/a sociedade ou de desejar que os outros/a sociedade mudem para eu mudar. Eu realizo que as minhas permissões e aceitações da mente não são dependentes dos outros/da sociedade.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido justificar a lei-do-menor-esforço e a falta de responsabilidade própria com o sacrifício e vitimização, quando em honestidade própria me apercebo que o sacrifício deixaria de existir se eu der o meu melhor naquilo que eu faço e tomar responsabilidade própria por me criar a cada momento em honestidade própria -  Eu apercebo-me que a ideia de sacrifício surge como algo contra a minha vontade, sem primeiro investigar porque é que eu tomo certas ações e por quem as faço. Em relação à vitimização, eu apercebo-me que é uma projecção da responsabilidade que não tomei por mim e portanto projecto nos outros, em vez de realizar que sou a única responsável pelas minhas permissões e aceitações das ideias que criei de mim e dos outros.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar na lavagem cerebral tanto religiosa como política, como dos meus antepassado sobre os sacrifícios de se um ser-humano, quando na realidade, o ser-humano tem o potencial de viver BEM e estável se houver um sistema económico e político que o proporcione e se eu me permitir desenvolver para o melhor de mim, parando as ideias que me limitam e que têm limitado os meus antepassados/humanidade até então.

Quando e assim que eu me vejo a participar na personalidade de vítima e de queixas, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que esta personalidade é um indicador de impotência que eu permiti e aceitei creditar ser real, quando na verdade a impotência de mudar surge do hábito de se pensar que não se pode mudar porque há um sacrifício a defender.

Quando e assim que eu me vejo pensar que se os outros/a sociedade mudem eu também vou mudar, eu páro e respiro. Eu realizo que esta é uma justificação que adia a minha decisão de mudar as aceitações e permissões sobre aquilo que eu tenho sido até agora. Eu comprometo-me a parar a personalidade do "deixa andar" como se por milagre eu e as coisas à minha volta mudassem. Eu sou responsável a cada momento pela minha participação no mundo, e eu tenho vindo a aperceber que existir como sacrifício e vítima é uma forma fácil de não questionar esta realidade, este sistema económico e as relações entre as pessoas. Assim, eu comprometo-me a questionar as situações em que eu acredito estar a sacrificar-me ou a ser uma vítima, para tomar conhecimento do que se passa à minha volta e em senso comum realizar que se não me definir como uma sacrificada ou vítima poderei dar direção à situação, ciente que cada um de nós é igualmente responsável por mudar as coisas para melhor.

Eu comprometo-me a estar ciente das minhas permissões e aceitações e a rever as minhas permissões e aceitações, questionando-me se estas são de facto o melhor para mim e para os outros.

Ilustração de Andrew Gable