DIA 236: Proibido falar de sexo?

quinta-feira, julho 18, 2013 0 Comments A+ a-


O blog de ontem foi uma introdução à jornada que me proponho fazer de desconstruir as ideias geradas à volta do sexo, que têm mantido este tema separado de nós próprios. Quantos de nós têm conversas maduras sobre sexo? Conversas que realmente procuram alargar o nosso entendimento sobre aquilo que é o sexo, sobre quem nós somos no sexo, sobre aquilo que é realmente importante para cada um durante o sexo, sobre os medos atrelados ao sexo, sobre as dúvidas, sobre as paranóias... E falar de tudo isto sem medo de se ser julgado, criticado ou gozado?
Mesmo que quiséssemos falar sobre sexo, como podemos falar sobre algo que ainda não está plenamente estável no nosso ser? Como é que vamos progredir no nosso discurso sobre educação sexual se não há um diálogo construtivo, sem julgamentos, sem agendas, sem desejos, sem interesse próprio, sem ego, sem religião, sem medo e sem ideias pré-feitas? Como é que podemos ensinar aquilo que não sabemos nem vivemos para nós próprios?
É exactamente sobre esta resistência em se estar um e igual com a conversa do sexo que eu vou escrever o perdão-próprio de hoje. Alguns destes pontos foram enfrentados há alguns anos, no entanto, vou partilhá-los agora e viver o compromisso de me estabilizar nesta conversa.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido julgar a palavra sexo.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ter vergonha de falar sobre sexo com amigos, colegas e familiares por pensar que eles não me compreendem ou por pensar que é errado conversar-se sobre sexo. Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar que é errado falar de sexo só porque este não foi um tópico falado no ambiente e sociedade em que eu cresci - eu apercebo-me que não tenho de copiar aquilo que eu vejo à minha volta, muito menos de participar no silêncio quando vejo que a falta de educação sexual e a falta de honestidade própria criam tantos conflitos  e paranóias pessoais que, por sua vez, trazem consequências e desequilíbrios graves para a sociedade em que vivemos.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que só se pode ler coisas sobre sexo ou falar sobre sexo às escondidas uns dos outros, como se o sexo fosse uma conversa suja.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver e realizar que os meus pensamentos e medos sobre aquilo que as outras pessoas possam pensar sobre o sexo é de facto um espelho/reflexo daquilo que eu permito pensar e acreditar sobre aquilo que o sexo é. Eu apercebo-me que se o pensamento sobre aquilo que o outro pensa existe na minha mente então sou eu que estou a permitir esse pensamento em mim e a projectá-lo no outro, em vez de tomar responsabilidade própria sobre os pensamentos que eu aceito viver. Eu apercebo-me que evitar falar de sexo é estar a limitar o meu auto-conhecimento, estar a limitar o meu próprio esclarecimento e expansão e estar a ignorar um dos elementos que mais influencia a nossa vida mental e física.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido associar o sexo a pornografia e a notícias de violações, somente porque essas são as formas mais comuns de se ouvir falar de sexo nos meios de comunicação social.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar que o sexo é uma coisa separada de mim, separada do meu dia-a-dia, separada das outras pessoas.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver e realizar que quanto mais eu suprimo/nós suprimimos as nossas dúvidas sobre o sexo, mais ideias, crenças e medos alimentamos nas nossas mentes e assim mais distantes estamos da simplicidade sexual e da expressão sexuais.

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que a resistência em falar de sexo é prova de como o sexo foi manipulado e subvertido na nossa sociedade para controlar as mentes das pessoas através do medo da nossa própria existência e da nossa própria criação (ou será que não somos todos frutos do sexo?)

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ter resistência para partilhar os pontos da minha religião do Ser, inclusive as crenças e medos associados ao sexo,  mesmo com as pessoas mais próximas de mim.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ter vergonha de falar e escrever abertamente sobre a expressão sexual e o sexo em geral, ao pensar que vou ser julgada, criticada e gozada pelas pessoas que me conhecem. Eu apercebo-me que estes pensamentos que a minha mente me mostra são os pensamentos que eu tenho acumulado em mim e que se tornaram a minha referência e a minha limitação. Eu realizo então que só eu me posso ajudar a caminhar estas resistências, a libertar-me do peso do medo e a parar de impor julgamentos da mente sobre mim, o que é contra a minha expressão própria.