DIA 204: Mecanismo de defesa da mente

sábado, maio 04, 2013 0 Comments A+ a-


Continuo a analisar esta "necessidade de defesa" e curiosamente hoje vi a mesma reação noutra pessoa: reparei como o tom de voz se alterou quando o mecanismo de defesa começou a actuar e a voz tomou aquele ar defensivo, como se suplicasse para ser compreendido!
No meu caso de ontem, como eu expliquei no meu artigo De onde vem esta necessidade de medefender? apercebi-me desta vontade/energia para responder imediatamente, sem sequer me dar tempo para analisar os vários pontos envolvidos. Vejo então que o mecanismo de defesa da mente é uma forma de instinto de sobrevivência do ego, no qual manifesto o medo daquilo que o outro possa vir a pensar de mim e portanto tenho esta necessidade de agir o mais depressa possível. No entanto, ao escrever sobre isto, vejo que eu não posso controlar o que quer que seja que o outro possa vir a pensar de mim, porque nenhum desses pensamentos tem de ser tomado como pessoal. Da mesma maneira que qual quer que seja o julgamento que eu possa vir a pensar que o outro tenha de mim tem apenas a ver com o meu próprio julgamento. Nisto, vou então aplicar o perdão próprio sobre a reação de defesa pessoal quando permito sentir-me atacada pelo outro:

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido reagir quando recebi o email do meu colega e por ter levado a pergunta do outro como um ataque ao meu trabalho.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido estar vulnerável à interpretação da mente sobre aquilo que me é dito, em vez de verificar em honestidade-própria se fiz realmente tudo aquilo que eu era suposto fazer naquela tarefa específica.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido entrar no jogo de defesa da mente ao responder com base na ideia de estar a ser atacada, em vez de responder em senso comum e estar aberta ao comentário do outro sem uma personal agenda.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido ficar ansiosa perante a questão, em vez de perceber que as outras pessoas podem não estar inteiramente dentro do assunto e é da minha responsabilidade passar essa informação e esclarecer o que é que foi feito. Assim, eu apercebo-me que a questão do outro não tem de ser considerada como um ataque ao meu trabalho, mas simplesmente um pedido de clarificação.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que a minha reação não teve a ver com o outro mas que me mostra a insegurança que eu ainda tenho de corrigir em mim em relação ao meu trabalho.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido tomar completa responsabilidade pelas tarefas que eu faço e garantir que sou sempre capaz de responder a qualquer clarificação que me seja pedida, em plena estabilidade, ciente que fiz o melhor que podia e tudo aquilo que estava ao meu alcance. Desta forma, apercebo-me que crio a minha estabilidade à priori e que estou estável nas minhas decisões sobre aquilo que eu faço no meu trabalho.

Quando e assim que eu me vejo a julgar um comentário/pergunta como um ataque pessoal, eu páro e respiro. Em vez de participar no programa automático da mente de defesa, eu comprometo-me a dar direção àquele momento, e permito-me então parar o ataque pessoal em mim e permito-me ver o senso comum da questão. Dou-me também a oportunidade de investigar em mim qual é que o ataque que eu estou a interpretar e ajudo-me a perceber de onde é que o auto-julgamento vem. Neste caso, eu comprometo-me a responder em senso comum àquilo que me é pedido, sem ter qualquer segundas intenções de me defender ou de marcar pontos. Se for preciso, faço perdão-próprio no momento em que sinto a reação e ansiedade em mim, e comprometo-me a parar a ideia de que o outro desconfia das minhas capacidades.Eu apercebo-me que é nestas situações que eu demonstro maturidade a lidar com os problemas e me mantenho como um elemento estável na equipa, como um exemplo para mim própria e para os outros.

Quando e assim que eu me vejo a participar na competição do ego de "querer ganhar a discussão", eu páro e respiro. Eu apercebo-me que esta competição com "o outro" é de facto uma competição comigo própria e que este conflito do ego é uma fonte de instabilidade dentro de mim. Vejo então que a minha relação com os outros é um espelho da relação que tenho comigo própria, e que posso usar a minha relação com os outros como um indicador daquilo que eu sou responsável por mudar em mim, para o meu próprio bem.

Eu apercebo-me que qualquer julgamento que eu possa pensar que o outro tenha de mim é um julgamento que eu tenho sobre mim própria e cabe-me a mim trabalhar esse ponto em mim e verificar onde e como é que eu posso corrigir/aperfeiçoar a minha ação. Ao mesmo tempo, eu apercebo-me que o comentário que vem da outra pessoa é também uma projeção da mente dessa pessoa e que depende de mim aceitar isso como um ataque pessoal ou não.
Em honestidade própria, eu permito-me dar estabilidade numa situação em que sou chamada à responsabilidade, ao estar ciente que tomei as ações necessárias para levar a cabo a minha tarefa. Eu apercebo-me que ao não permitir que a reação se imponha na minha relação com os outros, eu sou capaz de ver a situação em senso comum e estar um e igual com o resto da equipa, sem procurar tomar posições defensivas ou de ataque, mas procuro cumprir a minha responsabilidade individual para com a equipa e para com o resultado final do projecto.