DIA 212: Auto-culpabilização e dura comigo própria

sexta-feira, maio 24, 2013 0 Comments A+ a-



No seguimento destas minha andanças recentes, apercebo-me da solidariedade quando se fala de coisas do peito ou de zonas intimas do corpo, como se fosse ainda um tabu, mas vejo então que esta resistência para se falar nestes tópicos tem a ver com o medo de se “apanhar” a doença. Eu própria estava a participar no medo de falar sobre este assunto por medo de agravar a situação, como se só uma notícia mais grave fosse merecedora de um blog!

Afinal, isto não é daquelas coisas que só acontecem só "aos outros". Está aqui na minha realidade e eu tenho as ferramentas para andar este processo, passo a passo.

Mesmo antes de saber que este carocinho no peito se tratava de um quisto inflamado, comecei a aperceber-me do padrão da auto-vitimização e da tendência para me sentir culpada das coisas que acontecem na minha realidade. Mas participar no padrão da culpa não é produtivo e acabo por ser dura comigo própria.

Vejo então que agarrar-me à culpa é uma forma de evitar tomar responsabilidade e olhar para soluções práticas para aplicar correção imediata – por exemplo, começar a acalmar no trabalho, ser prática, fazer uma coisa de cada vez, desacelerar os pensamentos na minha mente, parar os medos, tomar decisões que sejam o melhor para mim, cuidar do meu corpo, respirar e relaxar.


Uma armadilha da mente até agora tem sido o de projectar a culpa nos outros, embora seja tal e qual um espelho de mim própria. Lembrei-me da expressão religiosa do “mea culpa” e vou tomar esta oportunidade para PARAR de participar na facilidade aparente da culpa. Por exemplo, em relação ao meu quisto, a culpa não é do meu emprego per se, porque não é o trabalho que gera o meu stress – Sou eu que permito (ou não) criar a ansiedade e acomodar-me ao estado de stress. Eu apercebo-me que sou responsável por investigar os pensamentos de culpa dentro de mim e ajudar-me a mudar a minha relação comigo própria, em AUTO-SOLIDARIEDADE e aplicar soluções na minha realidade!


Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido habituar-me a culpar-me e a ser dura comigo própria quando algum acidente acontece ou alguma coisa corre fora do planeado, sem ver que ao culpar-me e ao ser dura comigo própria eu estou a criar novos problemas na minha mente.


Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido sentir-me culpada pelas coisas que acontecem à minha volta como se tivesse a perder o controlo, em vez de perceber que posso tomar responsabilidade pela minha vida sem participar na reação de culpa.


Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido projectar a culpa para algo fora de mim, quando afinal o padrão de culpa não tem de existir em nada nem em ninguém. Apercebo-me que este padrão de culpa é um auto-massacre baseado em justificações sem realmente olhar para o problema e soluçõesn em plena responsabilidade, claridade e direção-própria.


Apercebo-me que ao simplesmente culpar-me pelas coisas, eu estou a evitar dedicar-me a uma solução prática e duradoura, como se fosse mais fácil culpar-me para “não pensar mais nisso”. No entanto, o padrão da culpa funciona. Em vez disso, eu posso e devo perdoar-me pela acumulação de culpa e dedicar-me a aplicar uma solução prática para o problema.


Quando e assim que eu me vejo a participar no padrão da culpa, tanto contra mim mesma ou a projectá-lo em algo ou alguém, eu páro e respiro.

Em vez de alimentar a culpa, eu procuro investigar em mim porque é que o sistema da culpa surge – e quais são as soluções reais que eu estou a suprimir em mim.


Quando e assim que eu me vejo a agarrar-me ao sistema da culpa como se isso fosse redimir-me das coisas que eu faço ou que eu não faço, eu páro e respiro. Em vez de querer mudar o passado, eu dedico-me a mudar-me no presente, a recriar a minha relação comigo própria em TOTAL COOPERAÇÂO. Eu apercebo-me que a culpa não tem qualquer efeito a não ser criar ansiedade em mim e separação comigo própria.


Ilustração: Andrew Gable