DIA 237: Associar imagens do passado ao presente e desejar fazer sentido na mente
Quando é que a nossa realidade parece fazer sentido? No meu caso,
reparo que há uma sensação de satisfação quando as coisas "batem
certo", que é o que acontece quando a imagem da minha realidade encaixa
com a imagem preconcebida na minha mente. Mas será isto honestidade própria?
Tomemos o exemplo da escolha de um parceiro: quais são as ideias pré-concebidas
que se criaram na mente e que nos fazem ser consciente ou inconscientemente
selectivos? A cor dos olhos? O tipo de cabelo? A forma corporal? A
nacionalidade? A personalidade do outro/a?
O "fazer sentido" na mente é o mesmo que dizer que a minha
realidade tem de condizer com a imagem e ideia que eu criei na minha mente de
como as coisas devem ser, embora eu nunca me tenha questionado se as imagens e
ideias na minha mente são práticas, são realizáveis e se são o melhor para mim.
Ou de onde é que estas imagens vieram? Apercebo-me que primeiro tenho de
conhecer a minha mente para depois me poder dar sentido e direção em
honestidade própria. Por exemplo, começar a investigar e a escrever sobre qual
o ponto de partida na minha mente para tomar uma determinada decisão, para
perceber como é que as associações da minha mente são criadas, quais foram as
minhas influências para criar imagens de perfeição na minha mente, e como é que
eu tenho permitido esta ditadura da mente na minha vida, sem tomar
responsabilidade pela minha existência como um todo.
Este é o Processo de auto-investigação que tenho vivido ao longo dos
últimos cinco anos e que continuo a andar, passo a passo, ponto a ponto...
Recentemente apercebi-me da tal sensação de satisfação quando na minha
mente punha "certo" em vários aspectos do meu dia-a-dia: marido
(checked), casa arrumada (checked), emagrecimento (checked), emprego (checked),
viajo com frequência (checked), falo várias línguas (checked), tenho pessoas
com quem falo e goste de estar (checked) e por momentos o ego pareceu encher os
pulmões, em vez do ar. Obviamente, que é de ar que eu preciso e que estes
"checked" não são nada mais nada medos do que aquilo que eu tenho
criado para mim própria e que não é preciso anexar qualquer emoção de orgulho a
isso. É da minha responsabilidade criar uma relação estável com o meu parceiro,
criar um espaço que seja o meu lar, estimar o meu corpo com uma boa alimentação,
exercício físico e trabalhar em pontos da mente que se manifestavam no corpo
físico, empenhar-me no meu emprego para o manter, gerir o meu tempo para
descontrair, estudar para aperfeiçoar a minha actividade profissional e
resolver os meus pontos para não descarregar nos outros para eu própria ser uma
boa companhia para mim e para os que me rodeiam. Ao ver cada um destes
elementos, afinal não há nada de especial sobre isso. Aliás, a meu ver devia
ser da responsabilidade do mundo (logo de todos nós) de criar as condiçõesbásicas para que cada ser-humano tenha dinheiro para um lar confortável, uma
alimentação de máxima qualidade, tempo para desfrutar a sua existência e assim
investir atenção em criar relações equilibradas com outras pessoas e potenciais
parceiros.

- Quando pensamos, como é que
somos capazes de discernir aquilo que é realmente o melhor para nós e que
é honesto connosco próprios?
Podemos começar por realizar que tudo aquilo que a mente nos mostra tem
de ser questionado. Não necessariamente julgado como certo ou errado, mas
questionado sobre o porquê de associarmos a nossa realidade a determinadas
memórias e como é que isso pode condicionar a nossa expressão no momento
presente. Por isso a respiração é tão importante neste Processo: permite-nos
abrandar a velocidade dos pensamentos e somos capazes de estar cientes dos
pensamentos que temos, para que possamos darmos direção à nossa criação a
partir de agora e pararmos de ser robots a copiar aquilo que vimos e ouvimos no
passado.
No próximo artigo vou escrever o perdão-próprio e o meu compromisso de
mudar a minha atitude de cada vez que dou por mim a fazer associações na mente
e a desejar que a minha realidade corresponda com a perfeição de imagens da
mente. Até lá, sugiro que se leia um artigo anterior que aborda a paranóia daperfeição que existe na mente humana. Em honestidade própria, este mundo só
será um lugar perfeito para se viver quando cada um deixar de procurar dar
sentido à mente e, em vez disso, perdoar e mudar os pensamentos sobre si
próprio e redefinir o que é realmente a perfeição em nós, nesta vida e neste
mundo.