DIA 131: O Dinheiro precisa de "morrer" e nascer de novo

segunda-feira, novembro 12, 2012 0 Comments A+ a-


Lembrei-me da letra da Mafalda Veiga ao ponderar sobre a melhor maneira de expressar aquilo que precisa de acontecer ao sistema económico mundial - será que vamos conseguir curar este sistema ou vamos morrer nós primeiro deste vírus?
Estas perguntas vêm no seguimento das afirmações da  Presidente do Banco Alimentar no vídeo da Sic notícias  e da série de comentários que tenho lido na blogosfera. Mas... Será que é disto que o povo gosta? - Entretemo-nos a citar aquilo que é dito, making a point, sem se falar daquilo que é essencial trazer à  superfície, face aos problemas que todos sabemos que REALMENTE existem.

Será que é relevante discutir a moralidade ou imoralidade de uma entrevista, quando basta haver uma pessoa a "sobreviver" na miséria para comprovar a imoralidade de todo o sistema económico?

Quem somos nós quando o dinheiro que temos é inferior às REAIS necessidades? (nisto refiro-me àquilo que sustenta a nossa existência física e o nosso bem-estar comum a todos os seres humanos -- deixemo-nos de extravagâncias egocêntricas)

Será que vamos mesmo permitir bater no fundo para ver que o a vista do fundo não é bonita?

Não é de estranhar que o ser-humano se permita pensar que temos de passar pela pobreza para vermos que não ter dinheiro é um beco sem saída, sem se ver que quando se está nessa posição dificilmente se tem força para mudar o sistema?

Porque é que temos de esperar por estar numa posição diferente daquela em que estamos agora para tomarmos uma posição que realmente traga algo de novo para combater esta velha história das desigualdades sociais?

O que é que é viver acima das possibilidades, quando aquilo que consumimos é-nos primeiramente ditado pelo próprio sistema que nos escraviza e consome?
É tal lavagem cerebral que nem vemos que estamos a ser educados a ser pobres e egoístas.
Viver acima das possibilidades é o sistema em que vivemos fundado na regra dos 80/20, em que 80% dos recursos do planeta pertencem a 20% da população. Já nos questionámos como é o mundo a partir dos olhos de 80% da população mundial?

Aquilo que não é certamente bonito é ver uma sociedade dividida, na qual parece custar pormo-nos na posição daqueles que estão mesmo a passar mal. Quanto tempo mais precisamos, quantos mais sinais precisamos de ter, quantas mais manifestações, quantos mais Nestums são precisos ser comprados para provar que este sistema monetário não bate certo?

Vamos ver soluções, desmascarando conceitos e teorias  económicas quede forma alguma têm apoiado o bem-estar global , para se repensar a maneira como funciona o sistema económico que consequentemente dita a maneira como vivemos. Trata-se de mudar a maneira como pensamos sobre o dinheiro, sobre a riqueza, sobre as nossas motivações e interesses próprios; a realidade prova que ninguém está isolado e que as próprias fronteiras regionais foram criadas por nós próprios. É certo que se continuarmos neste estado mental de sobrevivência será impossível respondermos às questões mencionadas acima sem outro resultado que não seja a impotência: estas questões têm de ser respondidas por cada um de nós em brutal honestidade própria e humildade, cientes que a única solução é tornarmo-nos a solução.

Vejamos projectos que já existem na prática para se colmatar a causa do empobrecimento social e humano:

Renda Básica de Cidadania (no Brasil fortemente promovido pelo Senador Eduardo Suplicy), Rendimento de Cidadania (em Portugal) e o Basic Income Grant (mundialmente) é uma quantia paga em dinheiro incondicionalmente a cada cidadão que visa garantir a satisfação das suas necessidades básicas. Este é um movimento político e social a tomar forma em diversos países e junto da União Europeia. Tem sido promovido pela Basic Income Earth Network (BIEN) fundada em 1986 como a Basic Income European Network.

O Rendimento de Cidadania o tem-se apresentado como uma solução viável e prática para dar resposta à crise do sistema capitalista manifestada em todos os países. Apesar dos entraves do actual sistema económico limitem a expansão e aplicação destas medidas, esta alternativa é um passo fundamental para a implementação dos princípios básicos do Sistema de Igualdade Monetária, à escala mundial que visa establecer um sistema sustentável de confiança e gestão equitativa em prol do desenvolvimento do potencial humano para todos.


   

 " O simples fato de nascer confere direito à saúde, educação, habitação e construção do futuro. É pela livre participação no progresso humano que pode superar a dor e o sofrimento humano". Partido Humanista, Internacional

Habituámo-nos a sobreviver durante demasiados séculos sob a religião do dinheiro sem percebermos que a Humanidade está a castigar-se a si própria. A nossa responsabilidade é criar um sistema económico-social e político que seja sempre adequado aos problemas da atualidade e uma resposta inclusiva que beneficie toda a população. Estou ciente que o primeiro passo é usar a informação dos estudos sociais, das notícias, das entrevistas daqueles que estão no terreno, das crises da história e inevitávelmente tomarmos a decisão de recriar o dinheiro, desta vez como uma solução prática com vista à gestão igualitária e em senso comum.

... Ou será que temos medo de falar em pobreza porque nos assusta ser contagiados pelo vírus da sobrevivência?
Não será este o primeiro sintoma?