DIA 202: Imaginar o Pior Cenário VS Imaginar o Melhor Cenário (e o "dedo" do Deus nesta história)
Há alguns anos que eu me apercebo desta tendência em mim de criar o
pior cenário possível e permitir-me "viver" esse cenário com medo do
futuro. Ao mesmo tempo, recordo-me de tentar ao máximo imaginar cenários na
minha mente que eu associava com paz e "está tudo bem", tal como
fazia à noite ao fechar os olhos e esforçar-me por ver ursos num cenário
cor-de-rosa de flores, e pensar que assim evitava ter pesadelos.
Hoje em dia, este padrão é manifestado na projeção de cenários de um
futuro que eu temo ser contra mim própria no meu emprego. Dou por mim a
imaginar cenários em que me esqueço de uma reunião importante, ou que falho, ou
que está toda a equipa à minha espera... Por outro lado, dou também por mim a
acumular excitação quando penso que o projecto está quase a acabar, ou a
imaginar que é tudo terminado com sucesso e há a imagem do reconhecimento dos
outros. Ainda estou no processo de me permitir estar ciente de quando estes
eventos mentais ocorrem... Aquilo que me tem escapado tem sido perguntar-me: -
quem é que, para além de mim, me tem permitido imaginar/participar nos cenários
da minha mente? Ao escrever "minha mente" acabo de dar a resposta à
minha pergunta. Sou eu a única responsável por me permitir cair no "buraco
negro da mente" e seguir a mente como se fosse um Master...
Provavelmente, a minha crença em Deus durante os primeiros 21 anos da
minha vida foi também um factor para me questionar ainda menos e acabar por
varrer este padrão para debaixo do tapete com a suposta ideia/esperança que era
a vontade de Deus e que portanto era aceitável. No entanto, mais uma vez eu sou
a única responsável por ter aceite e permitido a minha
crença em Deus e por "descartar" a minha responsabilidade de não
seguir a mente.
Apercebo-me que as duas versões dos cenários são desfasadas da
realidade: uma representa a polaridade negativa e a outra a polaridade
positiva. Ambas são baseadas em energia da mente que tem impacto na minha
estabilidade física de cada vez que eu me permito aceitar e alimentar os
cenários da mente em mim.
- Porque é que há a necessidade de criar cenários para o futuro quando estes cenários são contra a minha estabilidade?
Nisto, apercebo-me do ponto da falta de confiança em fazer aquilo que é
o melhor para mim considerando todos os pontos da minha realidade e acabo por
acreditar que a mente (tal e qual um Deus) vai saber decidir por mim. Ao
escrever sobre este padrão começo a encontrar novas perguntas e novas camadas
que me podem ajudar a descobrir o padrão, a percebê-lo e a estar ciente da
minha correção prática. Curiosamente, os
cenários da mente não são planos que consideram a realidade das coisas - pelo
contrário, estas imagens surgem mentalmente como um filme improvisado sem
guião. Portanto, uma coisa que eu posso tentar fazer da próxima vez que comece
a criar um cenário de futuro na minha mente, é escrever sobre aquilo que a minha
mente está a projectar e verificar com base na realidade das coisas se o
cenário tem fundamento - em vez de participar no medo reactivo e primitivo da
mente, eu ajudo-me a estabelecer soluções práticas para ir eliminando os
factores de risco e ver como posso prevenir que uma situação adversa ocorra.
Enquanto que antes eu iria provavelmente rezar/agradecer a um Deus por
ter ajudado a que tudo corresse bem, hoje em dia estou ciente que não houve uma
magia separada de mim a ditar a minha vida, nem houve um dedo invisível divino
- estou ciente que fui eu quem me permitiu dar direção a mim própria, me
permiti abrandar o programa de medo da mente, e me permiti ver/APLICAR/viver as
soluções para mim própria considerando as várias etapas e elementos envolvidos
no projecto por exemplo.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido participar nos cenário
auto-derrotadores da minha mente e acreditar que projecto x está destinado a
falhar sem primeiro garantir que estou ciente do projecto, que estou à vontade
e que faço o meu "trabalho de casa" de me limpar dos medos
pré-concebidos na minha mente.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido simplesmente adoptar os
medos da mente como sendo inquestionáveis, em vez de dizer ESPERA LÁ! Porque é que eu aceito o medo de falhar
sem primeiro garantir que eu estou a planear o trabalho passo-a-passo, que
estou a considerar os cenários possíveis e a colmatar/prevenir ao máximo os
factores de risco que estão ao meu alcance evitar, por exemplo através de uma
comunicação clara com os meus colegas, e ao pedir ajuda para coisas que eu
possa ainda não saber resolver, ou ao ter em consideração falhas que possam ter
ocorrido no passado e que eu tenho a oportunidade de corrigir.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido "perder tempo" e
dar atenção às imagens/cenários da mente positivas (desejos) e negativas
(medos). Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que depende sempre
de mim criar a minha estabilidade própria. Por isso, comprometo-me a parar a
espiral da imaginação da mente e dedico-me a investir o meu tempo e a minha
atenção na prevenção, na preparação da minha ação para garantir que me estou a
dar uma direção que seja o melhor para mim.
No emprego, eu realizo que o resultado final está dependente do meu
empenho no processo de preparação e da minha concentração a planear e a
executar a minha ação, que por sua vez estão dependestes da minha estabilidade
própria e da minha respiração para evitar reações.
Eu realizo que o meu processo de criação tem impacto nos vários
elementos da minha vida, nomeadamente na minha relação com os outros e no meu
desenvolvimento pessoal/profissional no meu emprego.
Apercebo-me que o processo de auto-criação é um processo de
aprendizagem prática em honestidade própria.
Apercebo-me que os medos da mente são baseados na ideia de separação em
relação aos outros e na separação de mim própria, quando afinal sou/somos
/estamos todos aqui em unidade e igualdade, cada um responsável por si epelo
todo.
Em vez de aceitar os medos/padrões da mente como sendo "a
regra", ou no lugar de culpar algo ou alguém pela minha experiência, em
foco-me em perceber como é que eu estou a participar na minha realidade e
comprometo-me garantir que sou responsável pelo auto-aperfeiçoamento das minha
ações em considerar todos os pontos envolvidos e aquilo que é o melhor para
todos.
Quando e assim que eu me vejo a participar no medo que o resultado seja
contrário à minha dedicação, eu páro e respiro. Em honestidade própria, eu
verifico onde é que eu estou a hesitar, ou se há medos que me impedem de
dedicar a 100%, ou se há algum ponto que eu ainda não resolvi em mim e que esta
é uma oportunidade para lidar/transcender esse ponto. Ao mesmo tempo, eu
comprometo-me a parar o padrão de ser dura comigo própria , considerando que há
alguns elementos que estão fora do meu controle.
Para concluir, posso utilizar os cenários/tendências da mente para
estar ciente dos padrões que existem em mim e que eu sou responsável por mudar
estes padrões em mim que são fonte de instabilidade e distração mental. Realizo
então que a própria ideia de falhanço é uma sabotagem da mente e, em vez de
pensar no medo de falhar como uma ameaça ou castigo, tenho a
oportunidade/responsabilidade de verificar os passos que têm de ser
tomados/corrigidos de modo a recriar uma realidade que seja benéfica para mim/todos
em unidade e igualdade.