DIA 140: Libertar-me da procastina-a-ação

segunda-feira, novembro 26, 2012 1 Comments A+ a-



A procrastinação resulta sempre em abuso próprio. Parece dramático? Não. E um alerta que damos a nós próprios sobre a relação que estamos a criar connosco. Esta realização surgiu da minha própria experiência na qual eu estava deliberadamente a ignorar aquilo que eu tinha/devia fazer por mim, com a justificação da imagem de me ver "em ação" mais tarde e adiar-me (ou será odiar-me?). Ao ter permitido que a mente tomasse conta da minha iniciativa e vontade próprias, apercebi-me deste padrão auto-destrutivo pois estava a pôr em causa o meu bem-estar e até mesmo a minha saúde. Curiosamente, a procrastinação manifesta-se aquando de actividades físicas, como ir ao ginásio, ou até mesmo cozinhar, ou fazer sexo, ou ir ao médico ou falar com alguém. A ideia de cansaço físico surge na mente e contagia a nossa própria vontade e capacidade de discernir aquilo que tem de realmente ser feito! Para além das consequências eminentes de falta de cuidado com o nosso próprio corpo, a longo prazo desenvolve-se uma relação de falta de confiança em nós próprios, porque a memória de ocasiões anteriores em que se procrastinou vai comprometer a assertividade em realmente viver as palavras que se fala...

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido entrar naquele "estado mental" de desprezo próprio e de desvalorização daquilo que eu faço e daquilo que eu tenho de fazer por mim, como uma desistência de mim própria.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar na imagem/ideia de "fazer depois", sem ver que com esta ideia/imagem eu estou a enganar-me a mim própria 

Se neste momento que eu tenho a possibilidade de fazer isto e não faço, que prova dou a mim mesma que irei fazer realmente fazer "mais tarde" ou que irei ter o tempo/disponibilidade de o fazer?

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido procurar algo que entretesse a minha mente para eu não pensar mais no assunto, em vez de fechar o assunto por mim ao tomar a decisão de fazer aquilo que é o melhor para mim neste momento.

Quando e assim que eu me vejo a entrar no modo de "projeções da mente" em que me imagino a fazer aquilo que , em honestidade própria, estou a evitar fazer agora, eu páro e respiro. Nesse momento, em vez de reagir, eu dou-me a oportunidade de ver a origem da procrastinação - o que é que eu não quero enfrentar? Quem é que eu não quero enfrentar? O que é que eu estou a suprimir em mim? Esta preguiça é da mente ou é realmente cansaço físico? Que personalidade é esta? Porque é que tenho medo de sair desta aparente zona de conforto na qual me estou a afundar/ignorar?

Quando e assim que eu me vejo a desprezar a minha atenção ao meu corpo físico, quer seja a evitar ir ao ginásio, ou a evitar descansar, ou a evitar ligar para o médico, ou a evitar cozinhar, eu páro e respiro. Ao parar e respirar, eu dou a mim própria o tempo e espaço para perceber este padrão da procrastinação e conhecer aquilo que eu tenho permitido em mim e no mundo à minha volta. Eu comprometo-me a estar um e igual com o meu corpo e, a partir desta decisão, parar o abuso da mente sobre o meu corpo. Eu comprometo-me a parar as assumpções de como as coisas vão ser ou têm de ser, e permito-me criar a mudança que eu tenho desejado mas adiado em mim/para mim - apercebo-me que a mudança é física e não da mente; apercebo-me que a mudança é de facto levantar-me e dar uma direção a mim própria; apercebo-me que a solução passa sempre por tomar responsabilidade pelas consequências que eu tenho criado para mim própria e, portanto, ver que sou também responsável por mudar a consequência/o resultado ao mudar a minha ação e o meu ponto de partida.

Quando e assim que eu me vejo a desvalorizar o meu tempo e o tempo que dedico a mim própria, eu páro e respiro.
Quando e assim que eu me vejo a desejar dar aos outros aquilo que eu não estou a dar a mim própria, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que primeiro eu tenho de me tornar no meu próprio exemplo, limpar-me de todas as supressões, desejos, frustrações, ideias de como eu sou, ideias de como os outros são, ideias de como a vida é e ideia de como as coisas acontecem, para me libertar destas ideias que ocupam a minha mente e com as quais eu bloqueio ver/ser em senso comum.
Quando e assim que eu me vejo a ignorar a possibilidade de mudar neste mesmo instante o resultado deste "episódio", eu páro e respiro. Eu apercebo-me que esta ideia de "como eu sou" ou de como as coisas são" só existe na minha mente porque eu as criei/permiti em mim e que depende de mim perdoar-me por este desprezo/ignorância e dar-me uma nova direção, desta vez em honestidade própria e senso comum.
Eu apercebo-me que ao ajudar-me a corrigir o padrão da procrastinação, eu estou a ajudar-me/aos outros a mudar a minha relação comigo própria para criar o melhor para mim, a estabelecer uma relação de auto-confiança, amor-próprio e assertividade, e que esta mudança a partir de dentro irá reflectir-se (como um espelho) na minha relação com os outros/o mundo à minha volta.

Da mesma maneira vejamos: não será este mundo em que o passado se repete constantemente um exemplo da consequência da aceitação da procrastinação em nós próprios, em que adiamos/odiamos a mudança?

1 comments:

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Thilfa
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segunda-feira, 19 agosto, 2013 delete

Texto sobre a Procrastinação e o Candy Crush Saga:

http://ulbra-to.br/encena/2013/08/14/Candy-Crush-Saga-e-o-Vicio-da-Procrastinacao

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