DIA 103: Autodisciplina de dentro para fora VS Austeridade de fora para dentro

domingo, setembro 09, 2012 0 Comments A+ a-


É de certo surreal acreditar-se que alguma austeridade vai mudar a desorganização interna que existe na mente de cada um. As noções de certo e errado são manipuladas pelo valor das coisas, que por sua vez são manipuladas por um sistema económico demente.

Uma das consequências da falta de autodisciplina é acreditar que se está condicionado pelos outros ou mesmo por um Governo, quando em honestidade própria, somos nós quem primeiro permitimos condicionarmos com ideias de como as coisas são, com base em experiências passadas e crenças de que não se consegue mudar.  Podemos começar por nos questionarmos sobre aquilo que temos aceite e permitido como sendo a normalidade: a corrupção, a desigualdade, o ego, a superioridade e inferioridade com base no peso da carteira, os preços das coisas, a sobrevivência dos favores, o parecer sem se Ser, a ideia que um curso superior faz a diferença, ou até mesmo que lá fora é tudo melhor... Este "lá fora" é muito relativo, porque é por dentro da mente humana que a desorganização começa.
Será realmente impossível reformularmos as aceitações e permissões para juntos criarmos uma realidade que seja melhor do que aquela que tem sido até agora? E porque não começarmos por nós próprios que é a única coisa que podemos garantir mudar? E é aqui que entra a autodisciplina e honestidade própria - a honestidade como vida e para com a vida, em igualdade e unidade com os outros.

Até à pouco tempo a palavra/noção de disciplina trazia uma conotação negativa de algo contra a minha vontade, tal e qual uma imposição. Isto porque nunca tinha considerado a disciplina como algo vindo de mim e para mim, tendo antes sido associado a algo vindo de fora contra mim, como se alguém me conhecesse melhor do que eu própria.
Comecei por ler no site do Desteni artigos sobre self-discipline e como esta estava associada à honestidade e direção próprias. Agora em Portugal, apercebo-me das consequências da falta de disciplina própria, ou seja, de permitir e aceitar "ir ao sabor do vento" - que é a versão poética de se dizer que se vai desorientado e à espera que algo ou alguém me dê direção. Quando não há autodisciplina, a austeridade externa acredita ser uma solução, como ter alguém a dizer o que tem de ser, sem primeiro nos re-educarmos sobre o que é o melhor para todos.

Na realidade, o estado do mundo e o estado de cada país é o reflexo daquilo que cada um tem permitido em si próprio e por isso não ninguém que acarreta as culpas porque somos todos igualmente responsáveis pelo que temos permitido e aceite como "normal". O que é certo é que até agora temos permitido uma total ignorância sobre como o sistema económico e político funciona, com a desculpa que "desde que eu tenha o meu conforto emocional, então está tudo bem", sem nos apercebermos que estamos a cavar o nosso próprio abismo e que a terra que atiramos para trás vai acumulando até cair em cima de nós.
Por isso, uma das soluções que eu me tenho apercebido como essencial no processo de mudança, é a tomada de responsabilidade própria e a autodisciplina em realmente viver a mudança. Não há meios-termos: ou se pára de participar nos padrões do passado, ou se vive um novo futuro.

Esta semana irei dedicar-me a explorar e escrever o perdão-próprio para os vários padrões da mente, começando pela resistência em sermos o exemplo para nós próprios.