DIA 134: Prever as coisas através da mente

quinta-feira, novembro 15, 2012 0 Comments A+ a-




Apercebo-me deste padrão em estado de medo - aquele aperto no peito que surge enquanto vemos um filme e gritamos cá dentro "cuidado!" como se a personagem do filme não visse. E não vê. Porque esse medo está em mim, não no outro. É uma previsão da mente que as coisas vão correr contra nós e contra aquilo que seria bom para todos. A ideia que se tem de remar sempre contra a maré e contra mim própria - curiosamente não me lembro deste padrão durante a minha infância. A bola de neve da acumulação de ideias (a chamada religião do ser) e de acumulação de previsões de um futuro contra mim só começou a manifestar-se com o desenvolvimento da mente - quanto mais crescidos, mais porcaria se acumula, mais noções de certo e errado e maior habilidade para mentir a nós próprios, de tal maneira que cheguei ao ponto de não saber o que é a honestidade própria e o que é a desonestidade própria. As crianças, por outro lado, têm muito mais senso comum e não se permitem contagiar pela podridão de manias que assenta sobre o mundo.
Prever as coisas é uma mania e um mecanismo de proteção da mente - uma forma de ter controlo sobre a minha auto-destruição (um status quo inaceitável), em vez de tomar a responsabilidade de parar esta bola de cristal mental e permitir-me criar e viver quem eu sou em honestidade própria.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido acreditar que a previsão da mente é real.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido seguir as imagens da mente como se esta previsão estivesse a acontecer, sem me aperceber que estou a permitir ser controlada por emoções (da mente), por medos (da mente) e assim esquecer-me de mim e do meu corpo aqui, como se abandonasse o físico que é real.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido estar estável quando olho para aquilo que as pessoas fazem sem esperar que algo corra mal, ou seja, sem esperar que haja um acidente ou algo que prove que o medo é real!
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido querer provar a mim própria que a mente é real, sem ver que esta teimosia me traz instabilidade e portanto em honestidade própria vejo que não me estou a fazer bem.
Eu perdoo-me por me ter  aceite e permitido participar na auto-destruição de mim própria e do meu corpo ao permitir adoptar os hábitos da mente e viver para apreciar a mente!
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que a maioria das minhas ações são para agradar a mente, como se honrásse um deus que só existe em mim e que através desta imposição a mim própria acabei por criei a minha própria prisão e limitação de ideias, crenças e expectativas.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que viver para agradar a mente não é viver porque afinal estou a separar-me de mim e da minha estabilidade própria.

Quando e assim que eu me vejo a permitir que a mente de ideias, previsões e expectativas está a controlar-me, eu páro e respiro. Eu devolvo-me a responsabilidade de dar diração a mim própria para decidir o que faço com base em senso comum e com base nesta realidade. Eu comprometo-me a parar a esperança e expectativas da mente porque me estou a distrair de mim e da minha capacidade de estar presente completa-aqui.

Quando e assim que eu me vejo a participar na previsão da mente daquilo que eu vou fazer a seguir ou daquilo que eu penso que os outros vão fazer, eu páro e respiro. Eu permito-me parar este controlo sobre mim e o controlo aparente sobre os outros, porque na realidade é a mim que eu estou a criar esta armadilha da mente. Quando e assim que eu me vejo culpar o outro pela minha sensação de estar presa, eu páro e respiro. Eu apercebo-me que cada um de nós só se está a prender a si próprio. Logo, eu  comprometo-me a parar cada imagem, cada previsão, cada expectativa, cada crença, cada imagem de futuro, cada imagem do passado, cada esperança e cada ideia de perda.
Apercebo-me que este padrão de previsão está "programado" para a morte e por isso eu dedico-me a "tomar rédea" de quem eu sou, de decidir e viver por mim, de me descobrir sem a mente e sem os padrões com os quais eu me habituei a sobreviver. Quando descobri a técnica do perdão próprio não fazia ideia da ajuda que estava a dar a mim própria. Isto é o começo do meu processo de renascimento: em vez de esperar pela morte, vou recriar a vida em mim, aqui e agora que é aquilo que realmente existe.

Ilustração: Sleep of reason brings monsters (2005) por Andrew Gable
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The Accumulation of Moments Squandered – An Artists Journey To Life: Day 147http://wp.me/p2mGTf-b4