DIA 222: O stress suprimido

segunda-feira, junho 17, 2013 0 Comments A+ a-



Hoje estou atrasada 30 minutos e já não vou chegar às 09:00. Acordei antes do despertador a pensar que já era demasiado tarde mas, no momento em que vi que afinal era muito cedo, tomei a decisão de ficar na cama até o desperta-dor tocar. Quando ouvi o despertador, fiz snooze e acabei por me levantar à hora que eu devia estar a sair de casa, ou pelo menos estar quase pronta. Aparentemente não há remorsos nem stress mas esta calma aparente é força do hábito de ter lidado com esta situação toda a minha vida. Apercebo-me então que criei este mecanismo de defesa que é a supressão do stress.Curiosamente, o actual relógio na minha cozinha é muito parecido com o relógio que eu tinha na casa onde eu vivi até aos meus 13 anos em Lisboa. Lembro-me de entrar na cozinha e olhar para o relógio na esperança de ser ainda bastante cedo para eu chegar à escola à mesma hora que os meus colegas. Isto deve ter acontecido muito poucas vezes.
Actualmente, embora já não esteja dependente de ninguém que me acorde e me leve à escola, vejo que o hábito ainda existe e eu ainda olho para o relógio como se miraculosamente fosse mais cedo, sem o fazer nada por garantir esta mudança no meu dia-a-dia.

O Problema: 

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido desrespeitar-me ao não cumprir a hora de acordar que eu havia estipulado na noite anterior.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar que eu preciso de uma motivação para além de ir para o emprego de manhã, em vez de ver que esta resistência ou qualquer motivação são tudo paranoias da mente e portanto não são reais.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido habitar-me e acreditar que o stress matinal é normal e que é também normal ter pouco tempo para mim, quando afinal eu vejo que eu sou responsável por me dar tempo e, caso contrário, eu estou a ser responsável por encurtar o meu tempo.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar que eu tenho de ser pontual para agradar os outros (a Professora, o director, o pai, ...).
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido pensar na pontualidade como sendo mais do que aquilo que é mas, devido à minha experiência e "historial" eu acabei por definir a m issão de chegar a horas como sendo difícil.
Eu perdoo-me por não me ter aceite e permitido ver que a resistência para me levantar é mental pois eu vejo como eu sou rápida a criar justificações para ficar mais um bocado na cama.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido "mudar" de ideias de manhã com base no interesse-próprio de ficar na cama, em vez de cumprir com a minha palavra em que havia decidido levantar-me aquela hora para estar tranquila.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido tornar-me no meu próprio inimigo ao criar este tipo de antagonismo entre aquilo que eu decido e aquilo que eu realmente faço, em vez de estar um e igual às minhas palavras nas minhas decisões.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido criar uma relação comigo própria de instabilidade, em que à noite decido acordar às X horas mas no dia seguinte acabo por desprezar a minha decisão - pela primeira vez eu vejo aqui também manifestado o padrão de conflito, em que quando está tudo bem numa relação há a partilha de bens mas quando o momento de viver essa decisão num momento crucial surge (por exemplo numa discussão) começam-se a ver restrições e menos vontade-própria de se partilhar.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido criar desconfiança em mim própria com base no facto de ainda nem sequer conseguir confiar em algo supostamente simples que é o meu acordar de manhã.
Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido associar o "acordar tranquilamente" ao fim-de-semana e portanto permitir haver/criar stress durante a semana por ter de acordar com horários.

Eu perdoo-me por me ter aceite e permitido agarrar-me ao arrependimento em relação às coisas que eu visualizo na minha memória tal como o arrependimento de acordar tarde.

A Solução:

Eu apercebo-me que eu me defini como não sendo pontual e que eu fui alimentado esta ideia em mim, como uma maneira de justificar os meus hábitos. Eu comprometo-me a tomar esta oportunidade para realizar e viver a decisão de me corrigir por mim, incondicionalmente, aqui e agora.
Quando e assim que eu acordo de manhã e me vejo imediatamente a pensar que já estou atrasada, eu páro e respiro. Em vez de alimentar a resistência, eu ajudo-me a estar ciente do meu corpo físico, na cama, a respirar. Eu apercebo-me que a imagem na minha mente de acordar e ver no relógio que já é tarde não passa de uma imagem e que não tem de ter qualquer influencia na minha vida, porque eu tomo direção.

Quando e assim que eu me vejo a imaginar os vários cenários alternativos na minha mente que são diferentes do meu plano inicial, eu páro os cenários da mente e respiro. Eu comprometo-me a criar o meu plano de ação em tempo real e a que a minha ação seja em auto-correção de pontos que ainda limitam a minha expressão e auto-descoberta incondicional.

Quando e assim que eu me vejo a antecipar a experiência de estar atrasada, eu páro e respiro. Eu vejo agora que a minha mente me mostra memórias e que estas memórias são ainda fonte de ansiedade. Eu comprometo-me  parar a antecipação/memória da mente que em nada me ajuda a recriar a minha realidade de modo a criar a minha estabilidade.

Eu apercebo-me que os horário são uma ferramenta para eu me ajudar a gerir o meu tempo da melhor maneira e para o meu benefício.

Quando e assim que eu me vejo a imaginar-me a ficar na cama mais 5 minutos e justificar isso com a ideia que eu irei ser mais rápida de manha, eu páro e respiro. Apercebo-me então que esta ilusão sobre o tempo que eu levo a fazer as coisas  tem sido uma manipulação-própria para servir o "cansaço da mente". Eu serei mais eficaz ao combinar rapidez com soluções práticas a cada momento.

Ilustração 1: A Persistencia da Memória, Salvador Dali