DIA 235: Onde anda a expressão sexual?

quarta-feira, julho 17, 2013 0 Comments A+ a-


Quando ponderei começar a escrever uma série de artigos sobre sexo, pensei que seria desta que chegaria às 200 visitas diárias! E porquê? A meu ver, há de facto uma falta de claridade sobre aquilo que a expressão sexual é ou pode vir a ser nas nossas vidas e reparo na falta de literatura que olha para o sexo em honestidade-própria. Para além das entrevistas da EQAFE, há muito pouco conteúdo sobre sexo que valha realmente a pena ler-se ou ouvir-se.

Mas porque é que o tema sexual no nosso mundo é composto por esta polaridade abominável: ou se trata deste tópico na sua vulgarização máxima com piadas de calibre abaixo do respeitável, ou não se fala dele apesar de estar constantemente a palpitar nas mentes humanas, sem qualquer orientação, tornando-se num tabu sem se saber como se falar dele?
Na continuação da minha escrita e investigação da minha Religião do Ser, começo a ver a minha relação com o aquilo que me foi ensinado como sendo errado, ou doloroso, complicado, vergonhoso e perigoso: o melhor exemplo que eu encontro é a religião criada à volta da expressão física dos corpos chamada de sexo. É incrível como a falta de educação é substituída por uma religião de secretismo à porta fechada, mesmo quando tal cegueira traz tantas consequências para cada um de nós e, consequentemente, para a nossa sociedade.  Na minha mente, este tópico foi também mantido como um secretismo baseado nas histórias que ouvia falar dos outros e da representação daquilo que supostamente o sexo é na indústria cinematográfica.

É uma pena que os adultos não sejam educados a educar as crianças sobre o que a vida sexual é ou pode ser, sem se ter como referência a imprensa oculta de revistas Marias e afins, ou pior, a referência pornográfica que é a completa adulteração daquilo que a expressão sexual humana realmente é. A meu ver, o silêncio do sexo tem sido substituído pela comédia, em que a maioria das piadas vão dar eventualmente a fantasias sexuais que ficaram suprimidas algures nas mentes humanas e que nem sequer nos questionamos sobre a banalidade dos comentários. Vê-se então a paranóia do sexo espalhada por todo o lado associada à nudez das campanhas publicitárias, a objectivação do corpo feminino, a ignorância sobre a origem dos desejos da mente e, finalmente, a consequência global do abuso manifestada em notícias de violações sexuais, de relações desequilibradas, de violência sexual que pode condicionar a vida de um ser-humano para sempre caso não haja um acompanhamento adequado. E no final de contas, somos nós enquanto humanidade que estamos a criar este inferno para as nossas vidas e para as vidas dos outros e portanto cada um de nós é responsável por ajudar-se a si próprio a compreender o que se passa nas nossas mentes e, obviamente, corrigir aquilo que manifesta abuso sobre si próprio e sobre os outros que são afectados directa e indirectamente.

Se tirarmos por momentos todas estas ideias associadas ao sexo, o que é que temos? Corpos que respiram, igualdade, movimento, expressão, descoberta corporal, expansão pessoal, alinhamento com o físico, presença, respeito por si próprio e pelo outro, novidade, carinho, INTIMIDADE COM O SEU PRÓPRIO CORPO, prazer, entrega, vulnerabilidade, estabilidade, sensibilidade, CONFIANÇA EM SI PRÓPRIO, CONFIANÇA NO OUTRO, simplicidade, humildade, partilha e transcendência dos limites que impusemos a nós próprios.

Infelizmente, a extensão do abuso sexual na nossa sociedade comprova que há uma deficiência na maneira como este tema é educado e que consequentemente é deixado à mercê das mentes de cada um e também manipulado pelo sistema de poder e dinheiro.
Todos sabemos que a prevenção é o melhor remédio, e para que haja prevenção tem de haver entendimento sobre o que o sexo realmente é, como é que este tem sido usado e abusado para manter as mentes suprimidas e sob controlo do medo, em vez de cada um de nós ser realmente educado sobre o seu próprio corpo, em estabelecer uma relação de confiança e a saber aquilo que é o melhor para si próprio em unidade e igualdade com os outros.

Abro então um novo capítulo no meu processo em que vou explorar os várias camadas de pensamentos e ideias associados com o sexo como até agora tem sido mal-tratado, e vou abrir caminho a uma nova perspectiva sobre a expressão sexual como sendo o potencial máximo de expressão física, respeito mútuo e auto-conhecimento. Vou andar este processo em tempo-real, re-educando-me de acordo com pontos que eu vou enfrentando e lidando com eles. Sugiro que se oiça também as entrevistas da EQAFE que proporcionam um entendimento da relação que cada um de nós criou com o sexo.