DIA 122: Espelho da mente - entretida com as emoções de vítima e a culpar os outros

quinta-feira, outubro 25, 2012 0 Comments A+ a-


Quando as coisas não correm como eu quero / como eu imaginei, ainda me vejo como uma vítima. E se me vejo como uma vítima, alguém terá de ser o causador/culpado. Por isso, vou estar sempre à procura de culpar alguém, de procurar um motivo que justifique a minha personalidade de Vítima e, ao mesmo tempo, estarei sempre à procura de algo me salve desta vitimização (uma motivação externa, entretenimento, emoções "positivas" reviver momentos do passado, chocolates, imaginar estar com outra pessoa), criando mais separação entre mim e os outros.

Neste processo, o acordo que faço comigo própria é a decisão de parar o abuso próprio e consequentemente parar o abuso na minha relação com o João. Hoje experiênciei uma forte decepção quando as coisas não correram como eu queria: a ideia de uma grande conversa animada, que acabou por ser ocupada pelo silêncio. A minha reação foi prova-viva que eu não consegui aguentar o silêncio - "isto é uma seca" porque não consigo estar em silêncio comigo própria.

"Assusta-me pensar que o nosso casamento vá ser sempre assim". E foi com base neste medo que eu reaji, como se uma reação fosse evitar que o padrão se repetisse...  Foi também nesse momento que a personalidade do "não sei como resolver esta situação" se manifestou, sem me aperceber que só depende de mim MUDAR a relação que tenho comigo própria - porque a minha relação com os outros é um espelho da relação que tenho comigo própria.

Quando a minha mente começa em rodopio de ideias, julgamentos e sequência de pensamentos , significa que estou a procurar justificação para a minha posição de vítima - como se inserisse um Disco que gira sozinho - e estou "viver" um programa mental. Após ter escrito sobre o evento desta tarde, apercebi-me que o que eu queria era ser entretida. Ou seja, a comunicação com o outro era uma forma de distração e, como esse vício não foi saciado, reagi.

Os programas televisivos funcionam como uma aparente estabilidade em que se sabe que o entretenimento é garantido: de manhã com a emoção infantil, depois será a hora da emoção do jornal, finalmente a emoção da telenovela e, quando se está doente em casa, assiste-se à emoção do programa das 3 da tarde.
Com base neste hábito, também me deixei de questionar a minha troca de humores repentinos, em que num momento tudo bate certo e passado 5 minutos já está tudo errado, porque não corresponde à imagem que eu tinha idealizado!

Pensar como as coisas devem ser com base em imagens de perfeição é um programa da mente de constante insatisfação, porque a realidade não é a mente! E a perfeição da mente é puro interesse-próprio.

A reação que surge imediatamente é a de proteção, que consiste na criação de regras e pensar que só assim é que as coisas são - estilo mandar nos outros e dizer aquilo que os outros devem fazer de um ponto de partida de garantir que a minha posição é assegurada, porque enquanto o outro estiver a sentir-se culpado e a ouvir o meu discurso de "como eu quero que as coisas sejam" estou a garantir que o meu interesse-próprio vence e acreditar por momentos que eu sou superior (yeahhh).

Apercebo-me que este mecanismo de criar regras para mim e para os outros é uma forma de evitar ser julgada pelos outros e evitar ser vista como inferior (que é o meu próprio julgamento). Este processo auto-destrutivo com base julgamentos e vitimizações começa em mim, ao limitar a minha expressão com base ideias pré-feitas e suposto conforto que nada faz. Por isso, eu sou responsável por parar esta limitação e stress na minha relação comigo própria que é projectada na relação com os outros.

Sempre que eu tenho uma reação ou culpo o outro pelo que eu estou a sentir, tudo isto vem dos meus próprios julgamentos e medos - e se eu resolver estes julgamentos e medos dentro de mim através da auto-análise, perdão-próprio e aplicação da correção, eu estarei a criar a minha estabilidade e auto-confiança.

O outro ponto a considerar neste momento é a tendência que eu tenho para comparar o que eu faço com o que os outros fazem, em vez de realizar que cada um está a expressar-se por si, sem certos nem errados. Não é certo nem errado estar-se em silêncio à hora da refeição, por exemplo; não é certo ou errado estar-se sozinho ou acompanhado; É a relação comigo própria que tem de ser primeiramente trabalhada e estabilizada.  Por exemplo, posso usufruir do silêncio para me conhecer em silêncio - ou observar as coisas à minha volta; ou simplesmente saborear a comida; ou comunicar com o outro sem esperar uma resposta que aprove ou rejeite o que eu digo.

O desafio é PARAR os julgamentos próprios e a auto-vitimização, e começar a ver os outros como eles são e não somente um reflexo dos nossos próprios olhos que vêm pela mente de hábitos, imagens, ideias e noções de certo e errado, desprezando toda a realidade que existe aqui e QUEM EU SOU REALMENTE.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido culpar o outro pelo incómodo que senti quando estávamos em silencio, porque eu associo o silêncio a "seca", ou a solidão e por isso criei a imagem de "estar com o outro é sinónimo de entretenimento".

Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que, mesmo estando na companhia do outro, eu estou sempre a lidar comigo e o outro funciona como um espelho daquilo que eu ainda me permito participar na mente. Apercebo-me então que, ao estar ciente deste processo de auto-análise, eu estou de facto a dar-me a oportunidade de conhecer os julgamentos, ideias, imagens e medos da mente nos quais eu tenho participado até agora e limitado o meu SER. Apercebo-me que ao ver estes pontos, tenho então a responsabilidade de parar de culpar o outro e dar-me a oportunidade de parar estes julgamentos e medos não são o melhor para mim, --- e assim, tomar a decisão de recriar a minha estabilidade a partir de mim.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar que estar em silêncio é uma seca e que estar sozinha é uma seca. Eu apercebo-me que esta ideia é um julgamento próprio pois estou dizer que eu sou uma seca. Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar e acreditar que eu sou uma seca e que sou chata. Eu apercebo-me que ao escrever isto associo tal ideia aos comentários que ouvia das minhas irmãs mais velhas que eu era chata. Apercebo-me que no entanto, eu fui eu responsável por levar estes comentários a peito e definir-me como tal.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido culpar as pessoas que me chamavam de chata quando eu era mais nova pelo julgamento que eu criei sobre mim própria de ser chata. Eu apercebo-me que, com base neste julgamento, eu tenho andado a permitir participar na excitação de querer parecer ser interessante e fazer coisas interessantes, em vez de realizar que não há nada a provar aos outros. Toda esta energia de sentir-me inferior (desvalorizada) VS querer sentir-me superior (valorizada) só existe na mente e não é real.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido entreter-me com as emoções de vítima e com a cegueira de culpar os outros, sem ver que é a mim que eu estou a prejudicar porque continuo a pensar ser impotente para resolver/parar estas emoções em mim e de facto investigar os padrões da mente dos quais ainda me permito estar "viciada" e pensar que sem estes hábitos as coisas não batem certo.